26 Abril 2018
Roberto Mela, teólogo italiano, comenta o livro Gilbert Dahan - Sophie Delman – Marcel Durrer, San Francesco e la Bibblia. Letture medievali del testo sacro (São Francisco e a Bíblia. Leituras medievais do texto sagrado, em tradução livre), EDB, Bologna 2018 (or. fr. Paris 2014), pp. 192, em artigo publicado por Settimana News, 22-04-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
O volume é a tradução italiana do prestigioso Cahiers Évangile Supplément n. 169, de setembro de 2014.
San Francesco e la Bibblia. Letture medievali del testo sacro
Autores: Gilbert Dahan, Sophie Delman e Marcel Durrer
EBD, 2018, 192 p., € 22,50
Os três estudiosos investigam a presença da abordagem científica no estudo da Bíblia, juntamente com a predicação que, desde o início do movimento franciscano, foi colocado em movimento para combater o afrouxamento do clero e a proliferação das correntes heréticas.
A especificidade da exegese e da predicação franciscana não reside nos métodos - também comuns aos dominicanos - quanto na recorrência de temas específicos ou atitudes particulares.
O primeiro destes é a referência ao fundador (ausente em Antônio de Pádua, será enorme na geração sucessiva: Boaventura, Pierre de Jean Olivi que confere a São Francisco uma função fundamental, uma espécie de representação dos momentos-chave na vida de Jesus), o tema da pobreza e a centralidade de Cristo.
Durrer estuda a Bíblia de Francisco e de seus frades (pp. 23-56). Eles recorrem ao texto bíblico para garantir a autenticidade da sua escolha de vida (cf. Regra Bulada).
Os escritos de São Francisco são essencialmente compostos por passagens das escrituras. O Antigo Testamento é mencionado 156 vezes, o Novo Testamento 280.
Nas fontes franciscanas quatro histórias contam sobre a descoberta do Evangelho por Francisco e os primeiros frades. É preciso ler a Palavra de Deus com o Espírito. Sem ele o texto mata, mas sem o texto, o Espírito permaneceria mudo.
"Littera" para Francisco indica a Escritura como um todo, "verba" a ciência das palavras, o significante. O espírito da “Littera” seria o significado, o sentido profundo que é a sua implementação prática.
Francisco compõe coleções de passagens bíblicas para ter certeza que está se expressando com as palavras certas. O texto dos sinópticos mais comentados na Regra não bulada é a regra de ouro.
O Evangelho é uma Palavra anunciada, uma anunciação que chega até aos infiéis, mas acima de tudo através do exemplo e da vida.
Francisco é influenciado pelas questões de seu tempo: a Trindade, a Eucaristia, a dignidade dos ministros e dos sacramentos, o mundo, a violência da cultura da guerra e assim por diante. Em Ammonizione 1 adota uma posição clara sobre isso.
Francisco também foi um poeta: ele compôs salmos e já cego, no final de sua vida, o Cântico do Irmão Sol.
Delman estuda os ensinamentos da Bíblia junto aos franciscanos (já em 1220), com regulamentos específicos, no entanto, só nas Constituições de 1260 (pp. 57-70).
Dahan analisa as ferramentas utilizadas (pp. 71-84.): dicionários, enciclopédias, manuais, léxicos, correctoria e coleções de distinctiones. Os franciscanos não produzem concordâncias bíblicas, prerrogativa dos dominicanos.
Finalmente, em capítulos separados, são estudadas quatro figuras diversas de estudiosos franciscanos: um pregador (Santo Antonio de Pádua), um professor (São Boaventura), um espiritual (Pedro João Olivi) e um estudioso do judaísmo (Nicolau de Lira) ( pp. 85-102.103-128.129-160.161-178).
Concluem o volume algumas indicações bibliográficas para o aprofundamento do estudo, o índice de citações, a lista de textos raros e algumas notas bibliográficas sobre a Bíblia nos escritos de São Francisco (em italiano) (pp. 179-190).
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São Francisco e a Bíblia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU