06 Outubro 2017
Bologna comemorou seu padroeiro, São Petrônio. Uma festa diferente das tradicionais, uma vez que o arcebispo Matteo Maria Zuppi entregou, em vista ao encerramento do Congresso Eucarístico Diocesano, a Carta Pastoral que contém as diretrizes da Igreja de Bolonha para os próximos anos. O título do texto “Porventura não ardia em nós o nosso coração?” é uma citação do Evangelho de Lucas e refere-se ao episódio dos discípulos de Emaús, ao momento em que reconhecem no misterioso companheiro de viagem, Jesus. Tomando como ponto de inspiração essa passagem, Zuppi pediu à comunidade cristã de estar aberta ao encontro e caminhar com os migrantes para ampliar a dimensão do acolhimento.
A reportagem é de Catherine Dall'Olio, publicada por Avvenire, 05-10-2017. A tradução é de Luisa Rabolini.
Por isso, na carta entregue durante a tarde na praça aparece uma ampla metáfora dos pórticos, característica da cidade, que não são um espaço desperdiçado, mas um lugar onde o encontro de concretiza porque é protegido e constante.
São Petrônio foi eleito bispo dessa diocese em 432 e, recém-chegado, preocupou-se em reconstruir a cidade, destruída por ordem do imperador Teodósio I, que a tinha punido por ter se rebelado contra sua autoridade. É por isso que, entre os muitos santos de Bolonha, a ele é que foi dada a tarefa de protegê-la. "Proteger significa oração, paixão, interesse, serviço e inteligência, para que a cidade sempre tenha como centro o homem, não seja uma praça anônima de tantas solidões, mas um lugar espaçoso, acolhedor, de encontro, não de confronto, de crescimento e amor pelo valor que existe em cada homem, de palavras e cultura, não de estrilos e gritarias que vão direto ao coração", disse o arcebispo Zuppi aos fiéis reunidos na Basílica de São Petrônio.
A cidade ainda mostra os sinais da recente visita do Papa Francisco. “Ele não se poupou! Agradecemos a ele pela energia investida para aproximar a todos, para mostrar a cada um o sinal de proximidade e para lançar com fartura a semente da Palavra de Deus", continuou o prelado.
Em seu discurso, o arcebispo chamou a atenção também sobre o almoço com os pobres e o Papa, que aconteceu no domingo passado na própria Basílica. Uma decisão, a de usar a igreja, que tem causado bastante polêmica. "Estavam lá os nossos idosos que muitas vezes não são mais de ninguém, abandonados assim à tortura que é a solidão e experimentaram domingo o melhor dia de suas vidas - lembrou Zuppi. Estavam os sem-teto, os portadores de deficiências, os detentos".
Então Zuppi ofereceu algumas indicações concretas. "Eu gostaria de recomendar duas palavras para que a Igreja seja realmente mãe fértil e atenciosa: comunhão e esperança - disse. A comunhão é confiada a cada um de nós. Ninguém é um espectador da comunhão, todo mundo tem que doá-la e recebê-la, ninguém tem o direito de humilhá-la ou usá-la para si em nome de sua verdade ou seu ponto de vista. Apenas na comunhão poderemos ser missionários".
E depois tem a esperança. "É preciso homens de esperança que acreditem na luz quando há escuridão, dispostos a semear a bondade entre a maldade, a construir com perseverança a amizade quando há divisão, dar tudo pela Igreja", concluiu .
Como todos os anos, à noite, aconteceu a procissão com as relíquias do santo e, terminada a parte religiosa, voltou-se à dimensão do entretenimento com os sbandieratori petronianos (que fazem malabarismos com as bandeiras, ndt). O concerto com a participação do Piccolo Coro Mariele Ventre do Antoniano, dirigido por Sabrina Simoni, encerrou o dia junto com o show de fogos de artifício.
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Zuppi: chamados a abrir-nos ao encontro com o migrante - Instituto Humanitas Unisinos - IHU