15 Mai 2018
Vários bispos, um comediante e até mesmo o presidente da República Federal alemã manifestaram-se por ocasião do Katholikentag [1] sobre o debate relativo ao acolhimento para a comunhão de cônjuges evangélicos. Mas também há a opinião da base.
A reportagem é de Norbert Zonker e Christopher Beschnitt, publicada por www.domradio.de, 13-05-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
A questão da comunhão compartilhada para casais mistos teve um inesperado destaque pelo fato que a reunião dos bispos alemães no Vaticano ocorreu poucos dias antes do Katholikentag. No evento de Münster o tema foi abordado em todos os eventos, embora não tivesse sido planejado nenhum fórum específico. Em vez de um diálogo entre bispos com posições diferentes, aconteceram muitos monólogos, nos quais os tons foram moderados.
Ao lado do tema específico da situação das famílias envolvidas, o conflito também tem outras facetas: a cultura do diálogo, a Conferência Episcopal Alemã, o envolvimento da Igreja universal, as repercussões sobre o ecumenismo. O Presidente da República Federal da Alemanha enviou de imediato um sinal em seu discurso de abertura, como "cristão evangélico praticante que vive em um casamento misto": "Tenho certeza que milhares de cristãos de casamentos mistos esperam por isso."
Mas durante a missa no dia da Ascensão, não se aproximou da comunhão.
Menos consideração reservou o comediante Eckart von Hirschhausen em uma mesa redonda com o cardeal de Colônia Rainer Woelki, um dos sete bispos que consideram errada a decisão tomada por maioria pela Conferência episcopal e que enviaram suas dúvidas a Roma. Von Hirschhausen disse que para a sua esposa, católica, ele paga a taxa para a Igreja, por isso quer "ou a hóstia, ou o dinheiro de volta." O cardeal respondeu que a escolha daquelas palavras indica que existe um modo fundamentalmente diferente de entender a comunhão. No dia seguinte, o comediante pediu desculpas por sua "escolha de palavras", afirmando que não tinha a intenção de ofender os sentimentos religiosos de ninguém.
Woelki também rejeitou a acusação de ter agido pelas costas da Conferência episcopal.
O bispo de Bamberg, Ludwig Schick, disse lamentar pelas incertezas suscitadas pelo conflito. Ele declarou ter assinado uma carta enviada a Roma, que se tornou por indiscrição de conhecimento público, porque, como bispo pertencente à Igreja universal, considera importante que exista uma regulamentação válida em todos os países. Uma declaração semelhante veio do bispo de Passau, Stefan Oster.
O Presidente do Comitê dos Católicos Alemães (Zentralkomiteeder deutschen Katholiken, ZdK), Thomas Sternberg, criticou o fato de que as decisões tomadas por maioria da Conferência Episcopal tenham sido bloqueadas por uma minoria. "A carta enviada a Roma, em minha opinião, documenta a distância de alguns bispos de prática pastoral difundida também em suas comunidades." O presidente da Conferência Episcopal, Cardeal Reinhard Marx, evitou jogar lenha na fogueira. "Não queremos comunicar entre nós através da mídia, mas falar uns com os outros."
A intenção é procurar possivelmente a maior concordância.
Até mesmo o "bispo para o ecumenismo" Gerhard Feige expressou-se com cautela, dizendo que os bispos sabem o que é praticado nas paróquias e que existem muitas pessoas "à espera de uma palavra de encorajamento e de confirmação". Ao site Vatican News ele disse que não saberia dizer se vai haver uma nova votação. "Máxima harmonia possível não significa necessariamente unanimidade!"
Birgit Leyerer não entende que exista alguma discussão sobre a possibilidade de se aproximar da comunhão. Teme, ao contrário, que alguns casais até sejam estimulados a se afastar da igreja. Ela é católica, seu marido Frank protestante. Ambos estão envolvidos na rede ecumênica de casais e famílias e desejam promover o diálogo entre as diferentes confissões. Os Leyerer consideram as suas diferenças confessionais como um enriquecimento. Entre outras coisas, em um casal misto, eles explicam, aprende-se até mesmo a questionar e esclarecer a própria fé e os próprios hábitos. E a partir disso surgem muitas impressões totalmente novas. Eles afirmam que na base é totalmente normal o comportamento que supera a diferença confessional. Frequenta-se naturalmente com o companheiro a “outra” igreja e recebe-se a hóstia. Discussões aprofundadas sobre a forma de entender a comunhão provocam reações negativas.
Os bispos podem até manter os tons moderados, mas a base não pensa da mesma maneira.
[1] Nota de IHU On-Line: tradicional evento dos católicos alemães realizado anualmente e que neste ano celebra a edição 101 – Conforme disponível aqui.
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No Katholikentag, sobre o acolhimento para a comunhão de cônjuges de casamentos mistos, os bispos realizam monólogos e conservam tons moderados - Instituto Humanitas Unisinos - IHU