27 Janeiro 2017
A volta do ex-Grão-Chanceler Von Boeselager, destituído do cargo. A oposição do cardeal Burke à renúncia de Matthew Festing como Grão-Mestre, mesmo após o pedido do Papa. A confirmação de que o Vaticano está investigando a má gestão de um caso de abusos por Festing. As novidades no caso da Ordem de Malta indicam que nem tudo na congregação está resolvido.
A reportagem é de Cameron Doody, publicada por Religión Digital, 26-01-2017. A tradução é de André Langer.
Citando fontes da Ordem, Christopher Lamb – correspondente em Roma do Tablet – insinuou que a decisão do Papa de tirar Festing e nomear um delegado pontifício para o governo da organização implicaria, por um lado, na reintegração de Von Boeselager ao seu posto e, por outro, na revogação de todas as decisões tomadas pelo governo da Ordem após a sua saída.
O jornalista recordou que após a eclosão do escândalo pela demissão de Von Boeselager, o secretário de Estado, Pietro Parolin, escreveu duas vezes a Festing para recordar-lhe que tanto ele como o cardeal Burke traíram a vontade do Papa. E que o que o Pontífice queria era que as diferenças fossem resolvidas com diálogo.
Assim, Parolin instou-os se emendarem e a “suspender” a ação disciplinar contra o maltratado ex-Grão-Chanceler. Suspensão que já parece mais que uma possibilidade, agora que o Papa finalmente conseguiu endireitar a Ordem e acabar com a rebelião de seus máximos responsáveis.
Enquanto isso, a Ordem de Malta comunicou apenas que o Conselho Soberano da congregação se reunirá neste sábado para tratar e oficializar a renúncia de Festing como Grão-Mestre.
Entretanto, continua a vir à tona outro tipo de escândalo envolvendo a atuação de Festing. Andrea Tornielli revela no Vatican Insider que Festing e Burke teriam manipulado a informação transmitida ao Papa sobre a distribuição de preservativos no Terceiro Mundo, sob a responsabilidade de Von Boeselager. Esta seria a conclusão a que teria chegado a comissão de investigação do Vaticano encarregada de investigar a saída do ex-Grão-Chanceler.
O cardeal Burke, por sua vez, acrescenta o vaticanista, após o encontro em que Francisco pediu a Festing que renunciasse, fez de tudo para convencê-lo a não renunciar. Uma prova a mais de que o cardeal ultraconservador teria se oposto aos desejos do Papa Francisco.
Finalmente, o The Tablet sustenta que os investigadores do Vaticano “têm conhecimento” de um caso de abusos de menores na congregação que o ex-Grão-Mestre Festing teria administrado de forma negligente.
Um cavaleiro integrado por Festing ao Conselho Soberano, Duncan Gallie, foi um dos quatro responsáveis por uma investigação interna de um ex-sacristão da Ordem em Londres, Vernon Quaintance, acusado de agressões sexuais de menores.
Gallie e os outros cavaleiros concluíram em 2011 que não se devia tomar medida alguma contra Quaintance, que em 2014 foi incriminado por nove casos de abusos e posse de material pornográfico infantil. Apesar de tudo isso, Gallie continua morando em Roma e participando das reuniões do Conselho Soberano.
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Burke tentou convencer Festing a desobedecer ao Papa e a não renunciar à direção da Ordem de Malta - Instituto Humanitas Unisinos - IHU