28 Mai 2013
João Paulo II costumava descer ao confessionário da Basílica de São Pedro uma vez por ano, na Sexta-Feira Santa, por algumas horas. Ele se fechava dentro das grades dos antigos confessionários como um simples sacerdote. Qualquer um podia se aproximar e assim receber dele a remissão dos pecados. Bento XVI confessou em São Pedro apenas duas vezes, com os jovens da diocese de Roma em 2007 e 2008, e uma terceira vez em Madri durante a Jornada Mundial da Juventude de 2011. O Papa Francisco, ao invés, já nesse domingo, durante a sua primeira visita a uma paróquia romana, sem aviso prévio, pediu para poder confessar oito fiéis antes do início da missa.
A reportagem é de Paolo Rodari, publicada no jornal La Repubblica, 27-05-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O pároco da igreja dos Santos Isabel e Zacarias, situada na extrema periferia norte de Roma, Pe. Benoni Ambarus, romeno, conta: "Depois de ter saudado os doentes na igreja, antes de sair ao ar livre para presidir a missa, ele pediu para poder confessar. Assim, oito fiéis escolhidos ao acaso tiveram essa oportunidade".
Além disso, Bergoglio havia mencionado ainda no último sábado, durante a vigília de Pentecostes com os movimentos eclesiais, que ele sentia falta de poder presidir o sacramento da Penitência: "Quando eu vou confessar... ou, melhor, quando eu ia, agora eu não posso, porque sair daqui não é possível...", dissera.
Francisco, o pontífice que gosta mais do título de "bispo de Roma" do que de outros, escolhe por um domingo se fazer pároco e conquista as centenas de fiéis que acorreram nesse domingo, e com eles também as crianças que puderam receber dele a primeira comunhão.
Com as crianças, ele dialogou por um longo tempo na homilia, concedendo-se também algumas piadas. "Jesus nos salvou, e o que ele faz quando caminha conosco na vida? Essa é difícil, e quem souber ganha a competição", disse, sorrindo.
Em suma, nenhuma formalidade para uma visita a uma paróquia escolhida especificamente por ser longe: "A realidade é melhor compreendida não a partir do centro, mas a partir das periferias", explicou Francisco, que ao seu lado, além do clero local, tinha o bispo vigário de Roma, Agostino Vallini.
Antes que o papa chegasse, os paroquianos, referindo-se ao fato de que vivem às portas de Roma, haviam lhe escrito uma carta definindo-se como "sentinelas" da cidade. E ele tomou a palavra, dizendo: "Eu lhes agradeço pelo seu trabalho de sentinelas. Agradeço pela acolhida neste dia da Festa da Trindade. O papa está no Vaticano: enquanto hoje foi o bispo que veio aqui".
No fim da missa, depois da saudação à multidão do papamóvel, Bergoglio voltou ao Vaticano de helicóptero. Na Praça de São Pedro, ele recitou a oração do Ângelus e recordou o Pe. Pino Puglisi, "o sacerdote morto em Palermo pelos mafiosos em 1993", e que foi beatificado justamente no sábado passado.
"A máfia queria derrotá-lo – disse –, mas, na realidade, foi ele que venceu". E, então, a oração que reforça aquela que já havia sido feita por João Paulo II há 20 anos em Agrigento, para que "esses mafiosos mafiosas se convertam".
Na sexta-feira passada, o presidente dos bispos italianos, Angelo Bagnasco, também falara sobre Puglisi, explicando como o sacerdote foi morto sobretudo "por ódio à fé" antes que por motivos "de máfia".
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Francisco, bispo de Roma, visita a periferia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU