Vaticano participa da elaboração do texto inter-religioso contra a eutanásia e o suicídio assistido

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23 Novembro 2018

O Vaticano anunciou que está preparando um documento inter-religioso sobre o tema do fim de vida, elaborado e assinado por cristãos e judeus com a participação de representantes do Islã, com particular referência ao "perigo de legalizar a eutanásia e o suicídio médico assistido, em vez de garantir os cuidados paliativos e o pleno respeito da vida que é dom de Deus".

A reportagem é de Salvatore Cernuzio, publicada por Vatican Insider, 22-11-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.

Papa Francisco "abençoou" essa iniciativa, da qual foi informado durante uma audiência privada concedida, na segunda-feira à tarde, aos membros da Comissão Bilateral das delegações do Grão Rabinato de Israel e da Comissão da Santa Sé para as Relações Religiosas com o Judaísmo, que se reuniram em Roma de 18 a 20 de novembro para refletir sobre o tema: A dignidade do ser humano, ensinamentos do judaísmo e catolicismo sobre as crianças.

Francisco, encontrando-se com eles no Palácio Apostólico, garantiu seu empenho pessoal neste campo e para o avanço das relações entre católicos e judeus, dizendo: "Somos irmãos e filhos do único Deus, e devemos trabalhar juntos pela paz, a mão na mão".

No final dos seus trabalhos os membros da Comissão - liderados pelo lado judaico pelo rabino Rasson Arusi e pelo lado católico pelo cardeal Peter Appiah Turkson, Presidente do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral - emitiram uma declaração conjunta na qual, reiterando os “princípios de inviolabilidade da vida humana e da inalienável dignidade da pessoa" a partir da Declaração Universal dos Direitos Humanos e, em especial, da Convenção de 1989 sobre os Direitos da Criança, salientaram que: "Temos um dever especial para com os membros mais fracos das nossas comunidades e, em especial, em relação às crianças, garantes das gerações futuras, que ainda não estão aptos a expressar todas as suas potencialidades e se defenderem sozinhos".

"O respeito pela dignidade pessoal das crianças – consta do documento - deve ser expresso, oferecendo-lhes uma ampla gama de estímulos e instrumentos para desenvolver sua capacidade de reflexão e ação". Portanto, é necessário "que as crianças não apenas se sintam o objeto de atenção apropriada e amorosa, mas também que estejam ativamente envolvidas, de modo que suas potencialidades cognitivas e práticas sejam desenvolvidas".

Para que isso aconteça, "é preciso alimentar as relações de amor autêntico e estável, e garantir a nutrição adequada, saúde e proteção, bem como a necessária educação religiosa e escolar, a educação informal e o cultivo da criatividade”', afirmaram as duas delegações.

Eles, portanto, dirigem-se à sociedade como um todo, mas chamam em causa especialmente os pais, professores e guias religiosos, que "têm uma responsabilidade especial pelo amadurecimento moral e espiritual das crianças". Ao mesmo tempo, os membros da Comissão destacam "a tensão entre o empenho em garantir a máxima liberdade de escolha, e aquele de assegurar proteção e orientação prudente. Tudo isso - escrevem - exige uma abstenção de qualquer outra instrumentalização da outra pessoa, cuja dignidade deveria ser sempre considerada como um fim em si e por si”.

Judeus e católicos também concordam que, para garantir "o desenvolvimento saudável das crianças", é especialmente importante familiarizá-las com o legado bíblico que os judeus e cristãos compartilham". A Comissão, portanto, solicita que sejam "estudados nas respectivas comunidades esses textos das Sagradas Escrituras comuns". Além disso, eles concluem, "o ensinamento da Nostra Aetate e documentos subsequentes sobre as relações judaico-cristãs, deveriam ser amplamente conhecidos e divulgados em ambos as comunidades", a fim de dar um impulso a uma "abençoada crescente reconciliação e cooperação entre judeus e católicos, para o benefício dos fiéis e da sociedade como um todo".

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