04 Setembro 2007
De diversas formas e com intensidades muito diferentes, os países do Conesul enfrentaram os anos de ditadura militar, principalmente os crimes que lesaram a humanidade nesse período. A Argentina está fazendo o seu ajuste de contas em prol de seu povo. Ao mesmo tempo em que militares (e alguns civis) vão sendo julgados, ressurgem histórias de resistência. É o caso de Carlos Mugica, do Movimento de Sacerdotes para o Terceiro Mundo (MSTMU). Ele não chegou a ver o golpe de estado, foi assassinado dois anos antes, no dia 11 de maio de 1974, pela chamada Aliança Anticomunista Argentina, grupo paramilitar de ultra-direita. Domingo Bresci, também padre e companheiro de Mugica no MSTMU, viveu intensamente essa época. A IHU On-Line, através da jornalista Sonia Montaño, conversou com Bresci sobre Pe. Carlos Mugica, o MSTMU, o peronismo e sua influência na história argentina. A entrevista foi realizada por telefone.
Domingo Bresci é natural de Buenos Aires. É sacerdote desde 1962, época de pleno debate do Concílio Vaticano II, o qual considera o grande impulsionador do Movimento e das opções de vida seguidas por Mugica, por ele próprio e por tantos outros jovens da época. Além das atividades especificamente religiosas, Bresci esteve sempre vinculado a atividades sociais, políticas, culturais, de direitos humanos, sindicalismo, universitárias, de pastoral popular e da sociologia da religião.
Bacharel em Teologia, Pe. Bresci continuou estudando, participando de cursos e adquirindo competências fora do âmbito formal dos Institutos de ensino, por isso se considera autodidata. Além de ser um dos fundadores do MSTMU, foi o coordenador regional de Buenos Aires no Movimento. É autor de Documentos para la memoria Histórica. Movimiento de Sacerdotes para el Tercer Mundo (Buenos Aires: Centro Salesiano de Estudios San Juan Bosco, 1994).
Confira a entrevista.
IHU On-Line – Como o senhor conheceu o Pe. Carlos Mugica?
Domingo Bresci - No seminário. Eu estudava Filosofia e ele Teologia. Junto com outros seminaristas, começamos a fazer atividades fora do seminário. Mugica e eu colaboramos com a Pastoral universitária. A inserção nas universidades públicas era um fato novo na época. Carlos era o assessor e eu fazia parte da equipe. Depois, ele começou a trabalhar em bairros pobres e foi secretário do bispo da Diocese de Reconquista, região muito pobre, sendo que Mugica era natural de Bairro Norte, um dos bairros mais ricos de Buenos Aires. Posteriormente, começou o trabalho dos padres nas vilas e ele se interessou por isso. Ambos tínhamos uma inquietação impulsionada pelo espírito do Concílio Vaticano II, que dizia que a Igreja era de todos, mas devia ser principalmente dos pobres. Compartilhamos fortemente esse tempo. Buscávamos também uma espiritualidade diferenciada. Estávamos juntos em um grupo de estudo de Charles de Foucauld (2), pois particularmente tínhamos lido o livro En el corazón de las masas.
IHU On-Line - Um tempo também de muitas mudanças culturais e teológicas...
Domingo Bresci - Essa época foi uma revisão de tudo: da pastoral, da teologia, da ética. Muitas coisas novas chegavam da Europa, por revistas ou por meio de padres que iam estudar lá. Assim conhecemos a obra de Teilhard de Chardin (3) e tínhamos um grupo de estudo sobre a psicanálise, entre tantas outras coisas. Estávamos abertos a tudo que aparecia na chamada “Revolução dos anos 1960”, uma revolução fundamentalmente cultural.
IHU On-Line - E como surgiu o Movimento de Sacerdotes para o Terceiro Mundo?
Domingo Bresci - Em 1967, já tinha terminado o Concílio e tinha saído a Populorum Progressio (4). Assim, 18 bispos provindos de países do Terceiro Mundo fizeram uma releitura do Concílio e escreveram uma mensagem (5). Quando soubemos disso, nos sentimos interpelados e animados e começamos a nos encontrar com aqueles que compartilhavam a mesma linha de pensamento político, ideológico e pastoral. Em maio de 1968, aconteceu o primeiro encontro de diversos representantes do País. Ali, resolvemos constituir um movimento para difundir e aprofundar essa linha. Os jornalistas começaram a nos chamar de Sacerdotes do Terceiro Mundo, pela adesão ao documento dos bispos, mas nós corrigimos o “do” pelo “para”: Sacerdotes para o Terceiro Mundo. Nesse momento, Mugica estava na França. Foi para se contatar com alguns temas, algumas pessoas, que se encontrou com Perón (6), com quem foi assistir à partida de futebol de Racing (7), que era o time pelo qual torcia. Carlos era multifacético, fazia de tudo em um mesmo dia. Quando voltou a Buenos Aires, todos os seus companheiros faziam parte do Movimento e ele se integrou como um membro a mais. Ele era muito procurado, sabia se expressar muito bem, então transformou um pouco a imagem pública do Movimento, mas sempre se sentiu mais um. Era muito ligado ao grupo, consultava, seguia conselhos. Não era alguém que tomava decisões sozinho.
IHU On-Line - Entre os referenciais que os inspiravam na época, havia teólogos da América Latina?
Domingo Bresci – Teologicamente, nos influenciavam autores principalmente da França, Bélgica e Alemanha. A Teologia da Libertação nasceu mais tarde. Em 1971, saiu o livro de Gustavo Gutiérrez (8), no qual há uma sistematização da Teologia da Libertação. Não tivemos grandes luminárias teológicas. Depois, houve uma corrente que se chamou Teologia da Cultura ou Teologia do Povo, as quais debatiam algumas questões de fundo com a Teologia da Libertação. Sentíamo-nos participantes da luta de libertação do povo argentino. Como depois reconheceu Gustavo Gutiérrez, esse é o momento fundamental. A sistematização é um segundo momento. Atuávamos numa linha libertadora de opção pelos pobres.
IHU On-Line - Lucio Gera (9) é uma referência teológica na Argentina?
Domingo Bresci - Sim. Gera foi muito amigo de Gustavo Gutiérrez, mas depois começou a questionar o sustento ideológico. Alguns se aproximaram mais da análise marxista. É o caso de Gutiérrez. Outros o questionavam e tratavam de contribuir com outros elementos da análise. Gera, junto com um grupo, viria a vincular-se mais com o peronismo, não com a ideologia do peronismo, mas sim com a luta de libertação nacional e popular.
IHU On-Line - Como aconteceu essa influência do peronismo na igreja argentina?
Domingo Bresci - Antes houve uma “peronização” das classes médias argentinas. Em 1955, eram todas anti-peronistas. Muitos dos padres do Movimento tinham formado grupos de resistência ao peronismo. A partir das transformações culturais da década de 1960, há uma revalorização do nacional e do popular, por isso não havia modo de não se reencontrar com o peronismo. Daí a origem de muitos grupos políticos e intelectuais. Inclusive nas faculdades de filosofia se criam as cátedras nacionais, em que há uma aproximação ideológico-política e um reconhecimento histórico do peronismo. Nós, do Movimento Sacerdotes para o Terceiro Mundo, fazíamos parte dessa revisão. Na época, falávamos de um processo revolucionário na América Latina, mas também dizíamos que a revolução tinha características próprias em cada país. No terceiro encontro nacional do Movimento, reconhecemos no peronismo o movimento que mais se aproximava dessa luta de libertação nacional, embora também questionássemos muitas coisas, como a forma de conceber a liderança e algumas práticas do peronismo. Como fenômeno histórico e social, era muito difícil não reconhecer seu papel transformador. Durante a ditadura de Ongania (10), as lutas sindicais dos grupos mais radicalizados se autodefiniam peronistas, entre os quais estavam os Sacerdotes do Movimento, já que acompanhar as lutas populares foi uma das características do movimento. Os mais pobres e os sindicalistas mais radicalizados eram peronistas, então era muito difícil não aderir ao peronismo. São coisas que acontecem na prática de processos revolucionários, que não se decidem numa escrivaninha.
IHU On-Line - Nesse contexto surgem os Montoneros (11)?
Domingo Bresci – Sim. Eles eram exatamente isso: uma classe média “peronizada”. Os nomes mais conhecidos eram de famílias católicas da cidade de Buenos Aires e de Córdoba, anti-peronistas furiosos. Viveram esse processo de mudança e, talvez por terem se convertido em peronistas, depois se distanciaram das bases históricas do peronismo e enfrentaram o próprio Perón.
IHU On-Line - Mugica fez parte das origens dos montoneros?
Domingo Bresci - É que os montoneros nasceram com ele e com o Pe. Alberto Carbone (12), que eram assessores do Colégio Nacional Buenos Aires, de onde saiu um dos grupos principais dos montoneros. Alguns padres e seminaristas assessoravam universitários, mas o colégio Nacional estava vinculado à universidade e era assessorado por Mugica. A decisão de formar uma organização político-militar foi dos rapazes. As experiências que viveram juntos em acampamentos de trabalho foram alimentando a decisão de buscar o melhor caminho para fazer a revolução na Argentina. A partir do peronismo, mas fechados todos os caminhos, começaram a pensar na luta armada.
IHU On-Line - Esse foi um dos motivos de divergência entre Mugica e os montoneros?
Domingo Bresci - Essa é uma das duas divergências. A primeira foi em relação à forma de conceber o peronismo. O peronismo de Mugica era mais visceral. Ele queria ser peronista ao modo das pessoas comuns, do povo, enquanto os montoneros seguiam um peronismo mais intelectualizado. A princípio, o Movimento de Sacerdotes para o Terceiro Mundo não rejeitava a possibilidade da luta armada, baseados na teologia moral clássica que diz que diante de uma tirania permanente o povo tem direito de se levantar. Mas quando e como se levantar era algo a ser discutido. Mugica apoiou os montoneros num primeiro momento, mas depois questionou o quando e como. A ele e a muitos de nós parecia que a luta armada podia frear os processos de revolução e o amadurecimento do povo. Carlos tinha muita confiança para dizer o que pensava e aqueles que tinham sido seus discípulos o atacaram duramente.
IHU On-Line – Como o senhor descreveria o contexto da morte do padre Mugica?
Domingo Bresci - Foi uma manobra prévia ao golpe militar de 1976. Os poderes econômico, político e militar, que estiveram contra o peronismo em 1955, continuavam contra o peronismo, com exceção dos setores das classes médias convertidos. O peronismo esteve proscrito durante dezoito anos e não podia se apresentar nas eleições. Com a volta de Perón, tomava forma a possibilidade de recuperar os valores peronistas. Em 1966 vem a ditadura de Ongania, até que, pela pressão popular e pela ação das organizações armadas diversas, abriu-se um canal. Alguns setores do exército eram favoráveis a dar alguma possibilidade de expressão ao peronismo e os setores mais duros não queriam. Eles queriam impedir de qualquer forma o peronismo. Então, organizaram grupos para impedir a expressão do peronismo, ameaçando as pessoas que podiam trabalhar nesse sentido. A morte de Mugica faz parte de uma operação para eliminar os líderes de diferentes grupos: sindicalistas, advogados, dentre eles Carlos Mugica. Todos eram figuras emblemáticas que foram mortas mais ou menos no mesmo período de tempo.
IHU On-Line - Mugica sabia que sua morte estava próxima?
Domingo Bresci - Ameaçavam-no constantemente por telefone. Colocaram uma bomba na porta da casa dos pais. Ele era uma imagem simbólica de um setor da Igreja no qual queriam bater e desacreditar. A idéia era aterrorizar, porque tudo mundo conhecia o Carlos. Ele era boníssimo e todos sabiam que não concordava mais com a luta armada. Ele trabalhou pela volta de Perón, fez parte da comitiva que o trouxe de volta e questionou muito a Lopez Rega (13), ministro de Perón. Era era eronista, mas também crítico do peronismo. Isso lhe trouxe um mal-estar muito grande. Aí apareceu a tríplice A, formada por pessoas que pertenciam a diversos grupos de segurança. Se tomarmos os jornais de maio de 1974, veremos que assassinaram muitas pessoas que eram significativas para as lutas sociais nesse momento.
IHU On-Line - Como reagiu o MSTM após a morte de Mugica?
Domingo Bresci - No Movimento, todos dobraram seu compromisso. Embora já se manifestassem diversidades de opinião, diante desse fato não havia discussão. Carlos se entregou totalmente e deu a vida por uma causa que era a que compartilhávamos todos no Movimento.
IHU On-Line - E qual foi a reação da hierarquia da Igreja?
Domingo Bresci - A hierarquia se desentendeu. Institucionalmente não disse nem fez nada. Até hoje nunca se pediu uma investigação do assassinato. Já havia acontecido vários desentendimentos. Carlos foi sancionado, lhe foi sugerido que abandonasse o sacerdócio e que se dedicasse à política. Isso oficialmente. Mas, na prática, muitos padres e bispos que o censuravam compareceram no enterro porque reconheciam sua qualidade humana e o seu compromisso cristão.
IHU On-Line - E a reação das pessoas com as quais ele trabalhava?
Domingo Bresci - O povo humilde e trabalhador estava todo com Mugica.
IHU On-Line – O que aconteceu depois com o Movimento para o Terceiro Mundo?
Domingo Bresci - As propostas do Movimento foram se incorporando no sentido comum da pastoral, principalmente a opção pelos pobres. Foi retomada em Puebla e Santo Domingo. Hoje, fazer um diagnóstico da realidade e não falar da pobreza, dos pobres e de sua dignidade, é uma mensagem vazia. É curioso que, atualmente, se reivindica a intervenção da Igreja na política. São contradições da hierarquia que em seu momento atacava nossas intervenções políticas e agora defendem essa mesma ação. Há um grupo chamado de “movimento de sacerdotes de opção pelos pobres”, que trata de ver a partir dos novos tempos como viver as inspirações que deram vida ao MSTM.
IHU On-Line - Como avalia as atuais relações entre a igreja institucional e o governo?
Domingo Bresci - A relação é de tensão e desconfiança. Eu noto de parte da Igreja institucional ações exageradas em contra do governo. A Igreja, diante de coisas muitíssimo mais graves, ficou calada e, hoje, ao se expressar dessa forma, aparece como aliada da oposição. Tem uma oposição meio condenatória contra qualquer coisa que surja do governo. Reconhece-se muito pouco o papel do governo na recuperação de muitos aspectos da vida do país, de 2001 para cá. No entanto, acentuam-se as contradições e defeitos que o governo Kirchner (14) tem. A igreja institucional, que nos criticava quando nós levantamos a voz contra o governo, hoje levanta a sua voz. Mas há uma diferença entre questionar a condução governamental em tempos de ditadura e fazer a mesma coisa contra um governo democrático. Está bem que denunciem, mas a palavra da Igreja não é inofensiva nem ingênua. Ao falar institucionalmente, sempre favorece ou prejudica a alguém. Agora, aparece publicamente como aliada à oposição, que é bastante triste no seu papel, porque não tem propostas. Parece uma espécie de coral contra a pessoa do presidente e da candidata dele, Cristina Kirchner (15).
IHU On-Line - Esse modo de agir se estende a toda a Conferência Episcopal ou está mais ligado à pessoa do presidente, o Cardeal Bergoglio (16)?
Domingo Bresci - O documento de abril deste ano, emitido pela Conferência Episcopal Argentina, dá a impressão de que durante esse governo não aconteceu nada de bom. Há índices econômicos e sociais que melhoraram. Mas parece que a Conferência não resgata nada e passa a mensagem à sociedade de que não estamos caminhando, que estamos mal e vamos piorar. Isso é grave. Acho que não é assim, mas se fosse não é culpa particular de ninguém, e sim da evolução própria de nossa sociedade. Neste momento, na Argentina, não há ninguém que possa liderar algo melhor. Há analistas sociais que não são peronistas e dizem que na Argentina o único que garante a governabilidade é o peronismo.
IHU On-Line - Mas nas candidaturas à presidência o peronismo está combinado com o Partido Radical.
Domingo Bresci - Sim, isso é criticado pelos peronistas como um fato pouco peronista. É visto como manobra pelos que não são peronistas. Para mim, isso amplia o peronismo, são buscas... O governo é acusado de hegemônico e autoritário, seria uma tentativa de abertura que nunca se viu na história do peronismo.
Notas:
(1) A tríplice A esteve sob a direção de José López Rega, secretário pessoal e ministro de Juan Domingo Perón, criada para combater os setores de esquerda do próprio movimento peronista. Durante o regime militar, a Tríplice A foi desmantelada e o próprio governo executou as ações terroristas.
(2) O beato Charles Eugène de Foucauld veio de uma família aristocrática. Herdeiro de uma enorme fortuna, rapidamente a esbanja em jogos, indisciplina e excentricidades. Retrata-se trabalha como oficial do exército francês na Argélia, ao deixar a vida militar torna-se explorador em Marrocos. Chega a receber uma medalha da Sociedade Francesa de Geografia em reconhecimento do trabalho de investigação. Mais tarde, uma prolongada reflexão sobre a vida espiritual o conduziu a uma conversão súbita e o levou a ingressar na Ordem Trapista. Em 1901, foi ordenado sacerdote. Depois disso, regressou à Argélia e levou uma vida isolada do mundo numa zona dos Tuaregues, mas interventiva junto da população. Tinha a intenção de criar uma nova ordem religiosa, o que sucedeu apenas depois da sua morte: os Irmãozinhos de Jesus. Foi assassinado por assaltantes de passagem em 1 de Dezembro de 1916 e beatificado pelo Papa Bento XVI em 13 de Novembro de 2005.
(3) Pierre Teilhard de Chardin foi um padre jesuíta, teólogo, filósofo e paleontólogo francês. Como escritor, a sua obra-prima é O fenômeno humano. Como paleontólogo, esteve presente na descoberta do Homem de Pequim.
(4) Carta encíclica de sua Santidade o Papa Paulo VI sobre o desenvolvimento dos povos. A encíclica Populorum Progressio (Progresso dos Povos) convida todos a suprimir as graves desigualdades sociais e as enormes diferenças no acesso aos bens.
(5) Em 15 de agosto de 1967, foi publicado o “Manifesto de 18 Bispos do Terceiro Mundo”. Entre os 18 assinantes, estavam Dom Helder Câmara, arcebispo de Olinda e Recife; Jean Baptiste Da Mota e Alburqueque, arcebispo de Vitória; Luis Gonzaga Fernandes, bispo auxiliar de Vitória; Serverino de Aguiar, de Pernambuco; Francisco Austregésilo de Mesquita, bispo de Afogados da Ingazeira de Pernambuco; Manuel Pereira da Costa, bispo de Campina Grande, Paraíba; Antonio Batista Fragoso, de Crateús, Ceará; Waldir Calheiros de Novais, de Volta Redonda; e David Picão, bispo de Santos.
(6) Juan Domingo Perón foi presidente de seu país de 1946 a 1955 e de 1973 a 1974. Seu governo populista era apoiado pela Igreja, pelo Exército e pelo Movimento sindical, e baseava-se num forte nacionalismo, centralizado no poder do Estado. Perón ainda contava com o carisma da primeira-dama, Evita Perón, através de campanhas sociais, o que dava ao Estado um caráter paternalista.
(7) O Racing Club de Avellaneda é um dos clubes de futebol mais tradicionais da Argentina. Em 1999, o Racing Club abriu falência, mas seus torcedores ajudaram o time a se recuperar. É o primeiro clube argentino a ser administrado por uma empresa: Blanquiceleste S.A. O time possui a quarta maior torcida argentina.
(8) Gustavo Gutiérrez Merino é um teólogo peruano e sacerdote dominicano, considerado por muitos como o fundador da Teologia da Libertação.
(9) Lucio Gera é doutor em teologia e ex professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica de Buenos Aires.
(10) Juan Carlos Ongania (1914-1995). Militar argentino, Onganía liderou um golpe de estado e ocupou a presidência da Argentina entre os anos 1966 e 1970.
(11) A organização armada Montoneros se apresentou à sociedade em 1° de junho de 1970, mediante o seqüestro e posterior assassinato do general Pedro Eugenio Aramburu, que foi o comandante da autodenominada Revolução Libertadora. Na prática, o grupo já existia como organização política desde alguns meses, ainda que menor e quase secreto. Ainda que rechaçasse as ideologias esquerdistas, Perón manteve farto diálogo com a guerrilha, visto que sua lealdade lhe foi útil para pressionar e desestabilizar a ditadura militar que governava o país.
(12) Sacerdote católico muito próximo do Pe. Carlos Mugica. Foi preso pelo seqüestro e assassinato de Aramburu.
(13) Lopez Rega, conhecido como El Brujo, foi secretário privado de Perón com forte influência sobre o líder peronista e sua esposa. Como Ministro do Bem-Estar Social durante os governo de Héctor Cámpora, Raúl Alberto Lastiri e do próprio Perón, promoveu uma política fortemente conservadora e organizou a Aliança Anticomunista Argentina, um grupo armado de ultra-direita que praticou assassinatos seletivos para combater a influência da ala esquerda do peronismo e de organizações marxistas. Obrigado a renunciar ao seu cargo em 1975, trouxe violentas reações ao plano econômico promovido pelo seu protegido Celestino Rodrigo para desmobilizar o sindicalismo argentino. Exilou-se na Espanha e esteve foragido da justiça por dez anos.
(14) Néstor Carlos Kirchner é o atual presidente da Argentina. Kirchner militou no movimento justicialista como membro da Juventud Peronista, um setor juvenil de esquerda radicalmente oposto a Juan Carlos Onganía. A política econômica do governo de Kirchner continuou as linhas estabelecidas por Lavagna, mantendo a desvalorização da moeda, mediante uma forte participação do Banco Central na compra de divisas, impulsionando as exportações e levando a um crescimento econômico com taxas próximas de 10% do PIB. Em novembro de 2006, as reservas internacionais subiram acima de 30 bilhões de dólares, o desemprego baixou para 10% e a pobreza se manteve em 33,5%.
(15) Cristina Elizabeth Fernández de Kirchner é senadora pela província de Buenos Aires. Desde 25 de maio de 2003, é também primeira-dama do país, por ser esposa de Néstor Kirchner. Fernández foi confirmada como candidata do Partido Justicialista para as eleições presidenciais de outubro de 2007.
(16) Jorge Mario Bergoglio é um religioso da Companhia de Jesus, bispo católico, cardeal, arcebispo da Arquidiocese de Buenos Aires, desde 28 de fevereiro de 1998.
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Carlos Mugica, trinta anos depois de seu assassinato. Entrevista especial com Domingo Bresci - Instituto Humanitas Unisinos - IHU