Por: Igor Sulaiman Said Felicio Borck | 15 Abril 2019
A intersecção entre música e política pode ser uma forma inovadora, e ao mesmo tempo atrativa, de se discutir o desenvolvimento da história política nacional. A música assim, tende a se tornar um meio pelo qual extraímos informações sobre aspectos específicos de cada período histórico, do Estado brasileiro e da própria sociedade.
A política brasileira também pode ser melhor entendida através do estudo do samba, que tem em suas composições elementos sociopolíticos do cotidiano do brasileiro, que são marcantes e relevantes para o entendimento do país enquanto uma nação dotada de sentidos históricos e políticos particulares de cada época.
Primeiro encontro do Curso de Música e Política no Brasil, 12-04-2019 (Foto: Guilherme Uchimura)
É nesse sentido, e no atual contexto adverso e conturbado da política brasileira, que no dia 12 de abril, na sede da União Paranaense dos Estudantes (UPE) foi realizado o primeiro encontro do Curso de Música e Política no Brasil, intitulado, Introdução à relação entre música e política no Brasil: de 1917 à atualidade, realizado pelo Centro de Promoção de Agentes da Transformação (CEPAT) e pelo Centro de Formação Milton Santos – Lorenzo Milani.
Os dois centros realizadores contam com as parcerias imprescindíveis do Mímesis Conexões Artísticas, do Movimento de Assessoria Jurídica Universitária Popular (MAJUP/UFPR), da União Paranaense dos Estudantes (UPE), do Centro de Formação Urbano Rural Irmã Araújo (CEFURIA), da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), da Roda de Samba Maria Navalha, do Espaço Magis Brasil e do Instituto Humanitas Unisinos - IHU.
A dinâmica do encontro foi conduzida pelo grupo Mímesis Conexões Artísticas, que numa mescla entre aula e apresentação, procurou apresentar em ordem cronológica obras importantes do samba, para fomentar uma discussão sobre a história política do Brasil, e além disso, também foi oferecida a oportunidade aos cursistas de conhecerem o repertório musical do samba e os instrumentos que o executam, seja harmônicos, melódicos ou percussivos.
O grupo Mímesis Conexões Artísticas optou por conduzir o primeiro encontro do curso baseado nos princípios da educação popular, sendo assim, procurou-se construir um espaço de formação coletiva, baseado na troca de saberes e na experimentação do conhecimento através do contato com os instrumentos musicais. A proposta envolveu o debate político-epistêmico a respeito da relação entre arte e política, a partir do repertório do samba, que através de suas letras, expressam o cotidiano dos brasileiros, envolto nas relações políticas e sociais de sua época na história geral do Brasil.
Grupo Mímeses Conexões Artísticas no primeiro encontro do Curso de Música e Política no Brasil - 12/04/2019 (Foto: Guilherme Uchimura)
Ao todo, foram trabalhadas vinte músicas de samba, sendo a primeira Pelo telefone, de Donga e Mauro de Almeida, de 1917, passando por Pesadelo, de Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro, de 1972, e As forças da natureza, de João Nogueira e Paulo César Pinheiro, de 1978, até Histórias para ninar gente grande, de Deivid Domênico, Tomaz Miranda, Mama, Marcio Bola, Ronie Oliveira e Danilo Firmino, de 2019, samba-enredo da escola Mangueira, vencedora do Carnaval de 2019, que traz em sua letra fortes críticas sociais ao Estado e à sociedade, no que se refere à marginalização das minorias, da colonização até a contemporaneidade.
Portanto, o fechamento desse primeiro encontro apontou para a necessidade da organização política da sociedade para influenciar na política, nesse sentido, os participantes concluíram que é preciso resistir, com arte, música e política a atual conjuntura nacional conservadora.
Ao todo serão mais sete encontros que contarão com a presença de músicos de Curitiba, que farão a apresentação de composições selecionadas que representam os períodos históricos da política brasileira ao qual cada atividade se refere. Confira a programação:
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
“É preciso resistir com arte, música e política” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU