Argentina. Desprezo pelos pobres: duro documento dos Padres na Opção pelos Pobres

Caminhada do último encontro dos Padres na Opção pelos Pobres, agosto de 2018. Foto: Reprodução Facebook

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06 Setembro 2018

Em um documento difundido para analisar, a partir da sua perspectiva, a conjuntura nacional os Padres na Opção pelos Pobres sustentam que “já não podem colocar a culpa nos outros” e “já não há manobra distrativa que possa ocultar o descalabro político, econômico e social ao que conduziram a própria inépcia do governo nacional”. Para os sacerdotes católicos que trabalham em meios populares, tampouco “as fotos de alguns cadernos que não sabemos se existem ou existiram realmente” nem “os bodes expiatórios da herança recebida” nem “os efeitos da situação internacional” podem “ocultar a inépcia” nem dissimular as consequências da política do governo.

O artigo é de Washigton Uranga, publicado por Página/12, 05-09-2018. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

Porque, sustentam, “em pouco meses leiloaram/rifaram bilhões de dólares que queremos saber quem os compraram, ainda que não seja difícil supor quais tenham se beneficiado disso” e agregam que “não nos engana o discurso melodramático do presidente, fingindo dor pelas políticas extremas que se vê ‘obrigado’ a tomar, apelando ao golpe baixo de comparar seu sofrimento com o seu sequestro”.

Os Padres, que produzem seus documentos para se posicionar ante a opinião pública, mas também para explicar aos seus próprios fiéis a conjuntura, criticam as medidas governistas, qualificando-as de “políticas recessivas ditadas pelo FMI e os Estados Unidos” que “favorecem a especulação financeiras enquanto criam as condições necessárias para desarticular o aparato produtivo da Nação e seguir afundando na pobreza boa parte dos nossos concidadãos”.

Asseguram ademais que nas medidas adotadas “fica exposto o desprezo pelos mais pobres” e que, em vista das promessas não cumpridas não podem falar senão de “engano” que contribui a incremente “o enfrentamento entre argentinos”. Criticam “processos judiciais irregulares, presos políticas, subtração de direitos, aumento da repressão das forças de segurança” e denunciam que “nossos bairros seguem inundados pelo tráfico e o consumo de substâncias enquanto se segue desmantelando o Estado para atender essa realidade urgente”.

Para os Padres “as políticas anunciadas e as medidas econômicas tomadas não fazem outra coisa que admitir aquilo ao que se tentava chegar com o ‘gradualismo’: (...) fazer mais ricos aos ricos, custe o que custar”.

E agregam que “essa não é a Pátria que queremos: a pátria da especulação, a pátria submissa, a pátria para alguns poucos”, mas sim que, ao contrário, aspiram a “uma Pátria para todos os que queiram habitar nesse bendito solo, onde todos os que habitam gozem de seus direitos”, uma “Pátria unida por laços de solidariedade, na qual ninguém esteja sobrando e na qual todos possamos nos chamar de irmãos”. Para os Padres essa é a “Pátria que todos os cristãos pedimos quando rezamos ao Pai ‘que se faça sua vontade na terra como no céu’”.

Leia aqui o documento em espanhol.

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