Tribo "gavião-real" e seus vizinhos isolados enfrentam aniquilação na Amazônia

Mais Lidos

  • “A destruição das florestas não se deve apenas ao que comemos, mas também ao que vestimos”. Entrevista com Rubens Carvalho

    LER MAIS
  • Povos Indígenas em debate no IHU. Do extermínio à resistência!

    LER MAIS
  • “Quanto sangue palestino deve fluir para lavar a sua culpa pelo Holocausto?”, questiona Varoufakis

    LER MAIS

Revista ihu on-line

Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

Edição: 552

Leia mais

Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

Edição: 551

Leia mais

Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

Edição: 550

Leia mais

27 Outubro 2016

Diversos fazendeiros e colonos estão invadindo o território dos Uru Eu Wau Wau, uma tribo recém-contatada, com o apoio de políticos locais. A incursão está sendo descrita na região como “a pior invasão em décadas” que poderia exterminar indígenas isolados que vivem nas proximidades.

A reportagem foi publicada por Survival, 26-10-2016.

Os indígenas Uru Eu Wau Wau são conhecidos como o povo “gavião-real”, pois eles usam as grandes penas da ave para fazer flechas e cocares. Eles chamam seus vizinhos isolados de Jururei, que significa os “corajosos.”

Sabemos muito pouco sobre as tribos isoladas, mas sabemos que populações inteiras estão sendo exterminadas pela violência genocida de estranhos que roubam suas terras e recursos, e por doenças como a gripe e o sarampo, às quais não têm resistência. Os Uru Eu Wau Wau foram dizimados após o primeiro contato na década de 80.

O governo do estado de Rondônia opera um esquema de colonização de longa data, próximo ao território da tribo. Colonos agora estão invadindo o território, apesar de parte dele ser o parque nacional “Pacaás Novas” e de três grupos de indígenas isolados viverem em seu interior. Fazendeiros e políticos locais estão incentivando uma nova onda de invasões.

Imagens aéreas mostram grandes porções do território da tribo sendo queimadas por colonos abrindo a terra. Além de lar para diversos povos indígenas, a região também possui pinheiros amazônicos únicos, bem como paisagens únicas de cachoeiras, cavernas e planaltos. Espécies ameaçadas como a cuíca-de-colete, o tatu-canastra e o mutum-cavalo dependem desses ambientes para sobreviver.

Membros da tribo escreveram à Polícia Federal em Rondônia em 8 de agosto, mas as autoridades ainda precisam agir. Na carta, os indígenas disseram: “Estamos muito preocupados, pois as invasões estão próximas das aldeias e colocando em risco a vida de mulheres, velhos, crianças e homens… A situação é gravíssima e precisamos de urgente retirada dos invasores, antes que aconteça a morte de indígenas ou de invasores em um confronto dentro da Terra Indígena.”

Os Uru Eu Wau Wau foram contatados por agentes governamentais da FUNAI em 1981. A política oficial, na época, era de contatar forçadamente os povos isolados. Isso levou a que eles fossem expostos a doenças contagiosas.

Apesar dos direitos territoriais da tribo terem sido oficialmente reconhecidos em 1991, muitos estão preocupados que pouco esteja sendo feito para proteger seu lar extremamente biodiverso. As tribos isoladas são os povos mais vulneráveis do planeta, e enfrentam uma catástrofe a não ser que seus direitos territoriais sejam respeitados.

O diretor da Survival, Stephen Corry, disse: “O roubo de terras é o maior problema que os povos indígenas enfrentam. Ao redor do mundo, sociedades industrializadas estão roubando as terras indígenas em busca de lucro. Isso é uma continuação das invasões e do genocídio que caracterizaram a colonização europeia das Américas e da Austrália. O direito dos povos isolados a sua terra é consagrado na Constituição Federal e no direito internacional e deve ser respeitado, ou as consequências serão terríveis."

Leia mais

Comunicar erro

close

FECHAR

Comunicar erro.

Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Tribo "gavião-real" e seus vizinhos isolados enfrentam aniquilação na Amazônia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU