Por: Vitor Necchi | Tradução: Henrique Denis Lucas | 04 Junho 2018
O ciclo progressista na América do Sul chegou ao fim e está em crescimento uma nova direita, “mais ofensiva e militante que as anteriores”, entende o uruguaio Raúl Zibechi. Ele elenca três fatores para se chegar a esta conjuntura: citando Noam Chomsky, afirma que “os Estados Unidos já não possuem a força para impulsionar golpes e acabam por apoiar as direitas de cada país”; sob governos progressistas, as direitas se tornaram mais fortes; por fim, a incompreensão da esquerda após a crise de 2008 e a reativação dos movimentos populares, e, conforme Zibechi, “quando a esquerda não compreende, põe a culpa na direita, no império e nos meios de comunicação”.
Ao avaliar as possibilidades para um projeto político de esquerda, aponta que o principal limite é o Estado. “O poder estatal é um problema grave que transforma os revolucionários em uma nova burguesia de gestores, que não são proprietários dos meios de produção, mas, a partir do poder, os administram em benefício da nação e de si mesmos”, avalia em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line. No seu entendimento, “as possibilidades da esquerda começariam a surgir se a derrota do 1% que está no topo fosse discutida seriamente. Sem isso, não há nada a ser feito”.
Na atual conjuntura, observa que “a esquerda necessita de um projeto de transformação da sociedade que não passe necessariamente pela ocupação do Estado”. Para Zibechi, “ser de esquerda é assentar as bases éticas e organizacionais para que os movimentos populares perdurem no tempo, ainda que sejam derrotados, o que não é algo negativo”. Ele sugere que a esquerda se desfoque “das agendas eleitorais, algo que está muito longe de passar pela mente dos dirigentes sindicais e dos partidos de esquerda”.
Para Zibechi, o ciclo progressista se caracteriza pelos altos preços das commodities, “que permitiu que os governos pudessem melhorar a situação dos pobres, sem tocar nos interesses dos ricos”. Durou pouco tempo. Ele estima que entre 2008 e 2010, “e a partir desse momento, com a queda dos preços das exportações, toda a estrutura começou a ranger, pois, não havendo mais superávits, os recursos para seguir melhorando a situação dos setores populares começam a ficar escassos, e a direita toma a dianteira”.
Na sua visão, uma nova direita está emergindo no mundo e também na América Latina. Ela “tem uma profunda rejeição a negros e pobres, ainda que aceite a maconha e os gays”. Seu projeto é “muito elitista, muito mais do que a direita de 64, porque aquela queria domesticar os pobres e esta – eles não comentam – quer exterminá-los”. De outro lado, “a esquerda não está nada preparada para enfrentá-la, nem no terreno militante, nem no ideológico”.
Raúl Zibechi | Foto: Susana Rocca - IHU
Raúl Zibechi é escritor, jornalista e pensador-ativista uruguaio, dedicado ao trabalho com movimentos sociais na América Latina. Foi membro da Frente Revolucionária Student - FER, grupo de estudantes ligados ao Movimento de Libertação Nacional - Tupamaros. Em meados dos anos 1980, começou a publicar artigos em revistas e jornais de esquerda (Página Aberta, Egin, Libertação) e meios de comunicação da América Latina (Pagina|12, Argentina, e Mate Amargo, Uruguai). Foi editor do semanário Brecha e ganhou o Prêmio de Jornalismo José Martí por sua análise do movimento social argentino que levou à insurreição de dezembro de 2001. Entre suas publicações mais recentes, estão Latiendo Resistencia. Mundos Nuevos y Guerras de Despojo (Oaxaca: El Rebozo, 2015), Descolonizar el pensamiento crítico y las prácticas emancipatorias (Quimantú, 2014 y Desdeabajo, 2015) e Preservar y compartir. Bienes comunes y movimientos sociales (Buenos Aires: Mardulce, 2013).
Zibechi esteve no Instituto Humanitas Unisinos - IHU na última segunda-feira, 28-05-2018, participando do Ciclo de Estudos A esquerda e a reinvenção da política no Brasil contemporâneo. Limites e Perspectivas. Na oportunidade ministrou a conferência Populismo pós-estrutural e multidão. Possibilidades à reinvenção política brasileira e latino-americana, que pode ser acessada no vídeo a seguir:
Confira a entrevista.
IHU On-Line – O presente se mostra difícil, e o futuro se revela pouco animador. Que conjuntura política é essa e como se chegou a ela?
Raúl Zibechi – É o fim do ciclo progressista e o crescimento de uma nova direita, mais ofensiva e militante que as anteriores. Chegamos a esta conjuntura por três razões.
A primeira é de caráter geopolítico. Diante do declínio hegemônico dos Estados Unidos e a imparável ascensão da China, a ex-superpotência se vê pressionada a disciplinar “as flores do seu quintal”, o que explica as intervenções no Paraguai, com o presidente Fernando Lugo [1], e em Honduras, contra Zelaya [2]. E agora, no Brasil. A rigor, não são golpes do imperialismo, embora no Paraguai tenha ocorrido algo preparado pela Monsanto, com o aval dos Estados Unidos, e no Brasil, a soma de evangélicos, alguns meios de comunicação grandes, a direita brasileira e o empresariado industrial. Como assinala Noam Chomsky [3], os Estados Unidos já não possuem a força para impulsionar golpes e acabam por apoiar as direitas de cada país.
A segunda questão é que, sob os governos progressistas, as direitas se tornaram mais fortes. Ninguém se questiona por que motivos isto ocorreu. Há duas razões básicas: o progressismo não tocou nos interesses materiais das burguesias e fomentou um modelo neoliberal de monoculturas, mineração a céu aberto e especulação imobiliária. O extrativismo fortalece as direitas, tanto no plano material quanto no aspecto cultural, através de uma cultura de consumo que despolitiza.
A terceira é que, logo após a crise de 2008, houve uma reativação dos movimentos populares, no Brasil, em junho de 2013, e o progressismo não foi capaz de entender o que estava acontecendo e posicionar-se à frente de lutas contra a desigualdade. Nesse momento, as chamadas esquerdas se assustaram, pois estavam tão seguras de seu relato, considerando que os pobres estavam satisfeitos com as migalhas do Bolsa Família, que não puderam entender a situação. E quando a esquerda não compreende, põe a culpa na direita, no império e nos meios de comunicação.
IHU On-Line – O que caracteriza o pensamento de esquerda?
Raúl Zibechi – Prefiro falar de pensamento emancipatório, que é uma amálgama entre antipatriarcado, anticapitalismo e anticolonialismo. Porque o machismo, o racismo e o capitalismo são os três grandes problemas que mais fazem nossos povos sofrer, e a dominação é constituída por um perfil de gênero, de cor e de classe. O último aspecto, o desenvolvimento capitalista, está na base da crise ambiental que sofremos, embora o patriarcado também se relacione com a agressão ao meio ambiente.
Acredito que o pensamento da esquerda seja muito mais pragmático e busque melhorar a situação dos oprimidos abordando as três opressões que mencionei. Em todo caso, ambas as correntes – e a emancipatória é muito mais abrangente e profunda – têm em comum uma ética de vida que deveria ser a principal marca identitária de toda pessoa que se organiza em um partido de esquerda ou que participa, digamos, na luta feminista.
No fundo, a ética é a única coisa que nos diferencia dos opressores. No entanto, é muito pouco valorizada neste período em que observamos os dirigentes do partido Podemos, na Espanha, cometendo equívocos ao comprar uma casa de meio milhão de euros, algo que pode acabar com a sua carreira política. O grande drama em que vivemos hoje é que as pessoas da esquerda não vivem de forma distinta das pessoas da direita, pois ambos desejam as mesmas coisas, com a única diferença que uns têm mais acesso aos bens de consumo do que outros.
IHU On-Line – Quais os limites e quais as possibilidades de um projeto político de esquerda?
Raúl Zibechi – O principal limite é o Estado. Nunca fizemos um balanço sério de um século de revoluções. O regime de Stalin [4] foi muito semelhante ao de Pedro I, O Grande, e dos principais czares russos. Os líderes chineses são os novos mandarins. As revoluções africanas instalaram no topo do poder pessoas que vivem de maneira muito semelhante à como viviam os colonizadores. A repressão de Daniel Ortega [5] é muito parecida com a de Somoza [6]. Algo aconteceu e merece uma reflexão bem aprofundada, porque não é mais possível atribuirmos isso aos "desvios" de um ou dois dirigentes.
O poder estatal é um problema grave que transforma os revolucionários em uma nova burguesia de gestores, que não são proprietários dos meios de produção, mas, a partir do poder, os administram em benefício da nação e de si mesmos. Esta nova burguesia não é analisada a rigor, como Charles Bettelheim [7] fez na década de 1970 e, mais recentemente, o português-brasileiro João Bernardo [8], no excelente trabalho Marx crítico de Marx (Afrontamento, 1977).
As possibilidades da esquerda começariam a surgir se a derrota do 1% que está no topo fosse discutida seriamente. Sem isso, não há nada a ser feito. Acredito que a experiência brasileira, que consistiu em conviver com esse 1%, demonstra que este é um caminho equivocado, como Lula parece ter insinuado quando foi levado à prisão.
IHU On-Line – A esquerda precisa se reinventar? Como?
Raúl Zibechi – A esquerda necessita de um projeto de transformação da sociedade que não passe necessariamente pela ocupação do Estado. Para isso, necessita recuperar a ideia de longa data de que a transição do capitalismo para uma sociedade não capitalista requer décadas, se não séculos, e que quem se encontra atualmente no mundo não verá, nem desfrutará dessas mudanças, mas que podemos, sim, colocar a proa deste barco nessa direção. Isso também faz parte de uma ética de vida, porque pressupõe que lutaremos por toda nossa vida, pois acreditamos que devemos viver assim, e não porque o pensamento é o de que nos beneficiaremos com os resultados dessa luta.
Ser de esquerda é assentar as bases éticas e organizacionais para que os movimentos populares perdurem no tempo, ainda que sejam derrotados, o que não é algo negativo. Interiorizamos uma ideia de que a derrota é uma tragédia a ser evitada, o que nos debilita ao extremo. Quais ensinamentos tiramos da derrota do progressismo? Muitos acreditam que, caso Lula [9] seja libertado, encontraríamos agora o candidato ideal. Isso é uma visão de curto prazo que não consegue resolver nenhum dos problemas reais que enfrentamos.
Pergunto-me: como faremos para derrotar o 1%? Sabemos que é necessário, mas como? Quando? Criar as condições para isso implica em um trabalho de grande duração. E isso quer dizer que temos de desfocar das agendas eleitorais, algo que está muito longe de passar pela mente dos dirigentes sindicais e dos partidos de esquerda.
IHU On-Line – É possível mudar o mundo de cima para baixo?
Raúl Zibechi – Penso que não, que isso seja impossível. Mas isso também não é um debate ideológico, entre anarquistas e marxistas, por exemplo. Tenho formação marxista e leninista, mas não posso considerar superficialmente que as revoluções, como a russa, desejaram um desenvolvimento econômico semelhante ao do capitalismo, que consistia em superá-los na produção e no conhecimento, como se essas fossem as chaves do socialismo. Lenin [10] pensava que o socialismo fosse constituído pelos soviéticos mais a eletricidade, e estava fascinado com o taylorismo e o fordismo. Esse é o olhar a partir de cima, desde o Estado.
O Estado é uma máquina cujo maior desejo é a reprodução de si mesma, perpetuando as burocracias civil e militar, que são o núcleo estatal duro. A partir desse lugar, podemos apenas reproduzir o que é existente, mas não transformá-lo, pois é um lugar essencialmente conservador.
IHU On-Line – Líderes políticos formados a partir de um pensamento de esquerda chegaram ao poder em vários países sul-americanos. Eles constituíram governos sintonizados com suas trajetórias políticas?
Raúl Zibechi – As trajetórias eram muito variadas. Alguns provinham de Comunidades Eclesiais de Base - CEBs, outros, de movimentos sindicais ou de movimentos sociais. Outros, de partidos que estiveram vinculados à luta armada na década de 1970. São trajetórias muito heterogêneas para serem englobadas em uma mesma análise. O que elas compartilham, de modo geral, é uma leitura de mundo posterior à queda do socialismo soviético. Crescem e encaminham-se ao governo pela via eleitoral em meio à ofensiva do Consenso de Washington [11], na década de 1990. O que os une é a crença de que o triunfo eleitoral é o único caminho que resta à esquerda, e que, a partir dos governos, poderão tornar as coisas melhores do que as direitas o fizeram. Os resultados estão à mostra.
IHU On-Line – A institucionalização das esquerdas enfraqueceu os movimentos populares?
Raúl Zibechi – Em parte, sim. Mas seria muito simplista atribuir tudo às esquerdas nas instituições. Os próprios movimentos estavam felizes de ter governantes amigos, dando-lhes seu apoio e, em muitos casos, subordinaram-se a esses governos. Muito poucos mantiveram a independência, como o MST [Movimentos dos Trabalhadores Rurais sem Terra], no Brasil. Na Argentina, por exemplo, a imensa maioria dos movimentos que nasceram na década de 1990 terminaram sendo cooptados pelos governos, mas eles nunca resistiram a essa cooptação. Minha impressão é que houve uma perspectiva de curtíssimo prazo e uma baixa formação política.
IHU On-Line – O que foi o ciclo progressista?
Raúl Zibechi – Foi um ciclo de altos preços das commodities que permitiu que os governos pudessem melhorar a situação dos pobres, sem tocar nos interesses dos ricos. Isso funcionou por poucos anos – digamos que entre 2008 e 2010 –, e a partir desse momento, com a queda dos preços das exportações, toda a estrutura começou a ranger, pois, não havendo mais superávits, os recursos para seguir melhorando a situação dos setores populares começam a ficar escassos, e a direita toma a dianteira.
IHU On-Line – Os governos chamados progressistas estabeleceram que relação com os segmentos populares e os movimentos sociais?
Raúl Zibechi – Por um lado, falaram uma linguagem muito semelhante à dos movimentos. Isso foi algo muito importante, porque os segmentos populares não apenas se identificaram com os governos, mas também houve um empoderamento da sociedade por parte dos que estão abaixo – negros, jovens, favelados, mulheres, camponeses, indígenas, e assim por diante. Esta é uma consequência indireta do ciclo progressista: o maior orgulho é a presença dos setores populares na sociedade. É, certamente, a melhor herança.
A pior é ter integrado esses setores através do consumo, através da inclusão financeira, estendendo os cartões de crédito e a bancarização aos setores que estavam por fora do sistema bancário. O consumismo é uma praga, como dizia Pasolini, porque gera conformismo, apatia, des-identifica a cultura oprimida, achatando as diferenças sociais. Durante os governos de Lula, o sistema bancário teve lucros enormes, os maiores em sua história, e isso foi consequência da integração dos pobres ao circuito das finanças. Para mim, foi um desastre, porque quando despertaram do sonho do consumo, estavam endividados e desorganizados, e ali os pentecostais e a direita os pescaram.
IHU On-Line – O senhor escreveu que uma nova direita está emergindo no mundo e também na América Latina. Que direita é esta?
Raúl Zibechi – É uma direita “moderna”, para dizê-lo de alguma forma. Já não é mais aquela direita católica, latifundiária e oligárquica que se manifestava em 1964 contra o governo de João Goulart [12]. Agora, há pessoas como Kim Kataguiri [13], muito reacionário, com o mesmo caráter de Bolsonaro [14], mas com outras nuances. É uma direita que não acredita na democracia, que se formou em universidades inclusive estatais, que está assessorada por think tanks dos Estados Unidos e que tem uma profunda rejeição a negros e pobres, ainda que aceite a maconha e os gays.
Esta direita tem um projeto muito elitista, muito mais do que a direita de 64, porque aquela queria domesticar os pobres e esta – eles não comentam – quer exterminá-los. É uma direita genocida à altura da crise do sistema-mundo ocidental capitalista. É muito mais perigosa, pois maneja as novas tecnologias e aspira eliminar todos os “não integráveis” através de uma guerra civil jurídica, como assinala Giorgio Agamben [15]. A esquerda não está nada preparada para enfrentá-la, nem no terreno militante, nem no ideológico. Eles são uma direita das ruas, capaz de planejar ações de massa ou com pequenos grupos, ou seja, ela é uma direita militante. E eles não se enganam com a democracia, algo que a esquerda não consegue compreender porque segue crendo em um regime no qual os ricos e as classes médias já não acreditam mais.
IHU On-Line – Por que candidatos dissociados de causas populares conseguem se eleger?
Raúl Zibechi – Estamos diante de uma mudança cultural muito importante, de longa duração. Por um lado, o consumismo fez estragos, como eu disse. Mas, por outro, a população percebe que não há grandes diferenças entre a forma em que vivem os políticos de esquerda e os de direita. Viajam em carros semelhantes, vivem nos mesmos bairros, desejam as mesmas coisas. Então, quem são nossos políticos? Nessa confusão, sempre perdemos.
Não sou partidário de atribuir tudo aos meios de comunicação. Os intelectuais que pensam que a Rede Globo manipula as pessoas acreditam que apenas os pobres são influenciáveis, mas eles, acadêmicos, com muitos livros lidos e alguns livros escritos, são uma espécie de “eleitos” que não são influenciáveis e são realmente autônomos. É uma visão elitista que fala muito mal dos intelectuais.
IHU On-Line – A dominação colonial mantém que relação com a maneira como os países latino-americanos se constituíram?
Raúl Zibechi – Sem dúvida. O trabalho de Aníbal Quijano [16] reflete sobre a colonialidade do poder e enfatiza que na América Latina os Estados-nação foram criados sobre a base da diferenciação colonial, sem uma prévia democratização de nossas sociedades – como aconteceu em vários países da Europa, com as revoluções. Aqui deixamos de ser colônia, mas as relações seguiram sendo coloniais. Em meu país, Uruguai, há 10% de afrodescendentes. Não há ministros negros, quase nenhum deputado, não temos juízes negros, muito poucos médicos e quase nenhum ginecologista. No entanto, quase 60% das empregadas domésticas são afrodescendentes. O racismo é algo estrutural, uma herança muito pesada que marca inclusive a geografia urbana. É algo que não é superado em pouco tempo, que é aliviado com a política de quotas e que requer intervenções estruturais muito fortes.
IHU On-Line – A compreensão do genocídio étnico-racial é determinante para se entender a realidade do continente sul-americano e como os mecanismos de exclusão se perpetuam? Por quê?
Raúl Zibechi – Porque genocídio não é algo do passado, segue acontecendo, a cada dia, a cada hora. No Brasil, a imensa maioria dos 60 mil assassinados a cada ano são afrodescendentes, a imensa maioria das mulheres violadas e assassinadas são negras, tal como os jovens. Quem vive nas favelas, quem tem os trabalhos mais mal remunerados, quem não pode mover-se do lugar material e simbólico herdado, são sempre os mesmos: os netos e bisnetos de escravos.
Como mudar isso? Se pensamos que a opressão é consequência de uma assimetria de poder, é evidente que aí está a chave. Mas cuidado, não se trata de poder de Estado, mas de empoderamento, o que as mulheres de baixo chamam “encorpar-se”, tornarem-se fortes umas com as outras. Um longo processo de colocar-se de pé, um processo emancipatório de grande fôlego é o que pode modificar esta desigualdade de poder.
Notas:
[1] Fernando Lugo (1951): ex-bispo católico e político paraguaio, ex-presidente de seu país. Adepto da Teologia da Libertação, Lugo é próximo do brasileiro Frei Betto e admirador de Leonardo Boff e de dom Hélder Câmara. Em 2004, sem divulgar as razões, a Igreja Católica o aposentou do cargo – hoje seu título é o de "bispo emérito". Muitos no Paraguai acreditam que isso se deva à sua militância política. Desde março de 2006, quando liderou uma passeata de 40 mil pessoas contra o projeto de reeleição do presidente Nicanor Duarte e manutenção dos colorados no poder, Fernando Lugo tornou-se uma estrela da oposição. Em dezembro do mesmo ano, anunciou que abandonaria a batina para se dedicar à política e concorrer à presidência do país em 2008 – a lei paraguaia exige a desvinculação. Em seguida, apresentou seu pedido de renúncia à vida religiosa. Em resposta, o Vaticano enviou-lhe uma carta na qual sugeria que ele "refletisse melhor" e abandonasse a pretensão de entrar na política. Por ter efetivado sua renúncia sem esperar a resposta do Vaticano e por manter sua atividade política, recebeu uma suspensão a divinis do papa Bento XVI, ou seja, deixa de exercer as funções eclesiais, embora ainda seja um bispo. Na campanha, disse que faria reforma agrária, respeitando a Constituição, e que pretendia renegociar a maneira como o Paraguai vende a energia elétrica da usina binacional de Itaipu ao Brasil, no sentido de obter "um preço de mercado justo". Prometeu empenhar-se na luta contra a corrupção e favorecer o nacionalismo, no plano econômico. Em 20 de abril de 2008, a esquerda paraguaia festejou a vitória de Lugo, líder da Alianza Patriótica para el Cambio (APC), tirando do poder o Partido Colorado, que durante 35 anos esteve à frente do governo paraguaio. No dia 22 de junho de 2012, o presidente foi destituído do cargo pelo Senado, por 39 votos a 4, depois de um rápido julgamento político em que foi considerado culpado por mau desempenho, sendo substituído pelo vice-presidente Federico Franco. O processo de impeachment durou menos de 36 horas. Embora tenha acatado o veredito, Lugo declarou que considerava o impeachment como um golpe. O vice-presidente Federico Franco assumiu o cargo da presidência do país no mesmo dia da consumação do impeachment. (Nota da IHU On-Line)
[2] José Manuel Zelaya Rosales (1952): conhecido como Mel Zelaya, é um político hondurenho. Eleito presidente da República de Honduras, exerceu o cargo de 27 de janeiro de 2006 a 28 de junho de 2009, quando foi preso em sua residência por tropas da polícia federal e do exército hondurenho, que obedeciam às altas cortes judiciais do país, sendo alegado, para isso, desobediência constitucional. Em seguida, foi enviado para San José, Costa Rica. Considerada por muitos analistas como um golpe de Estado, embora o artigo 239 da Constituição Hondurenha reze que "todo aquele que pretender concorrer à reeleição será completamente afastado da posição que ocupe, no momento, dentro do governo", cláusula pétrea daquela Carta Magna. A ação foi condenada publicamente por vários governos, em especial de países das Américas e da Europa, e instituições multilaterais como a Organização das Nações Unidas e a Organização dos Estados Americanos, que desconsideraram a legislação hondurenha. Nenhum país reconheceu o governo liderado por Roberto Micheletti. (Nota da IHU On-Line)
[3] Noam Chomsky (1928): linguista, filósofo, cientista cognitivo, comentarista e ativista político norte-americano, reverenciado em âmbito acadêmico como "o pai da linguística moderna", também é uma das mais renomadas figuras no campo da filosofia analítica. Chomsky é Professor Emérito em Linguística no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, e teve seu nome associado à criação da gramática ge(ne)rativa transformacional. É também o autor de trabalhos fundamentais sobre as propriedades matemáticas das linguagens formais, tendo seu nome associado à chamada Hierarquia de Chomsky. Seus trabalhos, combinando uma abordagem matemática dos fenômenos da linguagem com uma crítica do behaviorismo, nos quais a linguagem é conceitualizada como uma propriedade inata do cérebro/mente humanos, contribuem decisivamente para a formação da psicologia cognitiva, no domínio das ciências humanas. Além da sua investigação e ensino no âmbito da linguística, Chomsky é também conhecido pelas suas posições políticas de esquerda e pela sua crítica da política externa dos Estados Unidos. Chomsky descreve-se como um socialista libertário. Identifica-se com aquilo que é modernamente compreendido como "anarcossindicalismo", havendo também quem o associe ao anarcocomunismo ou ao comunismo de conselhos. (Nota da IHU On-Line)
[4] Josef Stalin (1878-1953): ditador soviético, líder máximo da URSS de 1924 a 1953 e responsável pela condução de uma política nomeada como stalinismo. Chegou a estudar em um colégio religioso de Tbilisi, capital georgiana, para satisfazer os anseios de sua mãe, que queria vê-lo seminarista, mas logo acabou enveredando pelas atividades revolucionárias contra o regime czarista. Passou anos na prisão e, quando libertado, aliou-se a Vladimir Lenin e outros camaradas, que planejavam a Revolução Russa. Stalin ocupou o posto de secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética entre 1922 e 1953 e, por conseguinte, o de chefe de Estado da URSS durante cerca de um quarto de século. (Nota da IHU On-Line)
[5] Daniel Ortega (1945): político nicaraguense. Foi presidente de seu país entre 1985 e 1990. Voltou ao cargo em 2006. tendo sido reeleito em 2011 e 2016. É membro da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) desde 1962. Com o triunfo da Revolução Sandinista contra o ditador Anastasio Somoza Debayle em 17 de julho de 1979, integrou a Junta do Governo de Reconstrução Nacional, assumindo os cargos de coordenador, chefe do governo e ministro da Defesa. Em 1984, foi eleito presidente da República. Seu primeiro mandato foi caracterizado por uma controversa política de reforma agrária e distribuição de riquezas, além da atuação dos Contras, grupos contrários a seu governo financiados indiretamente pelos Estados Unidos da América, conforme ficaria mais tarde evidenciado no escândalo Irã-Contras. Ortega foi derrotado por Violeta Barrios de Chamorro nas eleições de 1990, mas continuou sendo uma figura importante no cenário político da Nicarágua. Disputou outras duas eleições sem sucesso, em 1996 e 2001, antes de ser novamente eleito presidente em 2006. Em 2011 foi reeleito presidente e novamente em 2016, com mais de 70% dos votos. No país não há limite de mandatos. (Nota da IHU On-Line)
[6] Anastásio Somoza (1896-1956): oficialmente, o 34º e 39º presidente da Nicarágua, mas efetivamente comandou o país como ditador desde 1936 até ser assassinado. Ocupou a presidência da Nicarágua com o apoio dos Estados Unidos, consolidando cada vez mais o seu poder através de perseguição política e repressão, chegando a ficar à frente da Nicarágua durante quase duas décadas. Ao mesmo tempo, foi capaz de acumular uma enorme fortuna que o transformou em um dos homens mais ricos da América Latina, bem como a sua família. (Nota da IHU On-Line)
[7] Charles Bettelheim (1913-2006): economista e historiador francês. Fundador do CEMI (Centre pour l'Étude des Modes d'Industrialisation, ou Centro para o Estudo de Modos de Industrialização) na Sorbonne, foi também consultor económico em governos de vários países em desenvolvimento durante a descolonização. Foi muito influente na Nova Esquerda Francesa e é considerado "um dos mais notáveis marxistas do mundo capitalista". (Nota da IHU On-Line)
[8] João Bernardo Maia Viegas Soares (1946): militante político português, escritor e ensaísta autodidata. Tem se dedicado à pesquisa em torno da crítica ao capitalismo, tais como o fascismo e seus desenvolvimentos contemporâneos; da formação do capitalismo a partir do desenvolvimento do regime senhorial da Idade Média; do sindicalismo; da teoria e da prática da administração; da teoria do Estado; da exploração do trabalho e dos métodos de organização do trabalho; e da história do movimento operário. Ele se filia, desde que se afastou do estalinismo maoísta, por volta de 1973, a uma tradição do pensamento marxista que tem suas origens no comunismo de conselhos representado por Karl Korsch, Anton Pannekoek, Herman Gorter, entre outros, no início do século 20. Apresenta uma visão crítica do capitalismo em várias obras, bem como do sistema soviético, qualificado por ele como capitalismo de estado. Uma de suas teses é a teoria da classe dos gestores, que seria, no campo da teoria social marxista, uma outra classe social além da burguesia e do proletariado. (Nota da IHU On-Line)
[9] Luiz Inácio Lula da Silva (1945): Trigésimo quinto presidente do Brasil, cargo que exerceu de 2003 a 1º de janeiro de 2011. É cofundador e presidente de honra do Partido dos Trabalhadores – PT. Em 1990, foi um dos fundadores e organizadores do Foro de São Paulo, que congrega parte dos movimentos políticos de esquerda da América Latina e do Caribe. Foi candidato a presidente cinco vezes: em 1989 (perdeu para Fernando Collor de Mello), em 1994 (perdeu para Fernando Henrique Cardoso) e em 1998 (novamente perdeu para Fernando Henrique Cardoso) e ganhou as eleições de 2002 (derrotando José Serra) e de 2006 (derrotando Geraldo Alckmin). Lula bateu um recorde histórico de popularidade durante seu mandato, conforme medido pelo Datafolha. Programas sociais como o Bolsa Família e Fome Zero são marcas de seu governo, programa este que teve seu reconhecimento por parte da Organização das Nações Unidas como um país que saiu do mapa da fome. Lula teve um papel de destaque na evolução recente das relações internacionais, incluindo o programa nuclear do Irã e do aquecimento global. É investigado na operação Lava-Jato e foi denunciado em setembro de 2016 pelo Ministério Público Federal (MPF), apontado como recebedor de vantagens pagas pela empreiteira OAS em um tríplex do Guarujá. No dia 12 de julho de 2017, Lula foi condenado pelo juiz federal Sérgio Moro, em primeira instância, a nove anos e seis meses de prisão em regime fechado por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. No dia 24 de janeiro de 2018, por unanimidade, os três desembargadores da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região confirmaram a condenação de Lula, elevando a pena para 12 anos e um mês de prisão. No dia 7 de abril de 2018 Lula, após mandado de prisão expedido pelo judiciário, entregou-se à Polícia Federal onde se mantém sob custódia na Superintendência do órgão em Curitiba. (Nota da IHU On-Line)
[10] Lenin [Vladimir Ilyich Ulyanov] (1870-1924): revolucionário russo, responsável em grande parte pela execução da Revolução Russa de 1917, líder do Partido Comunista e primeiro presidente do Conselho dos Comissários do Povo da União Soviética. Influenciou teoricamente os partidos comunistas de todo o mundo. Suas contribuições resultaram na criação de uma corrente teórica denominada leninismo. (Nota da IHU On-Line)
[11] Consenso de Washington: conjunto de medidas composto por dez regras básicas, formulado em novembro de 1989 por economistas de instituições financeiras baseadas em Washington D.C., como o FMI, o Banco Mundial e o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, fundamentadas num texto do economista John Williamson, do International Institute for Economy, e que se tornou a política oficial do Fundo Monetário Internacional em 1990, quando passou a ser "receitado" para promover o "ajustamento macroeconômico" dos países em desenvolvimento que passavam por dificuldades.(Nota da IHU On-Line)
[12] João Belchior Marques Goulart (1919-1976): também conhecido como Jango, foi presidente do Brasil de 1961 a 1964, tendo sido também vice-presidente, de 1956 a 1961 – em 1955, foi eleito com mais votos que o próprio presidente, Juscelino Kubitschek. Seu governo é usualmente dividido em duas fases: fase parlamentarista (da posse, em janeiro de 1961, a janeiro de 1963) e fase presidencialista (de janeiro de 1963 ao golpe militar de 1964). Jango fora ainda ministro do Trabalho entre 1953 e 1954, durante o governo de Getúlio Vargas. Foi deposto pelo golpe militar do dia 1º de abril de 1964 e morreu no exílio. Confira a entrevista "Jango era um conservador reformista", com Flavio Tavares, de 19-12-2006; João Goulart e um projeto de nação interrompido, com Oswaldo Munteal, de 27-8-2007. Confira também as entrevistas com Lucília de Almeida Neves Delgado intitulada O Jango da memória e o Jango da História, publicada na edição 371 da IHU On-Line, de 29-8-2011, e Dúvidas sobre a morte de Jango só aumentam, de 5-8-2013. Veja ainda João Goulart foi, antes de tudo, um herói, com Juremir Machado, de 26-8-2013, e Comício da Central do Brasil: a proposta era modificar as estruturas sociais e econômicas do país, com João Vicente Goulart, de 13-3-2014. (Nota da IHU On-Line)
[13] Kim Kataguiri (1996): ativista nascido em Salto (SP), conhecido por ser co-fundador e coordenador do Movimento Brasil Livre – MBL. (Nota da IHU On-Line)
[14] Jair Bolsonaro (1955): militar da reserva e deputado federal nascido em Campinas (SP). De orientação política de extrema direita, conservadora e nacionalista, cumpre sua sétima legislatura na Câmara Federal. Em janeiro de 2018, anunciou sua filiação ao Partido Social Liberal (PSL), o nono partido político de sua carreira. Foi o deputado mais votado do estado do Rio de Janeiro nas eleições gerais de 2014. Ficou conhecido pela luta contra os direitos LGBT, pela defesa da ditadura e da tortura. Seus embates contra os direitos humanos são constantes. Suas declarações controversas já lhe renderam cerca de 30 pedidos de cassação e três condenações judiciais, desde que foi eleito deputado em 1989. Documentos produzidos pelo Exército Brasileiro na década de 1980 mostram que os superiores de Bolsonaro o avaliaram como dono de uma "excessiva ambição em realizar-se financeira e economicamente". Segundo o superior de Bolsonaro na época, o coronel Carlos Alfredo Pellegrino, "[Bolsonaro] tinha permanentemente a intenção de liderar os oficiais subalternos, no que foi sempre repelido, tanto em razão do tratamento agressivo dispensado a seus camaradas, como pela falta de lógica, racionalidade e equilíbrio na apresentação de seus argumentos". É notório o seu machismo, como evidenciam as agressões e ofensas direcionadas a suas colegas parlamentares. Seu desrespeito à condição feminina não poupou nem a filha. Em abril de 2017, em um discurso no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro, Bolsonaro fez uma menção à caçula, então com seis 6 anos: “Eu tenho cinco filhos. Foram quatro homens, aí no quinto eu dei uma fraquejada e veio uma mulher". Em uma entrevista para a revista Playboy, em junho de 2011, sua agressividade dirigiu-se aos gays: "Seria incapaz de amar um filho homossexual". Ainda disse preferir que um filho "morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí". Em abril de 2017, durante um discurso no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro, afirmou que acabará com todas as terras indígenas e comunidades quilombolas do Brasil caso seja eleito presidente em 2018. Também disse que terminará com o financiamento público para ONGs: "Pode ter certeza que se eu chegar lá não vai ter dinheiro pra ONG. Se depender de mim, todo cidadão vai ter uma arma de fogo dentro de casa. Não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou pra quilombola". (Nota da IHU On-Line)
[15] Giorgio Agamben (1942): filósofo italiano. É professor da Facolta di Design e arti della IUAV (Veneza), onde ensina Estética, e do College International de Philosophie de Paris. Formado em Direito, foi professor da Universitá di Macerata, Universitá di Verona e da New York University, cargo ao qual renunciou em protesto à política do governo estadunidense. Sua produção centra-se nas relações entre filosofia, literatura, poesia e, fundamentalmente, política. Entre suas principais obras estão Homo Sacer: o poder soberano e a vida nua (Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2002), A linguagem e a morte (Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2005), Infância e história: destruição da experiência e origem da história (Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2006); Estado de exceção (São Paulo: Boitempo Editorial, 2007), Estâncias – A palavra e o fantasma na cultura ocidental (Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2007) e Profanações (São Paulo: Boitempo Editorial, 2007). Em 4-9-2007, o sítio do Instituto Humanitas Unisinos – IHU publicou a entrevista Estado de exceção e biopolítica segundo Giorgio Agamben, com o filósofo Jasson da Silva Martins. A edição 236 da IHU On-Line, de 17-9-2007, publicou a entrevista Agamben e Heidegger: o âmbito originário de uma nova experiência, ética, política e direito, com o filósofo Fabrício Carlos Zanin. A edição 81 da publicação, de 27-10-2003, teve como tema de capa O Estado de exceção e a vida nua: a lei política moderna. Em 30-6-16, o professor Castor Bartolomé Ruiz proferiu a conferência Foucault e Agamben. Implicações Ético Políticas do Cristianismo, que pode ser assistida aqui. De 16-3-2016 a 22-6-2016, Ruiz ministrou a disciplina de Pós-Graduação em Filosofia e também validada como curso de extensão através do IHU intitulada Implicações ético-políticas do cristianismo na filosofia de M. Foucault e G. Agamben. Governamentalidade, economia política, messianismo e democracia de massas, que resultou na publicação da edição 241ª dos Cadernos IHU Ideias, intitulado O poder pastoral, as artes de governo e o estado moderno. Em 23 e 24-5-2017, o IHU realizou o VI Colóquio Internacional IHU – Política, Economia, Teologia. Contribuições da obra de Giorgio Agamben, com base sobretudo na obra O reino e a glória. Uma genealogia teológica da economia e do governo (São Paulo: Boitempo, 2011. Tradução de: Il regno e la gloria. Per una genealogia teológica dell’ecconomia e del governo. Publicado originalmente por Neri Pozza, 2007). Saiba mais aqui. (Nota da IHU On-Line)
[16] Aníbal Quijano (1928): sociólogo peruano e pensador humanista, conhecido por ter desenvolvido o conceito de "colonialidade do poder". Seu trabalho tem sido influente nas áreas de estudos pós-coloniais e da teoria crítica. (Nota da IHU On-Line)
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Ciclo progressista chegou ao fim e está em crescimento uma nova direita. Entrevista especial com Raúl Zibechi - Instituto Humanitas Unisinos - IHU