O ex-presidente José Mujica fará uma visita privada à Espanha no próximo dia 16 de maio, junto com sua esposa, com a previsão de voltar ao País Basco e permanecer alguns dias em Muxika, o povoado de seus ancestrais e depois irá ao Vaticano onde almoçará com o Papa Francisco.

Fonte: http://bit.ly/1ESAK4b

A reportagem é publicada por Espectador, 02-05-2015. A tradução é de André Langer.

De acordo com informações obtidas pelo Espectador, apenas seis dias após a eleição municipal, onde o ex-presidente joga suas fichas com candidatos do seu setor em Departamentos chaves como Artigas, Rocha, Paysandú, Cerro Largo, Maldonado, Canelones e Montevidéu, este último onde sua própria esposa busca uma cadeira na câmara de vereadores, o ex-presidente realizará pela primeira uma vez uma viagem mais longa de descanso, que coincide com seus 80 anos.

José Mujica estará de aniversário no dia 20 de maio e organizou, junto com sua esposa, Lucía Topolansky, uma viagem a passeio privada que o levará à Espanha e ao Vaticano.

De acordo com fontes consultadas pelo Espectador, o ex-presidente partirá no dia 16 de maio pela Air Europa, aterrissando no dia 17 na pátria mãe.

Permanecerá poucas horas em Madri e depois irá ao País Basco, onde fará um itinerário semelhante ao de 2013, quando visitou Guernica e seu próprio povoado ancestral, Muxika. Ali permanecerá alguns dias.

Em 2013, durante a visita oficial à Espanha, o então presidente também visitou no País Basco, Guernica e pernoitou no povoado de seus ancestrais, Muxika, naquele que foi denominado como um encontro consigo mesmo.

Ali conheceu a Universidade de Mondragón e a Corporação Mondragón, uma experiência cooperativa que pediu expressamente para visitar, com a qual o governo assinou vários acordos.

Nesse momento, o presidente mostrou-se consternado em sua visita a Guernica e visivelmente emocionado no povoado de seus antepassados, onde participou de um breve ato.

Esteve poucas horas em seu povoado, percorreu suas ruas brevemente e inclusive se emocionou, prometendo voltar, algo que agora cumpre para comemorar os seus 80 anos de vida.

Ali o esperavam cerca de 50 pessoas. Entre risos e choros, Mujica foi recebido com efusivos abraços em um pequeno consulado honorário situado nessa localidade do País Basco.

O presidente conversou com seus compatriotas sobre a situação da América Latina e transmitiu-lhes uma mensagem de esperança exemplificando com sua experiência pessoal de vida.

Agora sou um velho e minha peripécia é um espelho do que estou dizendo. Quisera ser mais sábio e ter mais força para restituir ao meu povo tudo o que lhe devo, destacou.

Mostrou-se compreensivo com o desejo de todo emigrante de voltar a morrer onde nasce e, ao mesmo tempo, exortou-os a não se deixarem levar pelo consumismo econômico ao qual se chega buscando preencher o vazio emocional provocado pela distância.

Mas depois destes dias de descanso, que serão mais de 20, Mujica viajará ao Vaticano.

Nos primeiros dias de junho, o ex-presidente será recebido pelo Papa Francisco, com quem já tem agendado um almoço privado.

Mujica e o Papa cultivaram uma boa relação quando em 2013 também se viram e estiveram reunidos mais de 45 minutos, a audiência mais longa concedida a um presidente estrangeiro até o momento.

Concordaram em vários pontos, entre eles no discurso que ambos costumam fazer sérias advertências contra os males do capitalismo.

Nesse momento, Mujica recordou a Francisco que tiveram um amigo em comum, o teólogo e intelectual uruguaio Alberto Methol Ferré, falecido em 2009. O presidente uruguaio disse em relação a este homem: “Abriu-nos a mente”, ao que o Papa lhe respondeu: “Ajudou-nos a pensar”.

O presidente uruguaio presenteou a Francisco três estatuetas de estilo “gaucho” e o livro de Methol Ferré e Alver Metalli “América Latina no século XXI”.

Francisco deu a Mujica uma cópia das conclusões da assembleia dos bispos latino-americanos reunida em Aparecida do Norte (2007).

“Podes procurar no índice ou ler todos os temas que te interessarem”, explicou-lhe.

A reunião foi privada, mas o Vaticano anunciou oficialmente que falaram de temas de interesse comum, como o desenvolvimento integral da pessoa, o respeito pelos direitos humanos, a justiça e a paz social.