Mais de 500 crianças abusadas: o relatório final sobre o Coro de Regensburg

Coro de Regensburg | Foto: Regensburg Digital

Mais Lidos

  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • Dilexi Te: a crise da autorreferencialidade da Igreja e a opção pelos pobres. Artigo de Jung Mo Sung

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

20 Julho 2017

Punições corporais e violências sexuais marcaram a infância de pelo menos 547 crianças e adolescentes que passaram pelo Coro da Catedral de Regensburg entre 1945 e o início dos anos 1990: é o que afirma um relatório publicado nessa terça-feira em Regensburg pelo advogado Ulrich Weber, ao término de uma investigação de dois anos, conduzida a pedido da Cúria diocesana e dos responsáveis pelo coro.

A reportagem é de Luigi Accattoli, publicada por Corriere della Sera, 19-07-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Em 67 casos, as violências teriam sido de natureza sexual: de assédios a estupros. Foram identificados 49 responsáveis pelos maus-tratos (nove dos quais seriam responsáveis por abusos sexuais) entre os educadores do coro, muitos dos quais já morreram. Os crimes agora estariam todos prescritos.

O relatório também atribui a Georg Ratzinger, irmão do Papa Emérito Bento XVI, algumas “corresponsabilidades” por ter “fingido não ver” e por “não ter intervindo apesar de saber”. Georg Ratzinger dirigiu o coro de 1964 a 1994.

Tratando-se de uma investigação realizada a pedido das autoridades da Igreja, os dados fornecidos pelo relatório gozam de uma boa confiabilidade. A Cúria de Regensburg disse-se disposta a indenizar as vítimas com um mínimo de 50 mil a um máximo de 20 mil euros por pessoa. “Cometemos erros e aprendemos muito”, comentou o vigário-geral de Regensburg, Michael Fuchs.

O redator do relatório conversou com muitas das vítimas e fala de um “clima de terror” que teria caracterizado a vida na escola e no internato do coro. Privação de alimentos e de recreação, e vários tipos de punição corporal – do tapa ao bastão – faziam parte do cotidiano.

Os meninos molestados teriam descrito a experiência vivida como “prisão, inferno, campo de concentração”. Aqueles que faziam xixi na cama eram impedidos de beber água. Muitos afirmam ter vivido naquele lugar “o pior período da vida”.

No relatório, figura uma carta de um dos meninos – listado como “vítima 153” – que implora para que a família o leve embora do coro o mais rápido possível: “Venham logo me buscar, assim que lerem esta carta, e não se esqueçam da mala. [Aqui] Eu sempre tenho que chorar”.

De acordo com algumas testemunhas, as punições corporais revelavam atitudes sádicas e sinais de “prazer sexual” naqueles que as infligiam. Quem relatava hematomas depois dos maus-tratos devia dizer que tinha se machucado ao cair.

O Coro “Regensburger Domspatzen” (Pardais da Catedral de Regensburg) é um dos mais antigos coros de vozes do mundo, fundado há mais de mil anos. O escândalo com conotação sexual que agora é documentado talvez seja o mais surpreendente entre aqueles que surgiram em ambientes católicos alemães ao longo da última década.

Leia mais