Por: André | 01 Junho 2015
O ex-presidente do Uruguai, José Mujica, que foi recebido pelo Papa Francisco, criticou, na sexta-feira 28 de maio, a “velha Europa”, por não oferecer uma solução justa para a tragédia dos imigrantes no Mediterrâneo nem à mudança climática, ao mesmo tempo em que acusou os políticos de se centrarem exclusivamente em ganhar as eleições, sem se preocupar com o povo.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 29-05-2015. A tradução é de André Langer.
Durante a audiência com Bergoglio, na qual falaram sobre a “integração da América Latina”, Mujica pediu para “tomar decisões que abarquem o mundo inteiro” em dois problemas globais.
Sobre a imigração, afirmou que ele mesmo provém de uma família de emigrantes da Itália e do País Basco e defendeu que gerações como a sua, de ex-camponeses, voltam agora para a Europa e “melhoram o turismo e criam trabalho”.
“Olhem bem, vocês que são contra a imigração, o quanto estão equivocados”, exclamou Mujica, que desde meados deste mês viaja, junto com sua esposa, Lucía Topolansky, pela Espanha e a Itália, países de origem familiar do político.
Acrescentou que “aqueles que querem cruzar o Mediterrâneo não são pobres da África, são pobres da humanidade”, e assinalou que a imigração “não é um problema da Itália; é um problema do mundo”.
No entanto, a falta de solução vem, na sua opinião, por que “não há um governo mundial, ninguém que se ocupe de cuidar do mundo”.
Insistiu em que “a Europa está velha, pois tem que comprar televisões e carros novos e não tem filhos”, um problema que se resolverá com “o sangue novo da imigração”.
“Não tenham medo da miscigenação!”, clamou.
Em relação à mudança climática, reclamou um compromisso para frear este fenômeno que levou a perder “30% do planeta”, situação que, segundo o ex-presidente uruguaio, “o homem pode reverter” se enfrentar o desafio com decisão.
“O problema está em nós que fazemos as políticas do mundo e não nos preocupamos com isso. Os que são eleitos para governar não deveriam ignorar as recomendações da ciência. Não significa que a Academia (o âmbito científico) tenha que governar, mas não se pode governar o mundo sem levar em conta o que diz a Academia”, afirmou.
“Estamos todos no mesmo barco, precisamos medidas iguais (...) porque a globalização existe e a má globalização existe, ao passo que os governos estão preocupados em saber quem vai ganhar as eleições”, disse.
Defendeu que há recursos suficientes para tratar tanto do aquecimento global como das ondas migratórias, porque “se gastam dois milhões de dólares por minuto em recursos militares” e “nunca tivemos tantos recursos, capacidade e ferramentas”.
No entanto, “a velha Europa, responsável por esta civilização, não pensa assim. Então, sim, estamos perdidos”, sentenciou.
“Quando eu era jovem pensava em mudar o mundo e, agora que sou velho, continuo pensando em transformar o mundo”, disse Mujica, que completou 80 anos dia 20 de maio passado.
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Mujica denuncia a “velha Europa” por não encontrar soluções para a mudança climática ou a imigração - Instituto Humanitas Unisinos - IHU