29 Novembro 2019
A vinda do Filho do Homem será como no tempo de Noé. Porque, nos dias antes do dilúvio todos comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. E eles nada perceberam, até que veio o dilúvio, e arrastou a todos. Assim acontecerá também na vinda do Filho do Homem. Dois homens estarão trabalhando no campo: um será levado, e o outro será deixado. Duas mulheres estarão moendo no moinho: uma será levada, a outra será deixada.
Portanto, fiquem vigiando! Porque vocês não sabem em que dia virá o Senhor de vocês.
Compreendam bem isto: se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, certamente ficaria vigiando, e não deixaria que a sua casa fosse arrombada. Por isso, também vocês estejam preparados. Porque o Filho do Homem virá na hora em que vocês menos esperarem.
Leitura do Evangelho de Mateus 24,37-44. (Correspondente ao 1° Domingo do Advento, ciclo A, do Ano Litúrgico).
O comentário é de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.
Neste domingo, nomeado primeiro domingo de Advento, inicia-se um novo ano litúrgico. O Advento é um tempo para fortalecer a esperança. É um período de preparação para redescobrir a presença do Senhor no mundo e a Vida que germina no silêncio e principalmente nos espaços pobres e marginalizados da sociedade. Neste novo ano litúrgico a Igreja nos propõe a leitura e meditação do evangelho de Mateus.
Lembre-se de que o evangelho de Mateus foi escrito para uma comunidade de cristãos, na sua maioria, de origem judaica. Mateus, chamado também o evangelho eclesial, busca formar os neobatizados nos diferentes aspectos da vida comunitária e eclesial. Pela origem judaica dos cristãos da comunidade, muitas vezes aparecem referências ao Antigo Testamento porque é uma forma pedagógica de que os judeus conversos possam compreender e aderir melhor à proposta de Jesus.
Uma palavra que ressoa neste tempo de advento é vigiai! Tempo de espera e de vigília para acolher a presença de Deus que nasce no meio nosso. O eixo central deste tempo é a espera na vinda do Senhor! Diante desta proposta somos chamados a perguntar-nos: o que é esta vinda do Senhor? Que significa? Como é preciso preparar-se para acolher pessoal e comunitariamente esta presença do Senhor que vem e responder aos seus desafios?
O Advento faz referência a um futuro próximo e por isso nos compromete num momento especial para rever nossa vida e assim preparar-nos para a Presença do Senhor, um tempo de transformação e de mudança interior. Disse Paulo aos romanos na segunda leitura deste domingo: “A noite vai avançada, e o dia está próximo. Deixemos, portanto, as obras das trevas e vistamos as armas da luz” (Rm 13,12).
Há um chamado a conversão, a deixar a vida das trevas e começar a vida na luz. As trevas simbolizam realidades e situações negativas que geram injustiça, indiferença, opressão, cobardia, indiferença. A luz, pelo contrário expressa a liberdade de quem não tem nada que ocultar e vive assim na liberdade dos filhos/as de Deus.
Na nossa sociedade ha muitas situações que somente produzem trevas e envolvem assim a vida de muitas pessoas. Neste tempo de Advento somos chamados a conversão, a transformação profunda: deixar aquilo que nos leva as trevas, a viver no escondido, escravos da nossa própria escuridão. O Senhor vem iluminar nossa escuridão para transforma-la pela sua presença em Luz que nos liberte e gere claridad ao nosso redor, e impregne de luminosidade na nossa própria vida.
Continuamente chegam até nós tristes notícias de violência, de guerras, de lutas sociais, políticas, econômicas, culturais, acompanhadas de mortes, sofrimentos, pessoas que devem deixar suas terras porque estão sendo assassinadas e perseguidas. Como disse o papa Francisco: “Gritam as pessoas em fuga apinhadas em navios, em busca de esperança, sem saber que portos poderão recebê-las na Europa, uma Europa que, no entanto, abre os portos para embarcações que vão carregar armamentos sofisticados e caros, capazes de produzir devastações que não poupam nem as crianças”.
O evangelho de Mateus situa-nos entre a primeira e a última vinda do Senhor. Estamos num tempo de caminho, somos caminhantes que dirigem seu olhar no definitivo, mas comprometidos no presente do nosso mundo. A narrativa de Mateus que se lê hoje procura acordar a comunidade cristã e convidá-la a abrir os olhos para descobrir o agir de Deus no cotidiano da vida: “trabalhando no campo”, “moendo no moinho”.
O que é necessário para viver nesse espírito de vigilância e não nos perdermos de “ver”, “escutar” e encontrar-nos com o Senhor diariamente? É de grande ajuda para cultivar este espírito de vigilância viver com um coração agradecido (Col 3,15).
Para meditar neste tempo de Advento que se inicia, deixemos ressoar o pedido do Papa Francisco: “ouvir o grito de tantos que nos últimos anos tiveram sua esperança roubada [...] Aqueles que não têm comida, aqueles que não têm assistência médica, que não têm escola, os órfãos, os feridos e viúvas elevam suas vozes para o alto. Se os corações dos homens são insensíveis, não o é o coração de Deus, ferido pelo ódio e pela violência que pode se desencadear entre as suas criaturas, sempre capaz de se comover e cuidar deles com a ternura e a força de um pai que protege e que orienta. Mas - acrescentou o Papa - às vezes penso também na ira de Deus que se abaterá contra os responsáveis dos países que falam de paz e vendem armas para fazer essas guerras. Essa hipocrisia é um pecado". Texto completo: Papa Francisco: “A ira de Deus se abaterá contra aqueles que falam de paz e vendem armas para fazer essas guerras".
Na primeira leitura que lemos neste domingo o Profeta Isaias expressa a convergência de todos os povos da terra que avançam e sobem a montanha ao encontro do Senhor. No seu cântico o profeta expressa a irresistível atração da Palavra de Deus: eles desejam conhecer o Senor e são atraídos pela sua palavra libertadora e geradora de vida.
Deixemos que as palavras deste belo cântico do Profeta ecoem no nosso interior e no espirito das nossas comunidades e grupos familiares para crescer numa esperança ativa e operante!
Que as palavras deste texto do Profeta Isaias ecoem no nosso interior e no espirito das nossas comunidades e grupos familiares para crescer numa esperança ativa e operante!
Visão de Isaías, filho de Amós,
acerca de Judá e de Jerusalém:
Sucederá, nos dias que hão de vir,
que o monte do templo do Senhor
se há de erguer no cimo das montanhas
e se elevará no alto das colinas.
Ali afluirão todas as nações
e muitos povos ocorrerão, dizendo:
«Vinde, subamos ao monte do Senhor,
ao templo do Deus de Jacob.
Ele nos ensinará os seus caminhos
e nós andaremos pelas suas veredas.
De Sião há de vir a lei
e de Jerusalém a palavra do Senhor».
Ele será juiz no meio das nações
e árbitro de povos sem número.
Converterão as espadas em relhas de arado
e as lanças em foices.
Não levantará a espada nação contra nação,
nem mais se hão de preparar para a guerra.
Vinde, ó casa de Jacob,
caminhemos à luz do Senhor.
Isaías 2,1-5
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