15 Junho 2018
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 4, 26-34 que corresponde ao 11° Domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
A Jesus preocupava-o que os seus seguidores terminassem um dia desalentados ao ver que os seus esforços por um mundo mais humano e ditoso não obtinham o êxito esperado. Esqueceriam o reino de Deus? Manteriam a sua confiança no Pai? O mais importante é que não esqueçam nunca como hão de trabalhar.
Com exemplos tomados da experiência dos camponeses da Galileia anima-os a trabalhar sempre com realismo, com paciência e com uma confiança grande. Não é possível abrir caminhos para o reino de Deus de qualquer forma. Têm de ver como Ele trabalha.
O primeiro que têm de saber é que a sua tarefa é semear, e não colher. Não viverão pendentes dos resultados. Não lhes há de preocupar a eficácia nem o êxito imediato. A sua atenção deverá centrar-se em semear bem o Evangelho. Os colaboradores de Jesus devem ser semeadores. Nada mais.
Depois de séculos de expansão religiosa e grande poder social, os cristãos temos de recuperar na Igreja o gesto humilde do semeador. Esquecer a lógica do colhedor, que sai sempre a recolher frutos, e entrar na lógica paciente do que semeia um futuro melhor.
O início de todo o semear é sempre humilde. Mais ainda, trata-se de semear o projeto de Deus no ser humano. A força do Evangelho não é nunca algo espetacular ou clamoroso. Segundo Jesus, é como semear algo tão pequeno e insignificante como «um grão de mostarda», que germina secretamente no coração das pessoas.
Por isso o Evangelho só se pode semear com fé. É o que Jesus quer lhes fazer ver com as suas pequenas parábolas. O projeto de Deus de fazer um mundo mais humano leva dentro uma força salvadora e transformadora que já não depende do semeador. Quando a Boa Nova desse Deus penetra numa pessoa ou num grupo humano, ali começa a crescer algo que a nós nos transborda.
Na Igreja não sabemos nestes momentos como atuar nesta situação nova e inédita, no meio de uma sociedade cada vez mais indiferente e niilista. Ninguém tem a receita. Ninguém sabe exatamente o que deve fazer. O que necessitamos é procurar caminhos novos com a humildade e a confiança de Jesus.
Tarde ou cedo, os cristãos, sentiremos a necessidade de voltar ao essencial. Descobriremos que só a força de Jesus pode regenerar a fé na sociedade descristianizada dos nossos dias. Então aprenderemos a semear com humildade o Evangelho como início de uma fé renovada, não transmitida pelos nossos esforços pastorais, mas sim gerada por Ele.
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