30 Janeiro 2014
Dois mil litros de suco de tomate roxo, extraídos de frutas modificadas geneticamente cultivadas no Canadá, estão sendo levados ao Reino Unido para testes sobre suas propriedades benéficas à saúde.
Os tomates, desenvolvidos por cientistas do Reino Unido, do John Innes Centre e do Sainsbury Laboratory, perto de Norwich, fazem parte da mais nova geração de plantas elaboradas para fazer com o que os transgênicos sejam diretamente benéficos para os consumidores.
A reportagem é de Clive Cookson, publicada no jornal Valor, 29-01-2014.
Os financiadores da pesquisa esperam que esse tomate seja mais aceitável para os ativistas "verdes" do que as culturas resistentes a herbicidas e a insetos que atualmente dominam o mercado de transgênicos.
Ativistas que organizaram dias internacionais de protestos contra a Monsanto, a maior empresa de transgênicos, não se deixam convencer. Há campanha nos Estados Unidos tentando evitar a comercialização da maçã que ficou conhecida como Ártica, desenvolvida geneticamente no Canadá e que não fica marrom após cortada. Os primeiros lotes pequenos de tomates roxos foram cultivados na Inglaterra, mas os cientistas encarregaram a New Energy Farms, com sede em Ontário, de fazer uma produção em maior escala.
A professora Cathie Martin, do John Innes Centre, líder do produto, disse que foram enviados ao Canadá "porque a forma como os transgênicos são regulados na Europa tornaria isso proibitivamente caro de fazê-lo" no Reino Unido.
O fruto roxo foi produzido para ser superior em duas formas. A primeira é que seus altos níveis de pigmentos roxos de antocianina, normalmente encontrados na amora e no mirtilo, são benéficos para a saúde. Testes em camundongos mostraram que o tomate roxo tem efeitos anti-inflamatórios e anticancerígenos. Em breve, serão iniciados testes clínicos com pacientes cardíacos no Reino Unido bebendo o suco dos tomates plantados no Canadá, que devem chegar nas próximas duas semanas.
A segunda forma é que os tomates roxos têm maior vida útil, porque a antocianina reduz a formação de fungos e a velocidade da decomposição. Isso também permite que os agricultores mantenham o fruto plantado por mais tempo e que o sabor se desenvolva melhor.
"Queremos explorar uma forma para que os consumidores se beneficiem de nossas descobertas, já que estamos encontrando demanda para benefícios adicionais à saúde", disse a professora Cathie Martin.
A Norlfolk Plant Sciences, primeira empresa do Reino Unido especializada em transgênicos nascida de uma universidade, vai ser responsável pela comercialização. Para que o suco chegue ao mercado de consumo vai precisar de aprovação dos reguladores, o que pode ser possível dentro de dois anos na América do Norte, mas provavelmente leve muito mais tempo na Europa.
O custo de desenvolvimento do tomate roxo geneticamente modificado, de 900 mil libras esterlinas (US$ 1,49 milhão), foi financiado por verbas para pesquisas da União Europeia, segundo a professora Martin - o que não deixa de ser um pouco irônico, uma vez que as próprias regulamentações do bloco dificultam a comercialização do produto e ameaçam torná-lo demasiado caro.
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Tomate roxo transgênico entra em teste - Instituto Humanitas Unisinos - IHU