Dez anos depois de Aparecida, Carriquiry: ali nasceu o pontificado de Bergoglio

Documento de Aparecida. | Foto: Livraria Loyola

Mais Lidos

  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • Dilexi Te: a crise da autorreferencialidade da Igreja e a opção pelos pobres. Artigo de Jung Mo Sung

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

02 Junho 2017

"A primeira coisa que se percebia era um sentimento de profunda fraternidade entre colegas. A nossa Igreja superava tensões, polarizações e tendia a ganhar, graças ao Espírito Santo, uma maior comunhão, uma unidade mais serena". O professor Guzman Carriquiry, Vice-Presidente da Comissão Pontifícia para a América Latina, estava ao lado do então Cardeal de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio, quando em Aparecida (Brasil), dez anos atrás foi realizada a V Conferência Geral do episcopado latino-americano. O futuro Papa era o presidente da Comissão de redação do "Documento Final" desse evento eclesial - do qual comemoramos o décimo aniversário nesses dias - que foi crucial tanto para a Igreja na América Latina como para a restante, cujos reflexos estão vivos no atual pontificado.

A reportagem é publicada por La Stampa-Vatican Insider, 30-05- 2017.

“Fala-se que, basicamente, a Evangelii gaudium é quase a evolução universal do documento de Aparecida ligado à Igreja latino-americana", afirma Carriquiry em entrevista à Rádio Vaticano. "Certamente há vasos comunicantes muito fortes entre Aparecida e a Evangelii gaudium. O Papa às vezes – de forma um pouco séria, um pouco jocosa - conta que a Evangelii gaudium é uma mistura entre o Documento de Aparecida e a Evangelii nuntiandi do Beato Paulo VI. Não: eu acredito que é muito mais que isso! É o documento de um pastor que se tornou pastor universal e, portanto, ele retoma muitos critérios fundamentais de Aparecida e os propõe para a Igreja universal, mas, ao mesmo tempo, retoma o Magistério dos Pontífices anteriores”, ressalta o vice-presidente da Comissão para a América Latina.

Na entrevista para a emissora, relembra aqueles dias de trabalho "sinodal": "Os resultados – relata - no início pareciam muito caóticos: lembro que eu fiquei muito ansioso por isso. O Cardeal Bergoglio repetia continuamente que deveríamos continuar a recolher tudo o que estavam produzindo os bispos e aceitar os tempos através dos quais nos conduzia o Espírito Santo. E, de fato, no final, os bispos escreveram no documento: "O Espírito Santo nos conduziu lenta, mas firmemente, até o fim".

"Aparecida foi aquele tempo de graça através do qual a Providência de Deus levou Jorge Mario Bergoglio à Sé de Pedro", explica Guzman Carriquiry, bem como o evento do qual nasceu uma extraordinária sintonia entre Bento XVI e o arcebispo de Buenos Aires. "O Papa Bento fez a abertura e deu a orientação inicial de Aparecida, Bergoglio retomou tudo junto com os bispos, e conduziu os trabalhos até sua conclusão, dando-lhe a consistência, o perfil próprio de autoconsciência eclesial latino-americana".

Também a partir de Aparecida nasceu o "discipulado missionário", mostrando e propondo "um povo que é discípulo e missionário de Cristo e que enfrenta toda a realidade da América Latina sob esse olhar cristão e pastoral."

Leia mais