19 Novembro 2013
O Papa Francisco repetidamente pediu papéis mais fortes para as mulheres na Igreja, obviamente querendo dar o pontapé inicial de uma conversa sobre quais poderiam ser esses papéis. Duas das vozes que ele mais provavelmente poderá ouvir nessa frente apareceram recentemente na primeira página do jornal do Vaticano, o L'Osservatore Romano, com algumas coisas interessantes a dizer.
A reportagem é de John L. Allen Jr., publicada no sítio National Catholic Reporter, 15-11-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Na segunda-feira, o L'Osservatore trouxe um artigo de primeira página intitulado "As mulheres na Igreja". Foi escrito por Lucetta Scaraffia, uma correspondente e colunista amplamente respeitada que escreve frequentemente sobre as questões das mulheres, referente a uma recente entrevista com Maria Voce, presidente do movimento internacional dos Focolares.
Como observa Scaraffia, o Movimento dos Focolares, fundado pela leiga italiana Chiara Lubich, tornou um princípio dos seus estatutos que a presidente deve ser uma mulher. Por essa razão e pelo fato de os Focolares estarem entre os maiores movimentos, Scaraffia descreve Voce como "a mulher mais eminente no mundo católico".
Scaraffia argumenta que, por muito tempo, as mulheres estiveram dispostas a aceitar um status "subalterno" na Igreja, mas que, hoje, "a situação está mudando rapidamente". Ela cita com aprovação uma frase de Voce de que a Igreja precisa não só apreciar o que tem sido tradicionalmente definido como "dons femininos", tais como a capacidade de formar relacionamentos amorosos, mas também deve "procurar e ouvir o pensamento das mulheres".
Três possíveis novos papéis para as mulheres surgem no artigo do L'Osseravtore:
- Uma entrada "não muito exígua" em "organismos de consulta, de pensamento e de decisão" na Igreja. Presumivelmente, embora Scaraffia não chegue a dizer isto em voz alta, isso implica, em parte, mais mulheres nos níveis de tomada de decisão do Vaticano.
- A criação de um órgão consultivo do papa semelhante ao Conselho dos Cardeais, mas composto por leigos homens e homens. Tal grupo, diz Voce, "me entusiasmaria".
- A permissão de que movimentos como o Movimento dos Focolares incardinem padres que tenham sido ordenados em outros lugares. Até agora, relata Voce, a permissão tem sido negada – talvez, diz, porque alguns têm medo de colocar um padre sob a autoridade de uma mulher.
"As palavras de Maria Voce levam a compreender claramente como os justos pedidos de um reconhecimento verdadeiro da presença feminina na Igreja não vêm apenas de grupos radicais que pedem a ordenação feminina, mas também de figuras de autoridade e moderadas", escreve Scaraffia.
"Por trás desses pedidos", acrescenta, "existe seguramente a maioria das mulheres que fazem parte da Igreja".
É claro que a conversa sobre o que significam "papéis mais fortes" para as mulheres não vai acabar com esse artigo. Como um começo, no entanto, ele coloca algumas possibilidades interessantes sobre a mesa – e, vindo de pessoas como Scaraffia e Maria Voce, essas possibilidades provavelmente serão levadas a sério.
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Mulheres na Igreja: o elogio de Lucetta Scaraffia a Maria Voce - Instituto Humanitas Unisinos - IHU