Por: Jonas | 25 Fevereiro 2012
A Universidade de Oxford será o cenário, esta tarde, de um histórico duelo intelectual sobre as origens do ser humano. O arcebispo de Cantuária, Rowan Williams, e o biólogo evolucionista britânico, Richard Dawkins, oferecerão, ao vivo, um novo salto no seu debate sobre a pergunta definitiva: Quem criou o Homem, Deus ou o “big bang”? As entradas para o evento, que acontecerá no teatro Sheldonian da prestigiosa Universidade, foram esgotados em poucas horas.
A reportagem é de Borja Bergareche e está publicada no jornal Abc, 23-02-2012. A tradução é do Cepat.
Uma avidez intelectual que não se estranha num país em que o debate sobre o papel da religião na vida pública parece estar mais vivo do que nunca.
Dawkins é um conhecido defensor das teorias evolutivas, e um apaixonado crítico das visões religiosas e criacionistas sobre a origem da vida. A fama veio com a publicação, em 1976, de “El gen egoísta” (O gene egoísta). Em 2006 publicou “El espejismo de Dios” (A miragem de Deus), uma obra que gerou forte polêmica por concluir que não existe um ser superior e que a religião não é mais que uma falsa crença, uma ilusão.
À frente terá o arcebispo da Cantuária, um influente intelectual, considerado progressista, que protagonizou numerosos debates públicos sobre questões relacionadas com a religião. A discussão desta tarde leva o título “A natureza do ser humano e a questão de sua origem última”, e será moderado pelo filósofo Anthony Kenny. Os dois pugilistas da mãe de todas as perguntas possuem ligações com Oxford, local em que Williams estudou Teologia e Dawkins Zoologia.
Na semana passada, a fundação que o biólogo dirige publicou uma pesquisa, encarregada pela empresa Ipsos Mori, segundo a qual um terço dos cristãos britânicos não acredita na ressurreição de Jesus, e até três quartos não acreditam que a religião “deva influir em assuntos públicos”. Os resultados da sondagem reavivaram o debate sobre as crenças religiosas na sociedade britânica, com fortes críticas da imprensa conservadora. “The Sunday Times” publicou, neste mesmo domingo, uma reportagem sobre supostas atividades escravistas dos antepassados de Dawkins.
Erros cristãos e ateus
“Descobrimos que seus antepassados tinham escravos na Jamaica nos séculos XVII e XVIII. O que você tem a dizer?”, perguntou o jornalista na sexta-feira, como explicou Dawkins em seu blog. “Provavelmente os seus antepassados também”, ele contestou. Dawkins foi protagonista, duas semanas atrás, de um deslize radiofônico que favoreceu as delícias de seus críticos, quando foi incapaz de citar o título inteiro de “A origem das espécies”, de Charles Darwin (o título completo é “Sobre a origem das espécies mediante a seleção natural ou preservação das raças favorecidas na luta pela vida”).
A armadilha da pergunta foi lançada pelo reverendo Giles Fraser – conhecido por sua demissão da catedral de São Paulo durante o acampamento do movimento “ocupar a bolsa” – como resposta a outros dados contidos nas pesquisas de Darkins: em que 64% dos que se identificam como cristãos no Reino Unido são incapazes de reconhecer o Evangelho de São Mateus como o primeiro livro do Novo Testamento.
A discussão ganhou uma dimensão política quando uma ministra mulçumana do governo de David Cameron alertou contra o “laicismo militante” durante sua visita ao Vaticano, semana passada. O debate recolherá, sem dúvidas, todas essas arestas de uma apaixonante polêmica, que poderá ser acompanhado no endereço www.originsofnature.com.
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O debate entre Dawkins e Rowan Williams, primaz da Igreja Anglicana - Instituto Humanitas Unisinos - IHU