Por: Jonas | 17 Setembro 2013
Rigoberta Menchú (foto) nasceu em Uspatán, Guatemala. Desde criança conheceu as injustiças e discriminações as quais os indígenas que vivem na extrema pobreza eram submetidos. Sua comunidade foi vítima de repressão por parte de proprietários de terras e o exército de seu país.
Fonte: http://goo.gl/fk7ccf |
Isso a levou a se envolver nas lutas reivindicativas dos povos indígenas. É uma líder indígena guatemalteca e defensora dos direitos humanos que incentivou as denúncias contra o genocídio guatemalteco, no qual foram assassinados, após sofrer múltiplas vexações, seu pai, mãe e dois irmãos (estes últimos ainda estão desaparecidos).
O genocídio guatemalteco ocorreu nos anos 1980, no marco do conflito armado interno na Guatemala (entre 1960 e 1996). Segundo o relatório “Memória do silêncio, Guatemala: nunca mais”, nessa época tiveram 200.000 pessoas desaparecidas/assassinadas.
Em razão de seu trabalho, em 1992, recebeu o Prêmio Nobel da Paz e em 1998 o Prêmio Príncipe de Astúrias, da Cooperação Internacional.
Esteve em nosso país (Argentina), na semana passada, para participar do Fórum Internacional pelos Direitos das Mulheres, organizado pelo Conselho Provincial das Mulheres, presidido pela ministra bonaerense Cristina Alvarez Rodríguez. No Fórum, participaram especialistas em gênero de diferentes pontos do planeta, como Marcela Lagarde, María Angeles Durán, Nieves Rico, Soledad García Muñoz, entre outras.
Na oportunidade, Rigoberta Menchú combinou com Adolfo Pérez Esquivel o envio de uma carta ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para recordar-lhe que “ele também é Prêmio Nobel da Paz” e, assim, repudiar a possibilidade de um ataque à Síria.
“Ajudamos a recuperar a credibilidade, então algo precisa ocorrer para que os cidadãos assumam sua responsabilidade individual. Sejam maias ou não maias, mulheres ou homens, o mais importante é que tenhamos essa consciência de uma tarefa cidadã”, propõe Rigoberta Menchú Tum, com seu típico huipil, com o qual é vista percorrer o mundo nos lugares onde é necessário escutar as vozes dos oprimidos. A Prêmio Nobel da Paz disse, entretanto, que 30 anos após a etapa mais violenta, conhecida como genocídio guatemalteco, seu país vive “uma etapa difícil”. Inclusive, hoje, a impunidade continua. “Não acredito que esta situação dure poucas décadas, porque os filhos dos perpetuadores do genocídio nunca irão reconhecê-lo. Os algozes não irão reconhecê-lo, tampouco os fascistas, e as pessoas estão com sua verdade e a verdade está aí. Isto é a Guatemala”.
A entrevista é de Sonia Santoro, publicada no jornal Página/12, 16-09-2013. A tradução é do Cepat.
Eis a entrevista.
O que aprendeu de seu pai?
Meu pai deixou muitas pegadas. Uma é a de que ele teve a capacidade de estar à frente de um grande movimento camponês. Fez parte do Comitê de Unidade Camponesa (CUC). Ele o liderou, esteve presente. Depois, esteve muito ligado à luta pela terra. Meu pai via a terra como nossa mãe, a grande floresta. Sempre buscava formas de produzir, sem devastar toda a terra. Buscava muita tecnologia camponesa para ver como melhorar, sem vender a terra como se fosse um negócio. Meu pai também era um catequista cristão fiel à Igreja. Trabalhava numa militância na Igreja católica. Era alguém que abria uma brecha. Em suas buscas, às vezes nos incluía. Levava-nos à comunidade, embora eu acredite que meus irmãos foram os que mais o acompanharam. Eram muitos homens os que andavam com ele, mas sempre incluía alguma de nós, mulheres.
E sua mãe? Ela era parteira?
Ela é outra tendência. Era parteira, via nascer os meninos, as meninas. A qualquer hora que viessem buscá-la, seja de uma floresta, uma montanha, agarrava suas coisas e ia. Contudo, também havia um procedimento para suas pacientes. Encontrava-se com elas desde os três meses de gravidez. Muitas delas davam à luz nas montanhas mais distantes e, do que eu me lembro, minha mãe nunca teve uma paciente que tenha morrido. Ela também usava muito as plantas medicinais, a medicina ancestral, o tratamento às mulheres num espaço sagrado que temos, que se chama temazcal.
Você aprendeu a ser parteira?
Sim, é uma das coisas que me dá muito prazer. Porque quando você tem uma mestra próxima de você, não se dá conta que possui uma mestra e não percebe que cada coisa que ela faz é um ensinamento, mas quando perde essa mestra, percebe tudo. Então, meu pai, é claro, tem uma liderança, é indiscutível que suguei um pouquinho da liderança de meu papai. Ensinou-me a falar, a tomar decisões. Levava-me com ele quando tinha 5 ou 6 anos. Ao contrário, minha mãe tornava possível buscar as plantas, processá-las para que lhe preparássemos as condições em alguns casos, para que acompanhássemos, despertando-nos toda noite, acompanhando de outro lugar, porque as senhoritas nunca estão presentes em um parto. Entretanto, nós ficávamos próximas.
Você teve seu filho nesta tradição?
Não, porque a vida que nós, mulheres, temos atualmente é uma vida de muitas pressões e minha gravidez era de grande risco e fiz uma cesariana.
Quando você era pequena pensava no que gostaria de ser quando crescer?
Eu admirava muitas coisas. Em minha terra, passava um avião e todo mundo saia para ver se conseguiam vê-lo no horizonte. Sempre era questionado porque não havia televisão, não havia energia elétrica, não havia estrada. Para nós, a cidade sempre havia sido um monstro. Então, nunca tivemos muita proximidade com a cidade, até os 16 anos. Eu tinha essa idade quando, primeiramente, parti para casas de freiras. Em seguida, para casas particulares. É outra vida incrível você se fazer prisioneira na casa do patrão, é assim. Trata-se de quase toda a experiência das mulheres que trabalham em casas particulares... não saem mais do que para ir ao mercado, que está próximo das casas e fazem a mesma coisa todos os dias. Não se aprende muito, caso você não tenha oportunidade de aprender mais. O lugar onde mais aprendi foi no convento, porque aí me ensinaram a alfabetização, em seguida, ganhei uma bolsa. Depois, eu fiz de primeira a quarta série num programa de educação de adultos e no ano seguinte o quinto, sexto. E quando meus pais morreram estava na escola secundária.
Que idade você tinha?
23 anos.
E como se sobrevive diante de tanta tragédia?
A espiritualidade maia é profunda. A primeira regra é estar em paz com os defuntos, e para isso é necessário trabalhar muito o interior. Sua qualidade mental, espiritual, junto ao conhecimento de que se deve ser feliz com pouco. Porque os rancores e os ódios são a própria inconformidade do ser humano. Querer reparar os fatos. Eu jurei não me calar frente à tortura, os desaparecimentos, a barbárie. Então, estive por trás da denúncia pública, de falar publicamente, de buscar os meios de comunicação, de dizer minha verdade. Muito consciente de que a minha verdade não é somente minha, é a verdade de outros. Então, essa missão social com qual eu assumi a barbárie que ocorreu com a minha família: meu irmão Patrocinio, que até agora não encontro seus restos; meu irmão Víctor, que sei que foi fuzilado em público, mas que até agora não encontro seus restos; de minha mãe que foi sequestrada, torturada, humilhada. Eu nunca poderia pensar que eu aguentaria essa humilhação. E, portanto, tenho que estar indignada frente a isso. Ou seja, a indignação, a potência, a pouca capacidade de resolver as coisas me fez ir aos organismos mundiais, aos meios de comunicação, sobretudo, os meios de comunicação mexicanos me deram a grande oportunidade de transcender junto a minha gente, com a história da Guatemala.
Você fez isto a partir do exílio...
Sim. Quatorze anos de minha vida realmente dedicados à denúncia. Foram terríveis esses anos, porque brigava contra um monstro, um sistema, alguns poderes fáticos muito assassinos. Então, ajudou-me muito pensar que não sabia onde estava o resto de minha família. Inclusive, pensei que minha irmã Anita havia morrido, talvez minha irmã Lucía e meu irmão Nicolás também. Se eu tivesse ficado sabendo que eles estavam vivos, talvez me tivessem freado, porque não se deseja colocar em risco mais uma pessoa, após todos os riscos que haviam corrido.
Quando você soube que estavam vivos?
Dez anos depois. Contudo, antes, foram oito anos de dedicação em fazer denúncias públicas. Em Genebra, há tantos arquivos de denúncias que fiz, pelo menos cinco vezes ao ano, ano após ano, na Comissão de Prevenção de Discriminações, no Grupo de Trabalho de Comissões Indígenas, no Comitê contra o Racismo e a Discriminação, ou seja, em todos os órgãos da ONU. Em Nova York, compareci anualmente na Assembleia Geral e não contava com nenhum respaldo do governo. Porém, sim, éramos uma equipe de guatemaltecos, de diferentes personalidades, que provemos as resoluções, que anualmente persuadíamos aos países para que patrocinassem as resoluções condenatórias daquilo que se vivia na Guatemala. Então, oito anos depois recebi uma carta do Movimento Insurgente na Guatemala, de seus altos comandos, para me dizer que minha irmã Anita havia morrido, que tinha caído. Eu a chorei por dois, três meses, e depois me veio outra notícia que haviam feito uma confusão, que não era ela. Que lindo quando ressuscitam um ser querido seu, quando você o conta como morto. Não apenas porque oito anos depois não sabia dela, mas, porque a primeira notícia que recebo é a que tinha morrido e, posteriormente, disseram-me que estava viva, foram como raras ressurreições. E quando me deram o Prêmio Nobel tive a oportunidade de que meu irmão Nicolás, minha cunhada Juana e seus filhos se aproximassem de mim. Então, estavam vivos. Ou seja, foi após o Prêmio Nobel que eu os vi pela primeira vez. Da mesma forma, minhas duas irmãzinhas mudaram-se para o México, já com filhos e filhas. Então, voltamos a reconstruir a família e um pouco antes conheci meu esposo Angel, então, começamos a viver, trabalhar juntos e a pensar numa família que não parecia clara, inicialmente, até que tivemos um filho um ano depois, Mash, que realmente mudou a nossa vida.
O que significa Mash?
Seu nome completo é Mash Nahual Ja, que quer dizer “espírito da água”. E colocamos Mash em homenagem aos ancestrais, porque em maia existem muitas interpretações. Em maia yucateca, Mash é “mono”, e no calendário maia o mono é o destino, é o tempo. E do avô, meu pai, seu signo no calendário maia é o tempo, que é simbolizado pelo mono. Conta com muito conteúdo.
Como é a situação hoje na Guatemala, após tanta luta?
A maior coisa que fizemos for ter acabado com o conflito armado interno. Não se pode fazer nada num país em guerra, num país com emboscadas, num país onde o crime está à flor da pele, seja por sua posição, seja porque você pensa diferente de uma ditadura, e isto nós vivemos na Guatemala. Então, finalizar o conflito armado é um dos maiores legados que deixamos. Segundo, recuperar a dignidade de todas as pessoas. Não apenas das vítimas de abuso, de violências, mas de todos os guatemaltecos. Porque somos vistos como o país mais criminoso, mais violento, o país onde, em silêncio, foram cometidos os grandes crimes contra a humanidade. Porque o nosso caso é completamente desenterrado após a Comissão de Esclarecimento Histórico das Nações Unidas, depois do trabalho que faz dom (Juan) Gerardi, que assassinaram após o relatório “Guatemala: Nunca mais”. Quando nós vínhamos denunciando desde os anos 1980, e parecia que ninguém acreditava, e parecia que pensavam que inventávamos histórias. Então, a dignificação de todos nós, pela verdade das vítimas e de todos os guatemaltecos, é uma etapa muito difícil. Inclusive, hoje, a impunidade continua. Não acredito que esta situação dure poucas décadas, porque os filhos dos perpetuadores do genocídio nunca irão reconhecê-lo. Os algozes não irão reconhecê-lo, tampouco os fascistas, e as pessoas estão com sua verdade e a verdade está aí. Isto é a Guatemala. Agora, não existe nenhum pretexto para que não voltemos a recuperar desde as famílias até aquilo que podemos fazer como cidadãos maiores de idade.
Portanto, não concordo quando as pessoas ficam se queixando como vítima para sempre. Nas comunidades precisa haver diálogo, tem que haver participação. É preciso ser responsáveis com o voto, porque lutamos muito para que as pessoas votem. Porque o Estado havia perdido muita credibilidade e o Tribunal Superior Eleitoral perdeu muita credibilidade ao longo de tantos anos em que foram permitidos golpes de Estado e uma enorme quantidade de rompimentos do Estado de direito. Ajudamos a recuperar a credibilidade, então algo precisa ocorrer para que os cidadãos assumam sua responsabilidade individual. Sejam maias ou não maias, mulheres ou homens, o mais importante é que tenhamos essa consciência de uma tarefa cidadã, para que nosso sistema seja totalmente normal.
O que se recupera com essa dignidade da qual você fala?
A Guatemala é belíssima, a paisagem, nossa identidade. Nós, maias, temos mais de 180 variedades de tecidos feitos por mulheres, estamos entrando fortemente com os tecidos no mercado internacional. Acredito que é preciso abrir uma porta para os artistas, ou seja, recuperar a dinâmica de um país rico, muito paradigmático na região porque temos muitos idiomas e conseguimos isto graças as nossas lutas, por exemplo, a oficialização de nossos idiomas.
Aplica-se?
Se não se utiliza é porque não o invocamos. Porque é certo que as leis são letras mortas quando apenas proclamam e não há protocolo de aplicação ou não há pressuposto para aplicá-las. Então, acredito que precisamos nivelar as coisas para que seja feito aquilo que as leis dizem que é preciso fazer em favor de um país pluricultural, multiétnico e multilíngue.
A Guatemala é um dos países com o maior número de femicídios. O que está sendo feito contra isto?
Há muito trabalho feito pelas organizações de mulheres, a partir das mulheres declaradas como movimento feminista, que possuem um grande trabalho educativo, jurídico. Há participação de mulheres muito diferentes, como Helen Mack ou Norma Cruz, mulheres que estão à frente porque estão diretamente vinculadas com a assessoria das mulheres que sofrem violência. Temos Claudia Paz como promotora geral do Ministério Público, que é o que acompanha os crimes. Ela sofreu os ataques que acomete uma mulher quando se coloca nos espaços de poder, pressão, difamação nos meios de comunicação. Todas sofrem isto. Inclusive, a juíza que julga o caso de Ríos Montt é uma mulher extraordinária, que sofreu os ataques mais terríveis. Há machistas que supõem que são doutores, mas são fascistas e anti-mulher. Contudo, é certo que a Guatemala é o cenário da crueldade, porque a crueldade implicou terrorismo de Estado, tortura, desaparecimentos, difamação da mulher como mensagem de violência. Há mulheres em que seus restos foram encontrados divididos em diferentes pontos e a imagem produz uma guerra psicológica do medo. Eu, como mulher, por medo de me criticarem, não participo; por medo de que digam que abandonei meu lar, acho melhor não participar; eu, como mulher, não posso denunciar porque irão dizer que estou inventando. E até a lei. Atualmente, caso eu denuncie um estupro, tenho que demonstrar o estupro.
A vítima tem que demonstrar que é vítima?
Exatamente. É como se eu tivesse que ser estuprada novamente diante do juiz para que acredite que sou vítima. Temos enfrentado tudo isso. Já existe um conjunto de normas que está para ser aprovado ou que aprovaram. O assédio sexual já é penalizado, já há instâncias que recebem denúncias de violência familiar, já é exigido dos homens que deem alimento aos filhos, caso haja uma separação. E o fato de estarmos discutindo em tribunais e não em denúncias paralelas.
Como é o caso do ditador Efraín Ríos Montt?
Muitas pessoas dizem que é um fracasso. Para nós não.
Mesmo que a sentença tenha sido anulada?
A sentença que foi ditada é sem precedentes. Acompanhou-se um processo onde se escutou as vítimas, onde foram recolhidos testemunhos. Sejam quais forem os planos da Corte Constitucional para ocultar o fato, é impossível ocultar porque formalmente as instâncias da Justiça guatemalteca receberam a informação. Não se pode dizer “tirem essas caixas com testemunhos e as retirem porque o julgamento não tem continuidade”; em todo caso, arquivaram-no com tudo. Isto é o mais importante. As perícias, os testemunhos, a antropologia forense, o rosto da tragédia guatemalteca estão na mesa do sistema legal. Então, que os engavetem não é problema nosso.
O que se conquistou com o julgamento?
Conquistou-se muitíssimo e eu conquistei mais porque durante muitíssimos anos disseram: “Rigoberta Menchú é mentirosa”, disseram que eu inventava os fatos. Nesta, eu não fui a autora principal, foram as mulheres, elas que disseram: “Olhem, 20 soldados me estupraram quando eu tinha 13 anos”.
Em seu país, você foi candidata a presidente por duas vezes. Irá voltar a se candidatar?
O que eu sempre fiz na vida foi abrir uma brecha, e estou completamente satisfeita em ter aberto uma porta para as mulheres na Guatemala, não importa sua etnia e sua educação elevada. Quando eu me lancei à candidatura presidencial, em 2007, nenhuma mulher estava disposta, nem sequer havia candidatas à prefeita, no máximo que a mulher chegava era a ser candidata à deputada, mas normalmente eram colocadas nas listas mais atrasadas. Então, saímos com muita humildade, numa campanha desigual, com um partido recém-nascido, sem estruturas, nem recursos. Fomos candidata. O que os candidatos presidenciais de mais de 26 partidos políticos – havia 14 candidatos – nunca puderam evitar foi a presença de uma mulher forte em qualquer cenário da campanha. Animou a muitas mulheres. Já na segunda campanha, havia três candidatas presidenciais. E depois, inclusive, temos uma vice-presidente do país.
Você fundou um partido próprio?
Fui cofundadora de nosso partido (Winaq). Com meu esposo nos colocamos na liderança da convocação dos maias e criamos o partido. Uma vez formado o partido era difícil que eu não o estreasse, assim, outra vez me vi obrigada a ser candidata, pela segunda vez, com um partido próprio. Atualmente, a esquerda diz que nós, indígenas, somos de direita e a direita diz que somos de esquerda. Então, romper esta dicotomia também é muito importante. Nós dissemos que este partido possui muitas direções, sobretudo aponta para a equidade étnica, de gênero, geracional, e à organização própria, fazendo uma campanha não comprada, nem vendida, que as pessoas confiem.
Neste momento, como está o partido?
Estamos no Congresso. Acabo de passar a secretaria geral do partido para um jovem de nossa bancada. Atualmente, tenho a secretaria de relações internacionais do partido. Os temas tem sido a transparência, combater a impunidade, em diferentes campos, mas, sobretudo, a questão fiscal: a impunidade na corrupção no manejo dos fundos públicos. E a vigilância e a assessoria dos povos indígenas para que também não caiam na corrupção, porque muitas de nossas instâncias maias, por ser intocáveis, permitem agir assim..., às vezes, há certa cumplicidade. Então, decidimos romper esses círculos.
O que resta para você fazer?
Escrever a verdade. Não apenas a memória de Rigoberta Menchú como uma memória coletiva, mas que tanto temos feito... Então, eu gostaria de escrever quatro ou cinco livros de diferentes facetas, desde menina, na juventude, na militância – porque sou uma militante -, meus professores, os desafios que a vida nos trouxe, um deles é a violência e há outros medos que tivemos e é preciso escrever isto. Porém, sobretudo, códigos de ética. Eu sempre disse que se nós somos coerentes com o que defendemos, certamente, somos iluminativos de um código de ética. E também gostaria de divulgar os ensinamentos ancestrais, porque acredito que a antropologia tem um freno, um fracasso. Então, eu gostaria de entrar no mundo acadêmico, mas isto não me tira o sonho.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
“Jurei não me calar ante a tortura e a barbárie”, afirma a guatemalteca Rigoberta Menchú - Instituto Humanitas Unisinos - IHU