30 Novembro 2018
A comunidade científica o critica; o governo chinês abriu um inquérito porque na China é proibido mudar genes para dar origem a novos nascimentos. Mas a indústria genética recebe financiamentos substanciais do Estado. Parques industriais genéticos estão surgindo em Guangdong, Anhui, Fujian e Jiangsu. O governo os financia junto com empresas privadas e internacionais. He Jiankui é sócio de muitas delas e tem relações de trabalho com todas.
A informação é de Paul Wang, publicada por Asia News, 29-11-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
Continua a gerar discussão o experimento conduzido pelo cientista He Jiankui, que teria modificado o DNA de embriões para protegê-los do HIV, trazendo à vida duas meninas, Lulu e Nana, imunes à doença do pai, portador de HIV. Mas causa discussão principalmente sua ligação com várias indústrias farmacêuticas que trabalham no campo da genética.
Ontem, na Cúpula Internacional sobre a modificação do genoma humano, em curso em Hong Kong, ele pediu desculpas pelo vazamento de notícias, mas não pelo experimento e, aliás, disse que espera "outra gravidez potencial" com genes modificados.
Alguns de seus colegas o acusaram de ter "usado um canhão para acertar um passarinho": para proteger do HIV, existem métodos mais simples, que não envolvem o DNA. A preocupação ética e científica é que ainda não se conhecem as consequências das modificações dos genomas, que, uma vez alterados, correm o risco de se tornarem hereditárias e comprometer as gerações futuras.
Por essa razão, a comunidade científica internacional concorda com os experimentos, mas barra a implantação de embriões modificados para dar à luz a seres humanos, exigindo maior prazo para verificar seus efeitos e informar o público.
As modificações nos genes para dar vida a novos nascimentos humanos são proibidas em muitos países, incluindo a China. Mas as técnicas já são usadas em abundância para plantas e animais: em cogumelos, insetos, porcos e tomates.
O Ministério chinês da Saúde e da Ciência e Tecnologia decidiu abrir um inquérito para verificar se He Jiankui violou a lei, que desde 2003 proíbe experimentos de mutações de genes em embriões humanos.
O cientista tentou proteger a Universidade de Shenzhen e o hospital onde trabalhava das críticas. De acordo com a mídia local, ele disse que pagou os experimentos do "próprio bolso", mesmo utilizando fundos de pesquisa alocados pelo Estado.
Na China está ocorrendo um verdadeiro boom de indústrias genéticas e o governo está financiando muitas empresas e laboratórios para dominar essa indústria nascente e competir com os Estados Unidos, já muito avançados nesse campo, mas limitados pelas leis e proibições religiosas.
Parques industriais genéticos estão surgindo em Guangdong, Anhui, Fujian e Jiangsu. O governo os financia junto com empresas privadas e internacionais.
He Jiankui é acionista (até 63%) em 6 dessas companhias; é diretor ou presidente em 4 deles, ou representante legal em 6.
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He Jiankui, o cientista manipulador de genes, grande acionista da indústria genética - Instituto Humanitas Unisinos - IHU