16 Setembro 2014
Um lembrete das possibilidades de liderança feminina veio na sexta-feira com a notícia de que o Movimento dos Focolares, um dos maiores e mais influentes movimentos leigos na Igreja, reelegeu a italiana Maria Voce para um segundo mandato como presidente.
A reportagem é de John Allen Jr., publicada no sítio Crux, 13-09-2014. A tradução é de Claudia Sbardelotto.
Na última quinta-feira, em Boston, aconteceu o evento de lançamento do sítio Crux, com um painel de discussão que contou com a presença do cardeal Sean O'Malley; Mary Ann Glendon, ex-embaixadora dos Estados Unidos junto à Santa Sé e membro do conselho de supervisão do banco do Vaticano; Robert Christian, editor do Millennial Journal; Hosffman Ospino, professor de teologia da Universidade de Boston, entre outros.
Durante o painel, uma pergunta surgiu sobre o papel das mulheres na Igreja. É uma pergunta justa, porque mesmo que o Papa Francisco tenha dado um firme "não" ao sacerdócio feminino, ele também disse que gostaria que as mulheres desempenhassem papéis mais visíveis e significativos.
A professora de direito da Universidade de Harvard, Mary Ann Glendon respondeu a questão e ela mesma é um exemplo do que algumas dessas opções no catolicismo podem parecer. Glendon é ex-presidente de uma academia pontifícia, foi nomeada para um painel criado por Francisco logo após a sua eleição para estudar a reforma das finanças do Vaticano e, hoje, ela participa do conselho de supervisão do banco do Vaticano.
Um outro lembrete das possibilidades de liderança feminina veio na sexta-feira com a notícia de que o Movimento dos Focolares, um dos maiores e mais influentes movimentos leigos na Igreja, reelegeu a italiana Maria Voce para um segundo mandato como presidente.
O Movimento dos Focolares nasceu em Trento, Itália, em 1943, no meio dos escombros da Segunda Guerra Mundial, por uma mulher italiana chamada Chiara Lubich que via o movimento como um veículo para promover a unidade e a fraternidade. Hoje, o Movimento dos Focolares atua em mais de 180 países e possui mais de 100 mil membros.
Os focolarinos, como os seus membros são conhecidos, dão ênfase especial à unidade entre os cristãos e ao diálogo com as outras religiões, bem como aos não crentes. Eles são bem vistos tanto no Vaticano quanto nas bases católicas, entre outras coisas, porque é extremamente dificil defini-los ideologicamente.
Eu conheço o Movimento dos Focolares há 20 anos, e mesmo se você colocar uma arma na minha cabeça, eu não tenho certeza se seria capaz de dizer se eles são "conservadores" ou "liberais". Honestamente, essas categorias realmente não se aplicam.
Isso não quer dizer que eles não tenham críticos. Em seu livro de 1999, The Pope's Armada [A armada do papa], o jornalista Gordon Urquhart identificou-os como "ultra-tradicionais" e "bizarros". Outros vêem o Focolare como uma operação de bem-estar sem muita substância, outros, por vezes, ironicamente, os chamam de Up With People1 da Igreja Católica.
Seja qual for o caso, o Focolare tem amigos poderosos em todos os níveis e a sua presidente é uma grande figura. Curiosamente, eles são o único movimento na Igreja cujos estatutos exigem que o presidente seja uma mulher.
O que Mary Ann Glendon e Maria Voce ilustram é que se Francisco fala sério sobre a expansão dos papéis para as mulheres, ele não tem que reinventar a roda. Ele pode construir sobre o que já está aí.
Nota:
1. Organização educacional fundada nos EUA cuja missão é diminuir as barreiras culturais através de serviços comunitários e shows musicais
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Mulheres na Igreja - Instituto Humanitas Unisinos - IHU