Por: André | 11 Fevereiro 2013
Sua nomeação passou praticamente despercebida, mas é a prova da extrema confiança dada por Bento XVI à prelatura da Opus Dei na estratégia de “limpeza silenciosa” da Cúria Romana após o tsunami que representou o escândalo “vatileaks”. As licitações do Estado da Cidade do Vaticano têm agora um novo controlador: Rafael García de la Serrana Villalobos.
A reportagem é de Andrés Beltramo Álvarez e está publicada no sítio Vatican Insider, 07-02-2013. A tradução é do Cepat.
Em 26 de janeiro, o sacerdote foi nomeado como subdiretor da Direção dos Serviços Técnicos do Governadorado do “menor Estado do mundo”. Uma escolha nada casual se se considera que até há poucos dias desempenhava a função de responsável pela logística da casa geral da Opus Dei em Roma.
Perto dos 50 anos, foi ordenado presbítero no dia 23 de maio de 2009. Uma clássica “vocação tardia”, surgida no seio da realidade fundada por São Josemaría Escrivá de Balaguer. Engenheiro por profissão em sua “vida anterior”, conta com os conhecimentos necessários para sua nova encomenda.
Chegará a uma estrutura que, em 2012, viveu um “ano conturbado” em consequência do “vatileaks”, o escândalo pela publicação de documentos confidenciais roubados do apartamento papal pelo ex-mordomo, Paolo Gabriele. Acontece que entre os materiais vazados pelo “corvo” e contidos no livro Sua Santidade. As cartas secretas de Bento XVI aparece uma carta dirigida ao Papa e redigida pelo bispo Carlo Maria Viganó, ex-secretário geral do Governadorado, na qual denuncia “a corrupção” e “o descontrole” na direção dos Serviços Técnicos. Exatamente!
Embora o Vaticano tenha negado várias vezes tal desgoverno, Viganó escreveu que “a direção dos serviços técnicos era a mais comprometida por evidentes situações de corrupção: trabalhos confiados sempre às mesmas empresas, a custos ao menos o dobro dos praticados fora do Vaticano (...) Um reino dividido em pequenos feudos: edilícia interna, edilícia externa, gestão caótica das adegas, uma situação inimaginável, mas bem conhecida por todos na cúria”.
Como exemplo desse descontrole citou o presépio da Praça São Pedro que, em 2009, teria custado 550.000 euros e em 2010, após uma operação de corte, seu preço teria baixado para 300.000. Um caso embaraçoso que obrigou a uma drástica intervenção. Em 2012, a montagem de Natal contou com o financiamento da região italiana da Basilicata e custou às arcas vaticanas apenas 21.800 euros.
Com o novo subdiretor dos Serviços Técnicos a Opus Dei não só reforçou sua presença na Cúria Romana, onde vários de seus membros ocupam postos chaves, mas demonstrou ser a instituição mais próxima ao Papa durante o difícil 2012.
Os exemplos abundam. O cardeal Julián Herranz foi o chefe da comissão encarregada de investigar a origem do vazamento de notícias ou o jornalista norte-americano, Greg Burke, que tomou as rédeas da estratégia de comunicação da Secretaria de Estado. Todos homens da Opus Dei. Todos empenhados em encontrar soluções para a crise do “vatileaks”.
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A Opus Dei e a “limpeza silenciosa” de Bento XVI - Instituto Humanitas Unisinos - IHU