Por: Ricardo Machado | 12 Março 2017
Considerado um dos teóricos que pensaram o Brasil a partir de suas próprias potencialidades e contradições, Darcy Ribeiro faz parte do grupo dos intérpretes de nosso país. Darcy era um utópico, mas deu passos concretos importantes em direção a garantias básicas, como a construção de escolas no Rio de Janeiro e a defesa política e acadêmica aos povos indígenas e à população negra. “Ele viu que éramos um país que marginalizava seu povo, que é o maior patrimônio que um país pode ter, e que não investia para que se desenvolvesse autonomamente”, relata Paulo Ribeiro, sobrinho e parceiro intelectual de Darcy, em entrevista por telefone à IHU On-Line.
Fundador da Universidade de Brasília – UnB, Darcy acreditava que o nervo ético da sociedade estava na universidade. “Havia uma responsabilidade política e não meramente científica. A universidade deveria, internamente, apresentar soluções para o desenvolvimento autônomo e soberano do país”, ressalta Paulo. “A fé de Darcy no povo brasileiro, de que nossa mestiçagem só trouxe ganhos, e no desenvolvimento da educação, poderá germinar aqui a mais bela província da terra, pautada pela generosidade, felicidade e justiça social”, pontua.
Paulo Ribeiro | Foto: Reprodução - YouTube
Paulo Ribeiro é sociólogo formado pela Universidade Federal Fluminense – UFF. Há dez anos é presidente da Fundação Darcy Ribeiro, tendo sido assessor de Darcy durante seus últimos 17 anos de vida, tendo-o acompanhado no governo do Rio de Janeiro e Senado Federal. Foi um dos idealizadores e fundadores da TV Escola e da Rede Minas de Televisão e foi secretário de Meio Ambiente de Montes Claros-MG.
Confira a entrevista.
IHU On-Line – Como era a família em que nasceu Darcy Ribeiro? Como foi sua infância e seus anos de juventude?
Paulo Ribeiro – Por parte materna, a família de Darcy era muito simples, a família Silveira, originária de Mato Verde, próximo a Montes Claros, MG. Do lado paterno, tratava-se da família tradicional da cidade, industriais e políticos economicamente muito importantes à época. A questão fundamental é que quando o pai de Darcy morreu, em 1927, ele tinha três anos de idade. Sua mãe e o irmão não herdaram nada do pai e foram morar com os avós maternos, pois perderam, inclusive, a casa onde moravam, passando a ter uma vida muito simples.
Na época, sua mãe, conhecida como Dona Fininha, aos 26 anos, passou a fazer biscoitos para vender e manter a família e ainda sustentar seus dois irmãos mais jovens. Darcy cresceu em uma cidade de 20 mil habitantes, brincando com os moleques e passou a infância entre córregos e a poeira da rua. Ele só despertou para o lado intelectual a partir dos 12 anos, quando descobre a biblioteca de seu tio Plínio, que era deputado federal da família Ribeiro. Darcy começa a ler aquela biblioteca toda e já com 17 anos se muda para Belo Horizonte para estudar medicina.
IHU On-Line – Ele foi para Belo Horizonte estudar medicina, mas acabou se interessando pelas ciências sociais. Ele comentava sobre o porquê de ter dado essa guinada na própria carreira ainda na juventude?
Paulo Ribeiro – Na verdade Darcy se apaixonou pelos gregos, afinal ele nunca tinha ouvido falar sobre isso em sua cidade, e lia compulsivamente. Seu professor Amílcar [1], que era um militante do Partido Comunista, faz sua cabeça e ele desperta para as humanidades e as questões sociais. Isso acaba o empurrando para outros interesses, o que o levou a ser reprovado durante dois anos na faculdade de medicina porque não se dedicou às matérias específicas. É nesse período que o professor sugere que ele vá para São Paulo, porque tinha um contato com professores da Universidade de São Paulo – USP, na escola de sociologia, quando ele opta pela área antropológica. O pessoal do pós-guerra, grandes intelectuais da Europa e Estados Unidos, inclusive Levi-Strauss [2], vão para USP mais ou menos nesse mesmo período.
IHU On-Line – Como se dá a carreira pública de Darcy Ribeiro?
Paulo Ribeiro – Darcy era membro atuante do Partido Comunista, e no dia do suicídio de Vargas [3] ele rompe com os comunistas e se aproxima dos trabalhistas, porque ele está no Rio de Janeiro e, quando vê milhões de pessoas na rua, se questiona se está certo em suas convicções. É a partir disso que ele entra de cabeça no trabalhismo. Essa articulação de Darcy é percebida por Jango [8] quando ele vai para Brasília, juntamente com Anísio Teixeira [4], seu grande mestre, para fundar a Universidade de Brasília - UnB. São 200 intelectuais que vão para Brasília, dentre eles Niemeyer [5] e Lucio Costa [6], o pessoal do direito, dos tribunais superiores responsáveis pela construção da UnB, todos coordenados por Darcy. Desse relacionamento vem o convite de Hermes Lima [7], na época primeiro ministro, para Darcy assumir a pasta da Educação, sendo mais tarde convidado por Jango para o Gabinete Civil. É a partir daí que ele constrói sua relação com Jango e Brizola [9], entre 1962, ano da inauguração da UnB, até o golpe de 1964.
Uma coisa interessante, mas pouco conhecida, é que quando é dado o golpe em 1º de abril de 1964, Darcy fica até o dia 3 dentro do Palácio. Mesmo o Jango tendo saído, Darcy tentou resistência ao golpe, até ser retirado por Waldir Pires [10] em um avião com destino ao Uruguai. Nesse período, juntamente com Brizola eles passam a arquitetar uma resistência, um contragolpe, a partir do exterior, articulando um retorno. A relação com Brizola se dá mais no exílio que no governo. Houve um atrito muito grande entre Jango e Brizola, porque Brizola queria que Jango resistisse e ele não resistiu, mas Darcy, como era o segundo homem do governo, ministro do Gabinete Civil, ficou leal ao presidente da República.
É a partir dessa época que Darcy passa a trabalhar na Organização Internacional do Trabalho – OIT. Ele havia feito um trabalho para a Unesco, em 1953, quando criou o Museu do Índio, no Rio de Janeiro, considerado o primeiro museu do mundo contra o preconceito. Na época, ele recebe um prêmio da Unesco e é contratado para fazer uma pesquisa a fim de investigar se o brasileiro percebia o índio de forma diferente daquela como percebia o negro, isto é, se havia racismo somente contra o negro ou se também contra o índio. O resultado final é que o mesmo racismo que existia contra o negro, existia contra o indígena, o que causou grande surpresa à Unesco.
Essa sua articulação faz com que ele conviva com os europeus e com a social-democracia. É o próprio Darcy que, durante a primeira reunião da Internacional Socialista, apresenta Brizola aos líderes sociais-democratas, que fica surpreso, pois não imaginava que Darcy tinha essa articulação internacional. Depois Brizola convida Darcy para ser vice-governador dele na eleição do Rio de Janeiro de 1982.
A simbiose é tão grande que os projetos de Darcy só foram possíveis com o apoio integral de Brizola. Eles deixaram um legado impressionante, com 506 escolas de tempo integral no Estado do RJ, cuja menor era de mais de 6 mil metros de área construída e a maior, de 24 mil metros. Para se ter dimensão do que isso significou, o volume em metros quadrados de área construída era maior que Brasília quando foi inaugurada.
Além disso, na construção do sambódromo foram feitas, embaixo das arquibancadas, mais de 200 salas de aula, que hoje ficam vazias, utilizadas somente no carnaval. Eles pensaram o sambódromo como um complexo cultural, educacional e desportivo. Darcy considerava que o sambódromo podia ser um grande museu aos afrodescendentes. Ele havia criado o Museu do Índio, considerava o Paço Municipal uma homenagem aos portugueses e, para aumentar a autoestima da população negra, achava importante construir esse monumento à cultura popular brasileira.
Darcy teve três grandes figuras que o inspiraram. O herói na concepção de Darcy era Rondon [11], com quem foi trabalhar entre 1946 e 1954, o grande humanista brasileiro, do mesmo quilate de Tiradentes [12]. Depois ele encontra Anísio, seu professor, que o ensinou a fazer ciência sem paixão. Anísio falava “eu não tenho compromisso com minhas ideias”, o que deixava Darcy “p” da vida, “eu só tenho compromisso com a verdade”. Ele sustentava que um homem que tem compromisso com suas ideias é incapaz de enxergar a verdade plena, o horizonte. Por fim tem Brizola, seu grande parceiro e companheiro de lutas políticas; ambos tentaram passar o Brasil a limpo e priorizar a educação, acreditando que só a educação e o conhecimento do povo poderiam diminuir as desigualdades. A grande questão do Brasil era gerar oportunidades iguais a toda a população, acreditando que aqui floresceria a mais bela civilização do mundo.
IHU On-Line – Ele comentava de seus anos no exílio? Que dificuldades enfrentou?
Paulo Ribeiro – Ele falava que era “o desterro, mas comendo caviar”. Como ele não tinha pai, nem filho para sustentar, ele era responsável, basicamente, por sua sobrevivência e de sua mulher à época. Foi uma experiência muito intensa de 12 anos, quando ele conheceu toda a América Latina e pôde ter uma visão do Brasil desde fora, quando ele constrói toda sua obra intelectual, os cinco livros que compõem o pensamento dele. Ele morou em seis países diferentes – no Uruguai, no Chile, no Peru, na Venezuela, no México e na Costa Rica –, o que permitiu uma visão macro do continente. Apesar de ser uma época de várias ditaduras e intervenção dos Estados Unidos, a esquerda se organiza e é quando ele conhece os intelectuais de esquerda da América Latina.
Nesta época ele tem contato com Gabriel García Márquez [13], Che Guevara [14], Fidel Castro [15], Salvador Allende [16], com quem aprende que há um outro socialismo possível, sem a ditadura do proletariado. Ele acaba com a própria crença marxista baseada na ditadura e passa a acreditar no socialismo com liberdade pretendido por Allende, do qual passa a ser um parceiro intelectual, escrevendo vários de seus discursos, depois de ser procurado pelo ex-presidente chileno no Uruguai. Che não perdoava Darcy e era extremamente agressivo com ele, chamando-o de incompetente, porque havia conquistado o poder e deixado a direita derrubar. Mas Allende aponta outra alternativa, diferente do modelo cubano, que inicialmente inspirou Darcy, mas que ao fim chegou à conclusão de que nenhum país conseguiria repetir aquilo, que a experiência cubana se tratava de algo muito particular daquele povo.
IHU On-Line – Após a redemocratização ele foi próximo de que outras figuras políticas?
Paulo Ribeiro – É com os intelectuais que ele tenta aproximação. O problema é que a grande universidade brasileira, que era a USP, tinha uma rejeição imensa ao trabalhismo, porque até hoje não assimilaram a derrota de 1932. Essa rejeição persiste até hoje. Parte desse grupo vai criar o PT e outra parte vai para o PSDB. No Rio de Janeiro, ele também tem muita dificuldade de inserção porque a universidade permanece sob intervenção, então ele não consegue retornar. Somente depois de muito tempo ele é reincorporado à universidade. Nesse período ele passa a fazer consultoria para outros países e universidades, a exemplo do que fez no México e na Venezuela, em 1976, propondo uma reforma no sistema educacional. Cristovam Buarque [17], que na eleição de 1989 aproxima-se de Darcy e o ajuda a escrever o programa do partido, e Mangabeira Unger [18] são os únicos que se aproximam dele para construir um programa para Brizola, que infelizmente perde para Collor [19] e Lula [20], que vão para o segundo turno.
Darcy foi extremamente marginalizado pela academia brasileira, porque quando ele cria a UnB, em 1962, a USP se sente ameaçada de perder o posto de universidade mais importante do Brasil, como me relatou certa vez Paul Singer [21]. Pela primeira vez, depois de 20 anos de sua morte, haverá um seminário na USP sobre o pensamento de Darcy. Nem mesmo sua obra é reconhecida pela universidade que o formou.
O primeiro curso de mestrado em antropologia no Brasil foi criado por Darcy, em 1954, dentro do Museu do Índio. Quando foi ministro da Educação, ele passou esse curso para o museu nacional, ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Ao ser cassado, todos aqueles que trabalhavam com ele foram retirados e só entravam pessoas que apoiavam a ditadura, fazendo uma antropologia totalmente diferente da que ele pregava. Na UnB ocorreu a mesma coisa, dos 220 professores, 200 pediram demissão. Com isso, a direita ficou muito feliz porque só colocou gente dela dentro da universidade. Tudo que ele construiu acabou se voltando contra ele, sem jamais reconhecerem seu papel, ao contrário, foi perseguido por estas instituições.
IHU On-Line – O próprio Darcy Ribeiro dizia que se sentia como uma “serpente”, no sentido de que a cada tempo trocava de pele para encarnar uma nova identidade, por assim dizer. De onde vinha essa personalidade?
Paulo Ribeiro – Darcy teve trabalhos bem definidos, as “peles”, como ele dizia. Trabalhou como etnólogo durante dez anos com o Rondon, convivendo com os índios, na mesma época em que fez o museu do índio e montou a pós-graduação em antropologia. Depois ele corta radicalmente com isso e vai trabalhar com Anísio Teixeira até a construção da UnB; quando ele assume o Gabinete Civil, o Anísio é nomeado reitor, período que trabalharam juntos até o exílio. A terceira fase é a dele como político, trabalhando no governo e elaborando os planos nacionais, de desenvolvimento, as reformas de base, tarefa que é interrompida pelo golpe e é recuperada somente em 1983, com Brizola.
Seu último período é como romancista, mesmo depois de toda a sua produção intelectual. Dentre os vários romances, o mais famoso é Maíra (Rio de Janeiro: Record, 1989), que em 2016 completou 40 anos de sua publicação; também escreveu Utopia selvagem (São Paulo: Nova Fronteira, 1982) e O muro (Rio de Janeiro: Record, 1981). Ele fez isso porque acreditava que a teoria passava, mas os romances ficavam. São peles que ele foi trocando durante a vida, o que ocorreu de modo bem definido.
IHU On-Line – Há uma célebre frase de Darcy em que ele dizia que “se não construíssemos escolas, precisaríamos construir presídios”. A atualidade desta frase mostra a atualidade do pensamento de Darcy?
Paulo Ribeiro – Sem dúvida nenhuma, é uma previsão dele. O que as pessoas não percebem é que Darcy é um pensador de múltiplas facetas. Ele tinha uma visão global das coisas, percebia para onde o Brasil estava caminhando e percebeu onde chegaríamos com 30 anos de antecedência. Ele viu que éramos um país que marginalizava seu povo, que é o maior patrimônio que um país pode ter, e que não investia para que se desenvolvesse autonomamente. Esta é a palavra-chave para Darcy, desenvolvimento autônomo, e foi com essa ideia que ele fundou a UnB, com caráter científico e extremamente político. Ele acreditava que a universidade era o nervo ético da sociedade, com compromisso com os destinos da nação e deveria entender os problemas do país e apresentar soluções. Havia uma responsabilidade política e não meramente científica; a universidade deveria, internamente, apresentar soluções para o desenvolvimento autônomo e soberano do país.
É a partir disso que ele defende que não é o negro que é inferior, ou o índio que é preguiçoso, ou mesmo que o clima é o responsável pelo fracasso do Brasil. O Brasil “não deu certo”, ele dizia, por culpa da classe dominante brasileira, insensível e formada na Casa Grande. Somos o último país que acabou com a escravidão, e isso estava entranhado na alma das classes dominantes, que sequer propõem um plano de desenvolvimento nacional. Aliás, até hoje o país nunca criou um plano de desenvolvimento nacional, porque a elite nunca quis. É preferível ser gerente de multinacionais, subordinado ao capital externo, a ter o próprio processo de desenvolvimento autônomo do povo brasileiro. Nosso grande fracasso é a elite infecunda, impatriótica e infiel ao povo brasileiro.
IHU On-Line – O que significa fazer memória de Darcy Ribeiro 20 anos após sua morte?
Paulo Ribeiro – É constatar que as ideias não morreram e que a boa semente pode demorar, mas fica guardada na terra e germina. Tudo que ele sonhou para o desenvolvimento deste país, da necessidade de implantar uma escola de tempo integral, de educação de qualidade para o povo, capaz de gerar oportunidades iguais para toda a população, continua sendo necessário acreditar nisso. A fé de Darcy no povo brasileiro, de que nossa mestiçagem só trouxe ganhos, e no desenvolvimento da educação, poderá germinar aqui a mais bela província da terra, pautada pela generosidade, felicidade e justiça social. Isso está pulsante e vivo. Darcy está vivo e estas sementes hão de dar frutos, elas podem demorar, mas vão frutificar.
Notas:
[1] Amílcar Viana Martins (1907-1990): foi um médico, pesquisador, cientista e professor universitário brasileiro. Formado pela Faculdade de Medicina da UFMG em 1929, foi nomeado médico pesquisador do Instituto Ezequiel Dias. Livre-docente da cadeira de parasitologia da UFMG. Catedrático de zoologia e parasitologia da Faculdade Farmácia e Odontologia da UFMG. (Nota da IHU On-Line)
[2] Claude Lévi-Strauss (1908-2009): antropólogo belga que dedicou sua vida à elaboração de modelos baseados na linguística estrutural, na teoria da informação e na cibernética para interpretar as culturas, que considerava como sistemas de comunicação, dando contribuições fundamentais para a antropologia social. Sua obra teve grande repercussão e transformou, de maneira radical, o estudo das ciências sociais, mesmo provocando reações exacerbadas nos setores ligados principalmente às tradições humanista, evolucionista e marxista. Ganhou renome internacional com o livro As estruturas elementares do parentesco (1949). Em 1935, Lévi-Strauss veio ao Brasil para lecionar Sociologia na USP. Interessado em etnologia, realizou pesquisas em aldeias indígenas do Mato Grosso. As experiências foram sistematizadas no livro Tristes Trópicos (São Paulo: Companhia das Letras), publicado originalmente em 1955 e considerado uma das mais importantes obras do século 20. (Nota da IHU On-Line)
[3] Getúlio Vargas [Getúlio Dornelles Vargas] (1882-1954): político gaúcho, nascido em São Borja. Foi presidente da República nos seguintes períodos: 1930 a 1934 (Governo Provisório), 1934 a 1937 (Governo Constitucional), 1937 a 1945 (Regime de Exceção) e de 1951 a 1954 (Governo eleito popularmente). Recentemente a IHU On-Line publicou o Dossiê Vargas, por ocasião dos 60 anos da morte do ex-presidente. A IHU On-Line dedicou duas edições ao tema Vargas, a 111, de 16-8-2004, intitulada A Era Vargas em Questão – 1954-2004, e a 112, de 23-8-2004, chamada Getúlio. Na edição 114, de 6-9-2004, Daniel Aarão Reis Filho concedeu a entrevista O desafio da esquerda: articular os valores democráticos com a tradição estatista-desenvolvimentista, que também abordou aspectos do político gaúcho. Em 26-8-2004, Juremir Machado da Silva, da PUC-RS, apresentou o IHU ideias Getúlio, 50 anos depois. O evento gerou a publicação do número 30 dos Cadernos IHU ideias, chamado Getúlio, romance ou biografia?. Ainda a primeira edição dos Cadernos IHU em formação, publicada pelo IHU em 2004, era dedicada ao tema, recebendo o título Populismo e Trabalho. Getúlio Vargas e Leonel Brizola. (Nota da IHU On-Line)
[4] Anísio Spínola Teixeira (1900-1971): advogado, intelectual, educador e escritor brasileiro. De suas obras, destacamos Educação para a democracia: introdução à administração educacional (2a. ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1997). (Nota da IHU On-Line)
[5] Oscar Niemeyer (1907-2012): arquiteto brasileiro. É considerado um dos nomes mais influentes na arquitetura moderna internacional. Foi pioneiro na exploração das possibilidades construtivas e plásticas do concreto armado. Em 1956, iniciou, a convite do presidente da República, JK, colaboração na construção da nova capital, cujo plano urbanístico foi confiado a Lucio Costa, arquiteto e urbanista. Em 1958, foi nomeado arquiteto-chefe da nova capital e transferiu-se para Brasília, onde permaneceu até 1960. Em 1972, abriu um escritório em Paris. Realizou também grande número de projetos no exterior, como a sede do Partido Comunista Francês, em Paris, 1967; a Universidade de Constantine, na Argélia, 1968; a sede da Editora Mondadori, em Milão, 1968. O site da Fundação Oscar Niemeyer apresenta suas ideias, obras em arquitetura, urbanismo, mobiliário, esculturas, serigrafia, cenografia e sua bibliografia. (Nota da IHU On-Line)
[6] Lucio Costa [Lucio Marçal Ferreira Ribeiro de Lima e Costa] (1902-1998): arquiteto brasileiro nascido em Toulon, França, é considerado líder e maior doutrinador do movimento de implantação da arquitetura moderna no Brasil, consagrado como o criador do plano-piloto de Brasília. Filho de brasileiros a serviço no exterior, sendo seu pai o almirante e engenheiro naval Joaquim Ribeiro da Costa, estudou na Royal Grammar School de Newcastle, Inglaterra, e no Collége National, em Montreux, na Suíça. De volta ao Brasil, em 1917, estudou pintura e matriculou-se no curso de arquitetura da Escola Nacional de Belas-Artes e diplomou-se em 1925. (Nota da IHU On-Line)
[7] Hermes Lima (1902-1978): político, jurista, jornalista, professor e ensaísta brasileiro. Foi presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e membro da Academia Brasileira de Letras. (Nota da IHU On-Line)
[8] João Belchior Marques Goulart, ou Jango (1919-1976): presidente do Brasil de 1961 a 1964, tendo sido também vice-presidente, de 1956 a 1961 – em 1955, foi eleito com mais votos que o próprio presidente, Juscelino Kubitschek. Seu governo é usualmente dividido em duas fases: fase parlamentarista (da posse, em janeiro de 1961, a janeiro de 1963) e fase presidencialista (de janeiro de 1963 ao golpe militar de 1964). Jango foi ainda ministro do Trabalho entre 1953 e 1954, durante o governo de Getúlio Vargas. Foi deposto pelo golpe militar do dia 1º de abril de 1964 e morreu no exílio. Confira a entrevista "Jango era um conservador reformista", com Flavio Tavares, de 19-12-2006; João Goulart e um projeto de nação interrompido, com Oswaldo Munteal, de 27-8-2007. Confira também as entrevistas com Lucília de Almeida Neves Delgado intitulada O Jango da memória e o Jango da História, publicada na edição 371 da IHU On-Line, de 29-8-2011, e ''Dúvidas sobre a morte de Jango só aumentam'', de 5-8-2013. Veja ainda “João Goulart foi, antes de tudo, um herói”, com Juremir Machado, de 26-8-2013, em e Comício da Central do Brasil: a proposta era modificar as estruturas sociais e econômicas do país, com João Vicente Goulart, de 13-3-2014. (Nota da IHU On-Line)
[9] Leonel de Moura Brizola (1922-2004): político brasileiro, nascido em Carazinho, no Rio Grande do Sul. Foi prefeito de Porto Alegre, governador do Rio Grande do Sul, deputado federal pelo extinto estado da Guanabara e duas vezes governador do Rio de Janeiro. Sua influência política no Brasil durou aproximadamente 50 anos, inclusive enquanto exilado pelo Golpe de 1964, contra o qual foi um dos líderes da resistência. Por várias vezes foi candidato a presidente do Brasil, sem sucesso, e fundou um partido político, o PDT. Sobre Brizola, confira a primeira edição dos Cadernos IHU em formação intitulado Populismo e trabalho. Getúlio Vargas e Leonel Brizola. Leia também a IHU On-Line intitulada Leonel de Moura Brizola 1922-2004. (Nota da IHU On-Line)
[10] Waldir Pires [Francisco Waldir Pires de Souza] (1926): é um político brasileiro, filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT). Participou do Governo Jango quando da eclosão do golpe militar em 31 de março de 1964 e foi, junto com Darcy Ribeiro, o último membro do Governo a sair do Palácio do Planalto, onde ficaram, a pedido do presidente, para tentar garantir o respeito à Constituição, segundo um documento enviado ao Congresso - mas desprezado pelas forças de apoio aos militares, que declararam vaga a presidência quando o presidente encontrava-se ainda em território nacional, no Rio Grande do Sul. (Nota da IHU On-Line)
[11] Cândido Rondon (1865-1958): Cândido Mariano da Silva Rondon, conhecido como Marechal Cândido Rondon, foi um militar brasileiro. Desbravador do interior do país, criou em 1910 o Serviço de Proteção ao Índio (SPI). Teve seu primeiro encontro com os índios (alguns hostis, outros escravos de fazendeiros) quando construía as linhas telegráficas que ligaram Goiás a Mato Grosso. Obteve a demarcação de terras de vários povos, entre eles os Bororo, Terena e Ofayé. Em 1939 foi nomeado presidente do Conselho Nacional de Proteção ao Índio. Recebeu do Congresso Nacional, em 1955, através de lei especial, o posto de marechal do Exército. (Nota da IHU On-Line)
[12] Joaquim José da Silva Xavier, Tiradentes (1746-1792): foi um dentista, tropeiro, minerador, comerciante, militar e ativista político carioca que atuou no Brasil colonial, mais especificamente nas capitanias de Minas Gerais e Rio de Janeiro. No Brasil, é reconhecido como mártir da Inconfidência Mineira, patrono cívico e herói nacional. (Nota da IHU On-Line)
[13] Gabriel García Márquez (1927-2014): escritor colombiano, jornalista, editor, ativista e político. Considerado um dos autores mais importantes do século XX, foi um dos escritores mais admirados e traduzidos no mundo, com mais de 40 milhões de livros vendidos em 36 idiomas. Sobre a obra do autor, confira a IHU On-Line n° 221 Cem anos de solidão. Realidade, fantasia e atualidade. (Nota da IHU On-Line)
[14] Che Guevara (Ernesto Guevara de la Serna, ou El Che, 1928-1967): um dos mais famosos revolucionários comunistas da história. Foi tema da edição 239 da IHU On-Line, de 08-10-2007. (Nota da IHU On-Line)
[15] Fidel Alejandro Castro Ruz (1926-2016): primeiro-secretário do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba, é presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros de Cuba, onde governa desde 1959. A partir dessa data viajou por muitos países da América Latina, Europa e África do Sul para representar Cuba em congressos e conferências. Desde 1976 passou a governar também como chefe de Estado. Em 2006 o socialista delegou suas funções às Forças Armadas de Cuba e ao irmão Raúl Castro Ruz, ministro da Defesa, que assumiu formalmente a presidência em 2008. (Nota da IHU On-Line)
[16] Salvador Allende (1908-1973): médico e político marxista chileno. Em 1970, foi eleito presidente do Chile pela Unidade Popular, um agrupamento político formado por socialistas, comunistas e por setores católicos e liberais do Partido Radical e do Partido Social Democrata que contava com grande apoio dos trabalhadores urbanos e camponeses. Governou o país até 11 de setembro de 1973, quando foi deposto por um golpe de estado liderado pelo chefe das Forças Armadas, Augusto Pinochet. (Nota da IHU On-Line)
[17] Cristovam Buarque: primeiro reitor eleito da Universidade Nacional de Brasília, ministro da Educação do governo Lula, de 01-01-03 a 27-01-04 e hoje é senador da República - PPS-DF. (Nota da IHU On-Line)
[18] Mangabeira Unger [Roberto Mangabeira Unger] (1947): é um filósofo e teórico social brasileiro. Por duas vezes foi ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República do Brasil. Em 1971, tornou-se um dos mais jovens professores da Universidade Harvard. (Nota da IHU On-Line)
[19] Fernando Collor de Mello (1949): político, jornalista, economista, empresário e escritor brasileiro, prefeito de Maceió de 1979 a 1982, governador de Alagoas de 1987 a 1989, deputado federal de 1982 a 1986, 32º presidente do Brasil, de 1990 a 1992, e senador por Alagoas de 2007 até a atualidade. Foi o presidente mais jovem da história do Brasil e o presidente eleito por voto direto do povo, após o Regime Militar (1964/1985). Seu governo foi marcado pela implementação do Plano Collor e a abertura do mercado nacional às importações e pelo início de um programa nacional de desestatização. Seu Plano, que no início teve uma boa aceitação, acabou por aprofundar a recessão econômica, corroborada pela extinção, em 1990, de mais de 920 mil postos de trabalho e uma inflação na casa dos 1200% ao ano; junto a isso, denúncias de corrupção política envolvendo o tesoureiro de Collor, Paulo César Farias, feitas por Pedro Collor de Mello, irmão de Fernando Collor, culminaram com um processo de impugnação de mandato (Impeachment). (Nota da IHU On-Line)
[20] Luiz Inácio Lula da Silva [Lula] (1945): trigésimo quinto presidente da República Federativa do Brasil, cargo que exerceu de 2003 a 1º de janeiro de 2011. É cofundador e presidente de honra do Partido dos Trabalhadores (PT). Em 1990, foi um dos fundadores e organizadores do Foro de São Paulo, que congrega parte dos movimentos políticos de esquerda da América Latina e do Caribe. Foi candidato a presidente cinco vezes: em 1989 (perdeu para Fernando Collor de Mello), em 1994 (perdeu para Fernando Henrique Cardoso) e em 1998 (novamente perdeu para Fernando Henrique Cardoso), e ganhou as eleições de 2002 (derrotando José Serra) e de 2006 (derrotando Geraldo Alckmin). Lula bateu um recorde histórico de popularidade durante seu mandato, conforme medido pelo Datafolha. Programas sociais como o Bolsa Família e Fome Zero são marcas de seu governo, programa este que teve seu reconhecimento por parte da Organização das Nações Unidas como um país que saiu do mapa da fome. Lula teve um papel de destaque na evolução recente das relações internacionais, incluindo o programa nuclear do Irã e do aquecimento global. É investigado na operação Lava-Jato. (Nota da IHU On-Line)
[21] Paul Singer (1932): austríaco, de Viena, mora no Brasil desde 1940. É formado em Economia e Administração, doutor em Sociologia, além de outras formações. Possui 23 obras publicadas e atualmente é professor titular da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP. (Nota da IHU On-Line)
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A semente viva da utopia de Darcy Ribeiro. Entrevista especial com Paulo Ribeiro - Instituto Humanitas Unisinos - IHU