19 Julho 2018
"Nós não podemos aceitar essas posições que seriam negações da história de pessoas sofridas que estavam lutando pela reforma agrária", escreve Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá - PA.
A expressão: Civilização do amor, inaugurada pelo Bem aventurado Paulo VI repercute em nosso meio de discípulos, discípulas, missionários e missionárias de Jesus Cristo, porque trata-se de um novo pensar fundamentado no amor a Deus, ao próximo como a si mesmo, como nos diz Jesus Cristo. Ele quer que construamos algo de novo, de vida sobre a morte.
Muitos foram os massacres contra as pessoas ao longo da história no Brasil. Aqui em nossa região tivemos o massacre de Eldorado dos Carajás, em 1996. São mais de 20 anos de lutas em favor da terra para que seja para todos e não somente para alguns. Deus criou a terra para todos e não pode ser adquirida nas mãos de algumas pessoas.
Nesses dias tivemos em nossa região, Sul e Sudeste do Pará, um candidato a presidente da república que defendeu a ação da PM no massacre de Eldorado dos Carajás. Os MCS colocaram a sua posição. Não é possível uma posição dessas, porque seria uma negação da história dos massacres. É só para relembrar que no dia 17 de abril de 1996, na Curva do S, antes de chegar em Eldorado dos Carajás, 19 trabalhadores rurais sem terra morreram, nos quais 10 morreram com tiros à queima roupa por policiais militares.
Nós não podemos aceitar essas posições que seriam negações da história de pessoas sofridas que estavam lutando pela reforma agrária e naquela ocasião foram duramente reprimidas no BR 155 em Eldorado dos Carajás. Nós precisamos criar a civilização do amor, expressão bíblica, do Senhor Jesus Cristo e assumida pelo bem–aventurado Paulo VI para que reine sempre mais em nossas vidas, nas autoridades políticas, religiosas e também na vida do povo sofrido, de nossas comunidades nas quais celebramos a vida de Jesus Cristo que ainda hoje doa a sua vida por cada um de nós.
Distingamos bem as pessoas que são candidatas para que assim trabalhem pela superação da violência, que tem propostas para que a vida reine sobre a morte favorecendo a vida dos mais necessitados assim como Jesus Cristo anunciou o Reino de Deus aos pobres e curou muitos doentes, expulsando demônios nas pessoas, purificando os leprosos, ressuscitando os mortos. Como Igreja de Jesus Cristo e seguindo as orientações da CNBB que afirma que não se pode eleger pessoas que tem ficha suja, ou que estão sendo julgadas ou já foram julgadas em segunda instância colegiada. Tenhamos presente a cartilha de orientação política. O massacre de Eldorado dos Carajás volta à tona mas deve ser lido a partir daqueles que sofreram a ação, dos que morreram em vista de uma luta em favor da terra.
A civilização do amor seja uma força em nosso proceder rumo a Cristo Jesus, caminho, verdade e vida.
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O Passado não pode ser negado. A civilização do amor acima civilização da morte - Instituto Humanitas Unisinos - IHU