103 anos para FBI decifrar dados da Odebrecht

Imagem: Jornal GGN

Mais Lidos

  • Esquizofrenia criativa: o clericalismo perigoso. Artigo de Marcos Aurélio Trindade

    LER MAIS
  • O primeiro turno das eleições presidenciais resolveu a disputa interna da direita em favor de José Antonio Kast, que, com o apoio das facções radical e moderada (Johannes Kaiser e Evelyn Matthei), inicia com vantagem a corrida para La Moneda, onde enfrentará a candidata de esquerda, Jeannete Jara.

    Significados da curva à direita chilena. Entrevista com Tomás Leighton

    LER MAIS
  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

24 Janeiro 2017

Quase um ano após os investigadores da Operação Lava Jato identificarem servidores da Odebrecht na Suíça, parte das informações da empreiteira sobre pagamentos de propinas pelo mundo continua em segredo.

Sem conseguir acessar os dados, protegidos por uma série de códigos e chave de segurança, a Procuradoria-Geral da República recorreu até ao FBI, órgão de investigação dos Estados Unidos.

A reportagem é de Jamil Chade, publicada por O Estado de S. Paulo, 24-01-2017.

A resposta dos americanos, porém, não foi nada animadora. Em comunicado ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o FBI disse que, mesmo usando toda a sua tecnologia disponível, precisaria de 103 anos para superar as sofisticadas camadas de proteção dos servidores da Odebrecht.

A existência destes servidores na Suíça foi revelada no início de 2016 por funcionários do Setor de Operações Estruturadas, o “departamento de propinas” da empreiteira. Eles afirmaram que, para consultar os documentos, o sistema exigia um código secreto que era trocado diariamente, além do uso de uma chave no computador central. Os funcionários disseram que desconheciam esta chave.

Conexão

Após o pedido de ajuda dos investigadores brasileiros, o FBI indicou que estava disposto a colaborar e que poderia romper o código se soubesse qual havia sido o último computador a fazer uma conexão ao servidor. Uma vez mais, porém, os funcionários da Odebrecht indicaram que não tinham esse controle e não saberiam dar uma resposta. Segundo eles, eram os altos executivos da empresa que davam as ordens para os pagamentos de propinas.

O FBI, então, avisou a Janot que poderia iniciar um processo para tentar romper o código. Mas, que, por suas previsões, teria de fazer simulações com diferentes combinações de códigos por 103 anos para que pudesse superar o sistema de proteção criado pela Odebrecht.

Uma saída encontrada pela Procuradoria-Geral da República foi buscar a cooperação da Suíça, que classificou a operação da empresa brasileira como “altamente profissional”. Berna, segundo os brasileiros, conseguiu acesso a cerca de um terço do material contido nos servidores. Em um documento revelado pelo Estado no fim de dezembro, o Ministério Público suíço confirmou que os servidores têm “uma enorme quantidade de dados” sobre pagamentos de propinas.

Neles, informações equivalentes a 2 milhões de páginas de documentos poderiam ser retiradas, “incluindo e-mails, ordens de pagamentos, conferências e contratos que serviriam para justificar pagamentos”. “Além disso, milhares de listas foram confiscadas e pagamentos relatados por meio do sistema ilegal foram listados, com datas, o valor e o nome dos recipientes”, informou o Ministério Público suíço.

Segundo Berna, um ex-executivo da Odebrecht, Fernando Miggliaccio, apagou parte dos rastros nos servidores. Ele fez isso em fevereiro de 2016, pouco antes de ser preso em Genebra tentando encerrar contas bancárias e retirar pertences de cofres.

Leia mais