01 Dezembro 2014
"O caminho da unidade entre cristãos ainda está para ser plenamente percorrido. Mas Francisco, com o seu ecumenismo do encontro e da amizade, está fazendo com que demos passos importantes. E o fato de ele reiterar a disponibilidade de discutir sobre o exercício – não, portanto, sobre a essência – do primado petrino faz com que hoje, mais do que nunca, as outras Igrejas irmãs sejam particularmente próximas". Assim afirma o cardeal alemão Walter Kasper, presidente emérito do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, a partir da viagem do papa à Turquia.
A reportagem é de Paolo Rodari, publicada no jornal La Repubblica, 29-11-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis a entrevista.
Eminência, o bispo de Roma mais uma vez abraça o patriarca de Constantinopla, Bartolomeu, que, no jornal Avvenire, disse que a confiança íntima que ele tem com Francisco, desde a sua eleição, é, sem dúvida, "um novo propulsor para o caminho rumo à unidade".
Eu realmente acredito que Francisco, com o seu ecumenismo do encontro ou da amizade, conseguirá prosseguir da melhor forma possível, tanto quanto os seus antecessores já haviam começado. De fato, não existem divisões doutrinais com os ortodoxos. Superar as divisões é possível hoje. E ter um papa que aponta muito para a amizade, como ele já fazia com as outras Igrejas cristãs em Buenos Aires, é um impulso para abater aquelas divisões ainda existentes. O papa também participa da Liturgia Divina dos ortodoxos: é um sinal importante: pode-se permanecer divididos por mil anos e, depois, fazer unidade e se reconciliar.
O mundo ortodoxo, no entanto, está despedaçado no seu interior. As Igrejas são diferentes, e nem todas têm a mesma visão.
Sem dúvida, isso é um problema. Por isso, olhamos com esperança para o grande Sínodo da Igreja Ortodoxa em 2016. A cúpula vai ocorrer justamente em Constantinopla, e o desejo, também nosso, é de que a Ortodoxia finalmente se apresente ao mundo com um só coração e com uma só voz. Assim, também para nós, católicos, seria muito mais simples.
João XXIII abriu o Concílio sonhando com a plena unidade entre cristãos. Francisco vive o mesmo desejo?
Certamente. Francisco é o papa do Concílio, isto é, é o papa que pretende fazer com que se viva plenamente em toda a Igreja o que o Concílio disse e desejou. É preciso que todos o sigamos nessa estrada mestra. Também do ponto de vista ecumênico, para que aquele ''ut unum sint" evangélico se torne realidade concreta.
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O abraço com Bartolomeu pela unidade dos cristãos. Entrevista com Walter Kasper - Instituto Humanitas Unisinos - IHU