Por: João Flores da Cunha | 15 Fevereiro 2017
A presidenta do Chile, Michelle Bachelet, e o presidente da Argentina, Mauricio Macri, pretendem aumentar a integração entre seus países, bem como os demais da região. Em uma reunião bilateral realizada no dia 12-02, os mandatários prometeram aproximar a Aliança do Pacífico do Mercosul – dois blocos comerciais que têm como membros diferentes países da América Latina.
Os dois países pretendem fortalecer “as relações políticas, econômicas, sociais e culturais tanto no âmbito bilateral como com os países da América Latina, impulsionando a convergência entre o Mercosul e a Aliança do Pacífico”, segundo a declaração conjunta emitida ao final do encontro. Haverá uma reunião entre os países-membros de ambos os blocos, que ocorrerá no “curto prazo”, de acordo com o documento.
A Aliança do Pacífico é um bloco comercial do qual fazem parte Chile, Colômbia, México e Peru – os quatro países fazem fronteira com o Oceano Pacífico. Sua criação, em 2012, foi vista por analistas como uma forma de esses países avançarem no lento processo de integração regional se contrapondo à liderança do Brasil.
Além disso, os países da Aliança do Pacífico se mostram mais abertos ao livre-comércio do que o Mercosul, que é integrado por Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela (que está suspensa). Desde que Macri assumiu a presidência, a Argentina tem buscado se aproximar da Aliança do Pacífico.
Con el Pdte. @mauriciomacri conmemoramos hoy #200AñosdeIntegración de Chile y Argentina, renovando nuestros votos de cooperación y amistad. pic.twitter.com/JQBwWkK3Si
— Michelle Bachelet (@mbachelet) 12 de fevereiro de 2017
Embora o nome de Donald Trump não tenha sido mencionado diretamente, o tom do encontro foi influenciado pela mudança de governo nos Estados Unidos e pelas políticas impulsionadas pelo republicano. Bachelet afirmou que “em momentos em que o planeta enfrenta o ressurgimento das ideias que propagam a desagregação, a xenofobia, o isolacionismo e o protecionismo comercial, o Chile e a Argentina, como repúblicas-irmãs, abraçam-se novamente para reivindicar a unidade”.
A declaração conjunta dos dois países após o encontro reafirma a crítica ao protecionismo, afirmando que “as tendências protecionistas observadas a nível internacional se contradizem com o esforço para alcançar o crescimento sustentável e o desenvolvimento inclusivo”. A melhor política é a integração, defenderam os dois mandatários, e há “vontade de avançar no progresso e na integração de ambas nações, acrescentando laços de unidade na América Latina”, de acordo com o comunicado oficial.
Macri afirmou que “neste momento, o mundo apresenta desafios enormes, tão grandes quanto as cordilheiras que nos separam”, em referência aos Andes, fronteira natural entre os dois países. A reunião ocorreu em comemoração aos 200 anos da batalha de Chacabuco: em 1817, o chamado Exército dos Andes atravessou a cordilheira, vindo da Argentina, para ajudar as tropas chilenas a combater as forças da Coroa da Espanha. A batalha ocorreu no contexto das guerras de independência hispano-americanas.
Vinimos a Chile para conmemorar con la Presidente Bachelet y el pueblo chileno los 200 años de la batalla de Chacabuco pic.twitter.com/BqhPoVl68I
— Mauricio Macri (@mauriciomacri) 13 de fevereiro de 2017
O encontro ocorre em um momento de dificuldades internas para ambos os mandatários. Bachelet não conseguiu avançar sua agenda reformista, e a prometida revisão do sistema de aposentadorias chileno não deve ocorrer durante seu governo, que se encerra em março de 2018. Macri está sendo criticado em seu país pela renegociação de uma dívida milionária que a empresa de seu pai mantinha com o Estado argentino, que foi vista por muitos como lesiva para os cofres públicos. O Departamento Anticorrupção do país está investigando o caso.
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Bachelet e Macri buscam aproximar Mercosul e Aliança do Pacífico - Instituto Humanitas Unisinos - IHU