03 Agosto 2018
Quando a multidão viu que nem Jesus nem os discípulos estavam aí, as pessoas subiram nas barcas e foram procurar Jesus em Cafarnaum.
Quando encontraram Jesus no outro lado do lago, perguntaram: «Rabi, quando chegaste aqui?». Jesus respondeu: «Eu garanto a vocês: vocês estão me procurando, não porque viram os sinais, mas porque comeram os pães e ficaram satisfeitos. Não trabalhem pelo alimento que se estraga; trabalhem pelo alimento que dura para a vida eterna. É este alimento que o Filho do Homem dará a vocês, porque foi ele quem Deus Pai marcou com seu selo».
Então eles perguntaram: «O que é que devemos fazer para realizar as obras de Deus?». Jesus respondeu: «A obra de Deus é que vocês acreditem naquele que ele enviou». Eles perguntaram: «Que sinal realizas para que possamos ver e acreditar em ti? Qual é a tua obra? Nossos pais comeram o maná no deserto, como diz a Escritura: ‘Ele deu-lhes um pão que veio do céu’».
Jesus respondeu: «Eu garanto a vocês: Moisés não deu para vocês o pão que veio do céu. É o meu Pai quem dá para vocês o verdadeiro pão que vem do céu, porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo». Então eles pediram: «Senhor, dá-nos sempre desse pão».
Leitura do Evangelho de João 6, 24-35 (Correspondente ao 18° Domingo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico).
O comentário é de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.
Este domingo e os que seguem continua-se lendo o capitulo seis do Evangelho de João, conhecido como o discurso do Pão de Vida, próprio desse Evangelho. Nele Jesus continua a ensinar caraterísticas essenciais no seu seguimento.
Hoje reaparece a temática da multiplicação dos pães e dos peixes que ao longo do capítulo transforma-se num debate com diferentes interlocutores. Neste momento são os galileus os que receberam ou beneficiaram-se da multiplicação dos pães. Mais adiante serão os judeus que são críticos com Jesus. Aparecem depois os discípulos e discípulas de Jesus, para finalizar com o grupo que está sempre ao lado de Jesus: os Doze.
O diálogo apresentado no texto revela a dificuldade da comunidade cristã para compreender e acolher Jesus como Pão de Vida, aquele que sacia a fome profunda que há em toda pessoa. Mas para isso devem reconhecer essa fome que não se satisfaz unicamente com o alimento que perece ou com a água que sacia a sede, como a samaritana no capítulo quarto. O texto termina com os judeus suplicando: “Senhor, dá-nos sempre desse pão”.
Quando a multidão viu que nem Jesus nem os discípulos estavam aí, as pessoas subiram nas barcas e foram procurar Jesus em Cafarnaum.
Jesus já não está mais junto deles. E a multidão o procura, o busca, porque ele saciou sua fome, e para eles é o profeta.
A multidão apercebe-se que Jesus passou para “o outro lado” e também eles devem passar para o outro lado. Jesus já está em Cafarnaum e eles dirigem-se ao seu encontro.
Imaginemos este grupo de pessoas preocupadas porque esse profeta já não está junto deles! Mas eles não duvidam, sobem nas barcas e vão aonde escutaram que está Jesus. Não é uma travessia em vão, eles o encontram!
Quando encontraram Jesus no outro lado do lago, perguntaram: “Rabi, quando chegaste aqui?”.
O termo Rabi nos coloca na atmosfera do ensinamento. Jesus não responde à pergunta e denuncia que eles o procuram por terem visto sinais, porque comeram o pão e se saciaram. Jesus procura esclarecer que na sua busca há intenções que precisam ser aclaradas. A multidão ficou feliz pelo alimento que os deixou satisfeitos, mas não percebeu que era uma manifestação da presença de Deus em Jesus.
Por isso disse-lhes que se eles o procuram simplesmente pelo alimento que “estraga”, continuarão a ter fome. A proposta de Jesus gera uma revolução total: Não trabalhem pelo alimento que se estraga; trabalhem pelo alimento que dura para a vida eterna.
A pedagogia de Jesus mostra-se uma vez mais neste texto, na sua tentativa de apresentar-se a partir de um sinal para revelar-se a si mesmo como o dom de Deus.
Jesus vem trazer algo primordial. Ele não proporciona o alimento que se obtém pelo esforço e a partilha entre os seres humanos, mas traz o alimento que sacia a fome profunda que há em toda pessoa e que gera solidariedade, convivência e justiça social. É este alimento que o Filho do Homem dará a vocês, porque foi ele quem Deus Pai marcou com seu selo.
Este é o dom da sua Pessoa que somos convidados e convidadas a acreditar e acolher! A obra de Deus é que vocês acreditem naquele que ele enviou.
Eles perguntam o que devem fazer para agradar a Deus e Jesus responde que a “Obra de Deus” é que eles acreditem naquele que Ele enviou: sua própria pessoa. Eles não entendem e continuam a pedir.
Nos diálogos do texto, Jesus purifica a fé de seus seguidores e neste momento manifesta-se a dificuldade dos fariseus em quebrar a segurança de sua fé. Mas Jesus relativiza o sistema mosaico, respondendo que o sinal era de Deus, não de Moisés: Eu garanto a vocês: Moisés não deu para vocês o pão que veio do céu. É o meu Pai quem dá para vocês o verdadeiro pão que vem do céu, porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo.
Esse mesmo Deus propicia-lhes neste momento o verdadeiro Pão, que é aquele que vem de Deus e dá vida ao mundo. Termina o diálogo com a súplica da multidão: “Senhor, dá-nos sempre desse pão”.
Somos convidados hoje a ir à procura de Jesus, passar para o outro lado, aquele onde Jesus se encontra e deixar-nos instruir e ensinar por Ele.
Acreditamos realmente nele? Cada vez que escutamos sua Palavra ou participamos da Eucaristia acreditamos nele e recebemos sua presença em nossas vidas?
Jesus hoje nos faz uma pergunta que fica aberta para responder ao longo destes dias: Quais são nossas intenções quando vamos à sua procura?
Confissão de fé do Povo de Deus
Mulheres e homens,
de muitos sangues,
porém de um só coração
e numa mesma Pátria Grande,
Te confessamos e Te amamos
como o Coração do Céu
e o Coração da Terra,
em todos os tempos adorado
por todas as culturas,
caminho em todos os caminhos dos Povos.
........
Confiamos na força e no júbilo do teu Espírito,
que nos sustenta e nos impulsa
e nos faz cantar e dançar
e nos leva pelas veredas da utopia,
apesar da dor
e contra o império da destruição.
Sabemos que vencerá os ídolos da morte,
adorados no lucro e na prepotência,
assassinos de milhões de vidas,
meninas e adultas,
em nosso continente e em todo o Terceiro Mundo.
Cremos que nos amas,
porque és o Amor.
Sabemos que nos queres sempre mais semelhantes a Ti,
Vida, Presença e Comunhão,
mulheres novas e homens novos,
na comunidade fraterna de teu Povo,
a caminho da Terra sem males,
o novo Céu e a nova Terra
que nos tens preparado como herança.
Dom Pedro Casaldáliga
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O Pão que dá vida ao mundo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU