"Quando era cardeal, Ratzinger soube daquela escolha e considerou-a sábia"

Foto: Jornal O Bom Católico /Flickr

Mais Lidos

  • A ideologia da Vergonha e o clero do Brasil. Artigo de William Castilho Pereira

    LER MAIS
  • Juventude é atraída simbolicamente para a extrema-direita, afirma a cientista política

    Socialização política das juventudes é marcada mais por identidades e afetos do que por práticas deliberativas e cívicas. Entrevista especial com Patrícia Rocha

    LER MAIS
  • Que COP30 foi essa? Entre as mudanças climáticas e a gestão da barbárie. Artigo de Sérgio Barcellos e Gladson Fonseca

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

28 Agosto 2017

"Lembro-me que monsenhor Macchi uma vez também me mostrou as cartas com a renúncia preventiva de Paulo VI, em caso de incapacitação. E uma vez tratou disso em minha presença também ao cardeal Joseph Ratzinger".

Monsenhor Ettore Malnati, pároco e vigário para a cultura da diocese de Trieste, manteve uma longa amizade com Macchi, que foi secretário particular do Papa Montini, e muitas vezes colaborou com ele. Em entrevista ao La Stampa conta como o atual Papa emérito Bento XVI teve conhecimento da decisão de Paulo VI.

A entrevista é de Andrea Tornielli, publicada por La Stampa, 26-08-2017. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis a entrevista.

O que o senhor lembra?

Se eu não estou equivocado com as datas, foi em outubro de 2003, e eu estava na Praça de São Pedro com monsenhor Macchi para participar do Angelus oficiado por são João Paulo II. O Papa anunciou a nomeação de um número substancial de novos cardeais, entre os quais havias dois lombardos, o patriarca de Veneza, Angelo Scola e o presidente da APSA Attilio Nicora. Ao nosso lado, na praça, para ouvir o anúncio do novo consistório, também estava o cardeal Joseph Ratzinger, então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.

O que aconteceu?

Lembro-me que, depois do Angelus, junto com monsenhor Macchi, acompanhamos o Cardeal Ratzinger para sua residência na praça da Cidade Leonina. Foi durante o trajeto que Macchi falou ao futuro Papa da decisão de Paulo VI e das cartas de renúncia que ele havia preparado em caso de doença grave e incapacitação prolongada.

Como reagiu o Cardeal Ratzinger?

Ele disse algo como: ‘Isso é uma atitude muito sábia que todo Papa deveria tomar’. Era evidente a preocupação de Paulo VI: temia que a perda de lucidez ou alguma doença o impedisse de desempenhar adequadamente o seu ministério, e temia que a doença, uma vez contraída, pudesse impedi-lo de manifestar sua livre vontade de renunciar. As cartas, cuja existência também foi agora confirmada pelo Cardeal Giovanni Battista Re, deviam servir para evitar esse hipotético impasse. Como sabemos não foram necessárias, porque o Papa Montini permaneceu no cargo até o fim de seus dias.

Por que se falava disso em 2003?

"Não é segredo que o agravamento da doença estivesse preocupando João Paulo II e seus colaboradores mais próximos quanto à possibilidade de se aposentar. Como é do nosso conhecimento, depois, o Papa decidiu continuar.

Leia mais