Parabéns, frei Carballo! Novo secretário do dicastério para a Vida Religiosa

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Por: Jonas | 08 Abril 2013

Dedicado aos que diziam que os gestos do papa Francisco eram puros cosméticos cenográficos e que seu verdadeiro valor seria visto na tomada de decisões. Chegou a primeira importante decisão: a primeira nomeação curial do novo papa. E para isto foi buscar o até agora ministro geral dos franciscanos, o ourense frei José Rodríguez Carballo (foto). Tornando-o secretário do dicastério para a Vida Religiosa, que gere os mais de 900.000 freis e freiras de todo o mundo. O exército dos anjos dos pobres. Uma nomeação que se converte em toda uma declaração de intenções.

O artigo é de José Manuel Vidal, publicado no sítio Religión Digital, 06-04-2013. A tradução é do Cepat.

Em primeiro lugar, significa uma aposta na Vida Religiosa, que está de volta às altas esferas do serviço eclesial. De onde nunca deveria ter saído. Suas ordens e congregações estão decantadas pelo passar do tempo. Cheiram a História e a profunda entrega à Igreja com seus três votos de pobreza, castidade e obediência. Reúnem o melhor da espiritualidade crente e seus freis, freiras e monges sempre estiveram nas fronteiras intelectuais, espirituais, sociais e morais. Toda uma garantia para o papado dos pobres e para o Papa que sonha com “uma Igreja pobre e para os pobres”.

A nomeação de frei Carballo significa, também, um respaldo à sua ordem. A ordem da qual cujo fundador o papa escolheu seu nome. Francisco, rodeado de franciscanos na sala de decisões da Igreja. Cercado por freis humildes, simples, que não buscam o poder, nem a carreira, que abençoam e nunca maldizem, que vivem com o santo e são o sinal de “Paz e bem”. Bons, mas aguerridos.

E, é claro, a nomeação de frei Carballo é um reconhecimento do seu valor pessoal. Pobre e filho de pobres. Seus pais, camponeses, tiveram que emigrar para a Alemanha. Nunca esqueceu suas raízes ourenses, todos os verões, e sempre que pode, retorna para Lodosedo.

O frei galego é poliglota, bem formado, com competências de governo (não é por acaso que está na direção dos franciscanos desde 2003) e, sobretudo, é boa pessoa. É daqueles que, como o Papa, transmite, seduz. Um exemplo que une por seu testemunho vital com as pessoas de hoje.

Anteontem, Jesús Bastante o entrevistava para a RD. E, entre outras coisas, ele dizia que “o Papa quer reformar a Cúria Romana”. Estava no certo. A reforma começou com sua nomeação. Uma nomeação que aponta para a almejada renovação da sala de máquinas da Igreja.

Para fazê-la, o papa conta com todo o apoio do povo de Deus e com o aval quase plebiscitário do colégio cardinalício. E com a oração do Papa emérito. Não são poucos apoios. Ele necessitará de todos eles. As maquinarias organizativas levam em seu DNA o perpetuar, crescer e engordar sem parar. O difícil não será tanto suprimir alguns Conselhos Pontifícios ou, inclusive, alguns dicastérios e recolocar seus presidentes, mas redimensionar e limpar os segundos, terceiros e quartos níveis, abarcados quase em sua totalidade pelos novos movimentos.

Novos movimentos que, sempre camaleônicos, já estão se virando para Francisco. Agora, concluem que este é o Papa dos novos movimentos. Todos o querem e o adoram. Rivalizam para lhe render homenagem pública, mas suas bases murmuram e lançam todo tipo de insinuações contra o Pontífice: a de que não respeita a liturgia, que não sabe Teologia, que se exibe diante dos meios de comunicação...

Limpeza, Santidade. Tome a vassoura que o seu antecessor lhe deixou e também se converta no novo “varredor de Deus”.