17 Mai 2016
O 500º aniversário da Reforma em 2017 deverá ser profundamente ecumênico, bem como uma celebração europeia e internacional, segundo disse o Bispo Heinrich Bedford-Strohm, presidente do Conselho da Igreja Evangélica na Alemanha – EKD, na sigla em alemão.
A reportagem é de Stephen Brown, publicada por Conselho Mundial de Igrejas – CMI, 12-05-2016. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
“Com essa grande diferença, comparado a todas as demais comemorações dos séculos passados, nós estamos enviando um sinal de reconciliação e de um novo começo”, afirmou Bedford-Strohm numa coletiva de imprensa em 9 de maio deste ano em Berlim, quanto também anunciou os eventos que levarão até o aniversário da Reforma, em 31-10-2017.
A comemoração marca o dia em 1517 no qual Martinho Lutero teria postado as suas 95 Teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, teses que denunciavam os abusos religiosos da época.
A iniciativa de Lutero pôs em marcha eventos que levaram à Reforma e à divisão do cristianismo ocidental entre católicos romanos e protestantes.
Em anos mais recentes, no entanto, católicos e luteranos chegaram a um acordo no tocante à doutrina da justificação, questão divisora central entre o papado e Lutero e seus seguidores. Segundo Bedford-Strohm, muitas das diferenças doutrinais não devem mais ter um caráter divisor entre as igrejas.
O início dos eventos que levarão ao aniversário de 500 anos da Reforma será marcado na Alemanha, precisamente no dia 31 de outubro próximo com uma cerimônia em Berlim. No mesmo dia, o Papa Francisco e o Bispo Munib Younan, presidente da Federação Luterana Mundial – FLM, irão celebrar um culto ecumênico em Lund, Suécia, onde foi fundada a FLM em 1947. Eles pedirão perdão e cura das feridas que as diferentes confissões infligiram uma sobre a outra no decorrer dos séculos.
“Nós vamos celebrar com eles em Berlim”, informou Bedford-Strohm. “O que vai sair de Lund, qual o tipo de dinâmica poderá ter início aí, ninguém sabe”, sublinhou o religioso, acrescentando que ele “não exclui” uma visita do Papa Francisco a Alemanha.
No segundo semestre de 2016, líderes protestantes e católicos da Alemanha irão realizar uma peregrinação comum a Israel e à Palestina para lembrar as origens comuns de seus credos. Na sequência, em março de 2017 haverá uma cerimônia conjunta de penitência e reconciliação pelas igrejas protestante e católica na Alemanha.
Um dos eventos centrais nesse país durante o ano da Reforma será uma “Kirchentag”, convenção religiosa, a ocorrer em Berlim no mês de maio de 2017, que deverá reunir 100 mil pessoas. Outros milhares juntar-se-ão aos participantes da Kirchentag para uma celebração ao ar livre em 28 de maio em Wittenberg, a cerca de 100 quilômetros do sul de Berlim.
“Reforma significa procurar com coragem aquilo que é novidade e afastar-se dos velhos e conhecidos costumes”, disse Christina Aus der Au, suíça, presidente da Kirchentag 2017. Ao mesmo tempo, significa perguntar o que sustenta e mantém as pessoas juntas quando tudo está mudando, quando as coisas parecem estar fora do comum, completou.
Em uma de suas respostas na coletiva de imprensa, Bedford-Strohm ressaltou que a Reforma “não é apenas uma questão alemã”, trazendo presente o trabalho dos reformadores do século XVI: João Calvino (em Genebra), Huldrych Zwingli (em Zurique) e Martin Bucer (em Estrasburgo), entre outros.
A dimensão europeia da Reforma será marcada por um miniônibus temático, a começar o seu percurso por Genebra em 03-11-2016. Ele seguirá um trajeto ligando 68 localidades relacionadas com a Reforma em 19 países antes de chegar a Wittenberg em 20-05-2017 para o início de uma Exposição da Reforma Mundial de quatro meses intitulada “Portões da Liberdade”. Aqui, igrejas, organizações, grupos e artistas apresentarão os seus pontos de vista a respeito da Reforma.
No dia 31-10-2017, haverá uma cerimônia oficial em Wittenberg. O foco recairá sobre uma comemoração “descentralizada”, disse Bedford-Strohm, com cerimônias nas várias igrejas regionais da Alemanha.
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Celebrações da Reforma serão ecumênicas e internacionais, diz líder protestante alemão - Instituto Humanitas Unisinos - IHU