07 Junho 2018
A crise ecológica revelou que o nosso mundo é um único conjunto, que os nossos problemas são universalmente compartilhados. Isso significa que nenhuma iniciativa ou instituição, nenhuma nação ou sociedade, e nem mesmo a ciência ou a tecnologia, estão em condições de responder sozinhos à crise, sem colaborar estreitamente. Nossa resposta exige a convergência e o impulso comum das religiões, da ciência e da tecnologia, de todos os setores e organizações sociais, bem como de todas as pessoas de boa vontade. O que é necessário é um modelo de cooperação e não um método de competição; temos que trabalhar de forma colaborativa, complementar. Infelizmente, no entanto, hoje estamos testemunhando interesses econômicos e modelos geopolíticos que operam contra essa cooperação no campo da proteção ambiental.
O artigo é do Patriarca Bartolomeu, publicado por L’Osservatore Romano, 05/06- 06-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
Devemos lembrar que a mudança climática é uma questão intimamente ligada ao nosso modelo atual de desenvolvimento econômico. Uma economia que ignora os seres humanos e as necessidades humanas conduz inevitavelmente à exploração do ambiente natural.
Desde o início, salientamos a interconexão entre os problemas sociais e ambientais, bem como a necessidade de enfrentá-los em conjunto e em colaboração. Preservar e proteger o ambiente natural, assim como respeitar e servir os outros seres humanos, são duas faces da mesma moeda. As consequências da crise ecológica - que afetam em primeiro lugar e principalmente as pessoas social e economicamente vulneráveis - constituem uma grave ameaça à coesão social e à integração.
Além disso, há uma estreita ligação entre cuidar da criação e adorar o criador, entre uma economia para os pobres e uma ecologia para o planeta. Quando ferimos pessoas, danificamos a terra. Portanto, nossa ganância extrema e o nosso desperdício excessivo não são apenas inaceitáveis do ponto de vista econômico; também são insustentáveis do ponto de vista ecológico.
Todos nós somos chamados a questionar - mas também a mudar - a nossa forma de consumir, a fim de aprender como preservar para o bem do nosso planeta e para o benefício de seus habitantes. Quando preservamos, reconhecemos que devemos servir uns aos outros. Preservar implica compartilhar a nossa preocupação pela terra e seus habitantes. Indica a capacidade de ver no próximo, em qualquer outra pessoa, o rosto de cada ser humano e, por fim, o rosto de Deus.
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Por uma resposta unitária à crise ecológica. Artigo do Patriarca Bartolomeu - Instituto Humanitas Unisinos - IHU