11 Mai 2018
Um grupo católico de Pittsburgh, Estados Unidos, endossou uma campanha local chamada Stop Banking the Bomb e se manifestou no dia 24 de abril para incentivar o banco PNC a desinvestir em armas nucleares.
A reportagem é de Maria Benevento, publicada por National Catholic Reporter, 10-05-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Os membros da Associação de Padres de Pittsburgh, que se descreveu em uma nota à imprensa, no dia 24 de abril, como uma “organização diocesana de mulheres e homens ordenados e não ordenados que põem em prática o nosso chamado batismal a serem padres e profetas”, estavam entre um grupo de 15 a 20 pessoas que se manifestaram do lado de fora de uma reunião de acionistas do PNC.
“A Associação de Padres de Pittsburgh procura pressionar o PNC apoiando campanhas públicas de informação e ações diretas não violentas, no esforço de convencer o PNC a abandonar o envolvimento nocivo no financiamento da produção e da manutenção de armas nucleares”, diz o comunicado de imprensa.
De acordo com o comunicado, a Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (ICAN) classifica o PNC na posição 68 dos 226 bancos em sua lista de instituições financeiras que estão mais envolvidos no financiamento de armas nucleares.
Enquanto o grupo protestava do lado de fora, o Pe. Bernard Survil, da diocese de Greensburg, Pensilvânia, o advogado Ron Read e o professor de Física da Universidade Estadual da Pensilvânia Peter Deutsch, participavam da reunião de acionistas e levantaram preocupações sobre o financiamento de armas nucleares durante a sessão de perguntas e respostas. Eles haviam sido admitidos como procuradores das Irmãs Felicianas.
Durante seu depoimento, Survil ressaltou que a imagem do banco pode ser prejudicada por sua associação com as armas nucleares, especialmente pelo fato de a Igreja Católica estar se opondo mais às armas nucleares.
“Eu simplesmente comecei dizendo que todos nós vimos aquelas pessoas do lado de fora com seu piquete e seus cartazes”, disse Survil ao NCR. “Deveríamos entender que não são apenas algumas pessoas aqui na área do distrito que estão preocupadas com isso, mas o mundo está preocupado, porque em julho passado havia 122 nações que assinaram um acordo com a ONU para trabalhar pela abolição das armas nucleares em nível mundial.”
“Eu disse que, quando as pessoas nas nossas Igrejas Católicas se preocupam com aquilo que a nossa Igreja Católica está dizendo que está de fato acontecendo em nível mundial, o PNC não se preocupa com a imagem do PNC de ser um financiador de armas nucleares?”, acrescentou Survil. “E eu deixei essa questão no ar.”
De acordo com um relatório do jornal Pittsburgh Post-Gazette, o presidente e CEO do PNC, William Demchek, não negou que a empresa investiu dinheiro em produtores de armas nucleares, mas contestou o valor em dólares citado pelos interrogadores e apontou que as empresas também fazem outros produtos.
O jornal também informou que Demchek elogiou as empresas e disse que o banco não estava planejando “se retirar” dos investimentos ou “tomar uma posição” sobre a questão, deixando a política nuclear para o governo.
Demchek também disse que não estava ouvindo preocupações generalizadas sobre as armas nucleares, segundo Survil, uma resposta que não surpreendeu o padre nem lhe pareceu imprecisa.
Embora os papas recentes tenham condenado o uso de armas nucleares, e o Papa Francisco criticou recentemente sua mera posse, essa atitude não é comum na Igreja nos Estados Unidos, disse Survil. “No topo, temos um claro consenso entre os papas recentes. Quando você entra em impérios como os Estados Unidos da América, as pessoas não querem ouvir a respeito disso.”
A Associação de Padres de Pittsburgh e outras instituições estão tentando mudar essa dinâmica, tanto com a ação na reunião de acionistas, quanto com as próximas três exibições do filme The Nuns, the Priests, and the Bomb [As Freiras, os Padres e a Bomba] em vários espaços católicos de Pittsburgh e nas proximidades.
O grupo também não está sozinho em seus esforços para se opor às armas nucleares, disse Survil. Eles se inspiraram tanto na ICAN quanto no grupo Kings Bay Ploughshares, sete ativistas que permanecem na prisão na Geórgia depois de invadirem uma instalação de submarinos nucleares com martelos e mamadeiras com o próprio sangue.
A ICAN, em particular, tem uma campanha chamada Don’t Bank on the Bomb [Não Banque a Bomba], que incentiva o desinvestimento em armas nucleares em todo o mundo. Embora ela tenha tido algum sucesso, Survil ressaltou que, dentro dos Estados Unidos, as armas nucleares nem sempre estão no radar das pessoas, mesmo para grupos que se concentram em investimentos éticos.
Embora as ordens religiosas sejam mais rápidas para mudar, acrescentou Survil, as dioceses demoram para levar em consideração o desinvestimento, e ele não ficaria surpreso se muitos fundos de aposentadoria de padres estivessem parcialmente investidos em armas nucleares.
“Se pudéssemos fazer com que eles abrissem os olhos e olhassem, acho que isso abalaria os fundamentos da indústria”, disse.
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EUA. Católicos pressionam banco para desinvestir em armas nucleares - Instituto Humanitas Unisinos - IHU