Por: MpvM | 06 Novembro 2020
A reflexão é de Maria José Lopes, idp, religiosa da Congregação das Irmãs da Divina Providência - IDP. Ela é bacharel em teologia pela Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana - ESTEF, possui formação em Saúde e Espiritualidade pelo Instituto de Cardiologia de Porto Alegre e pela ESTEF e Formação em Psicologia Pastoral pelo Centro Evangélico de Missão - CEM, Viçosa/MG. Atualmente atua em pastoral e formação bíblica em Jacundá, Pará.
Leituras do Dia
1ª Leitura - Sb 6,12-16
Salmo - Sl 62
2ª Leitura - 1Ts 4,13-18
Evangelho - Mt 25,1-13
A liturgia do 32º Domingo do Tempo Comum convida-nos à vigilância.
No Evangelho (Mt 25,1-13) deste domingo, Mt 25 1-13, temos a parábola das dez moças que esperavam a festa de casamento. Esta parábola está dentro do quinto e último discurso de Jesus no Ev. de Mateus. O Reino do Céu é comparado com uma festa de casamento. Na Palestina, no tempo de Jesus, a festa durava vários dias. Havia todo um ritual de espera da chegada do noivo com seus amigos para selar o contrato de casamento, que era o momento mais importante da festa. Na parábola, Jesus é o noivo das comunidades cristãs. Dez moças pegam suas lâmpadas de óleo e vão ao seu encontro. Cinco destas eram prudentes e levaram óleo a mais e vão ao seu encontro.
As outras cinco foram imprudentes, não levaram reserva de óleo. Tem o ditado que, “quando cabeça não pensa, corpo padece”. Foi o que aconteceu com estas moças. O esposo atrasa a sua chegada. Todas dormem. À meia noite é anunciada a chegada do esposo. As moças pegam rapidamente suas lâmpadas para encontrá-lo. Mas as lamparinas das imprudentes se apagam. Não tem mais óleo. Elas pedem às companheiras que emprestem, mas nessa hora é impossível. O esposo abre a porta. Entram as que estão em dia. Às outras, ele diz que não as conhece. E o evangelista conclui: “Fiquem vigiando, pois vocês não sabem qual será o dia, nem a hora” (v.13).
Que óleo precioso é esse? Aqui voltamos à preocupação do tema central de Mateus: a justiça. O óleo é claramente a prática da justiça. É ela que testemunha o compromisso com Jesus o noivo. No primeiro discurso de Jesus em Mt 5, temos esta bela frase: “Que a luz de vocês brilhe diante dos homens, para que eles vejam as boas obras que vocês fazem e louvem o pai de vocês que está no céu” (Mt 5,16). Sem óleo a lâmpada não se acende. Sem a prática da justiça a humanidade não pode descobrir o seu caminho, caminho que é a vontade de Deus, e ao mesmo tempo, é o maior desejo das pessoas que almejam por justiça.
Há de se praticar e viver a justiça enquanto é tempo. O tempo é o hoje, agora. (Não podemos deixar para amanhã o que podemos fazer hoje). A sabedoria não consiste em estar acordado. Na parábola, todas dormiram. Mas estar devidamente certo de suas atitudes em respeito ao óleo da justiça para consigo mesmo, e para com os outros. É este o apelo para as comunidades. Uma espera ativa, através de obras concretas que manifestem o querer de Deus, que é a prática da justiça baseada no amor e na misericórdia para com as pessoas, com o próximo.
A Vigilância como obediência a Deus e à palavra de Jesus, expressa pelo grande mandamento do amor. A prova da esperança cristã é a prática desse amor no cotidiano da história. Ou seja, é o engajamento aqui e agora com a mudança de uma história injusta para uma história humana e solidária, isto é o que define nosso amor ou desamor.
A primeira leitura (Sb 6,12-16) do Livro da Sabedoria 6,12-16- apresenta a "sabedoria" como dom gratuito e incondicional de Deus para com cada pessoa.
É um caso paradigmático da forma como Deus Pai/Mãe se preocupa com a felicidade do ser humano e põe à disposição dos seus filhos e filhas a fonte de onde jorra a vida definitiva. Nos resta estar atento, vigilante e disponível para acolher, em cada instante, a vida e a salvação que Deus nos oferece (deixemo-nos surpreender por Deus).
Na segunda leitura (1Ts 4,13-18), Paulo garante aos cristãos de Tessalônica que Cristo virá de novo para concluir a história humana e para inaugurar a realidade do mundo definitivo; todo aquele que tiver aderido a Jesus e se tiver identificado com Ele irá ao encontro do Senhor e permanecerá com Ele.
A certeza da ressurreição garante-nos que Deus tem um projeto de salvação e de vida para cada pessoa; e que esse projeto está a realizar-se continuamente em nós, até à sua concretização plena, quando nos encontrarmos definitivamente com Deus. A prática da justiça, do amor e da misericórdia nos garantirá este encontro.
Portanto, no Salmo 62/63 o salmista reza a sede de Deus. “A minha alma tem sede de vós, ó meu Deus!” ... essa sede nos moverá ao encontro do Senhor.
“Fizeste-nos para ti, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousar em ti”, diz Santo Agostinho.
Fique com Deus.
CNBB- Ele está no meio de nós. O Semeador do Reino. O Evangelho de Mateus. São Paulo: Paulus, 1998; Acesso em 30 out 2020. Disponível aqui.
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32º domingo do tempo comum - Ano A - Viver e praticar a justiça - Instituto Humanitas Unisinos - IHU