Como um monumento barroco – belo e trágico – sobre nossas alegrias e fracassos, a obra de Caetano Veloso lança seu olhar sobre o Brasil. Entrevista especial com Guilherme Wisnik

O arquiteto traz à tona a personalidade movediça deste artista que atravessa gerações numa obra sempre reveladora e provocativa sobre o Brasil

Construção de Brasília | Foto: Acervo do DF

Por: Ricardo Machado | 08 Setembro 2021

 

Experimente jogar o nome de Caetano Veloso em algum buscador digital e selecionar a opção de “imagens”. Pronto, em instantes você estará diante de uma miríade de fotos que exprimem visualmente a diversidade de corpos que habitam a personalidade deste artista. “Caetano é uma pessoa múltipla, muito escapadiça, polimorfa, um mico-leão, um ‘sexo equívoco’ como ele mesmo gosta de dizer. Ao contrário de uma explicação fechada, eu queria dizer ali que ele é uma personalidade artística que abarca muitas visões de forma aberta”, destaca o professor doutor e pesquisador Guilherme Wisnik, em entrevista por telefone à IHU On-Line.

 

“É muito significativo que a canção [Tropicália] que nomeia o movimento tenha sido uma canção com um olhar tão forte para a arquitetura e urbanismo. Essa Brasília não é a Brasília modernista do Niemeyer e do Lucio Costa, mas uma Brasília de papel crepom e prata, uma Brasília terrível onde os urubus passeiam a tarde inteira entre os girassóis, uma Brasília onde o golpe militar aconteceu e todo o sonho de emancipação modernista foi revertido. É um olhar, como diz o próprio Caetano, um olhar barroquizante, que ostenta as nossas próprias falências e com isso inverte toda a perspectiva do desenvolvimentismo, da Era JK, da própria Bossa Nova, que era progressista”, descreve.

 

O tom sebastianista de muitas das obras de Caetano, que aposta em um Brasil da generosidade, da mistura, da não violência, é, ao mesmo tempo, colocado em contraste com suas sombras. “Exatamente essa aposta que ele cultivou ao longo de toda a Tropicália e culminou no livro Verdade tropical é a aposta que está mais em xeque no Brasil de hoje, com esse destino tão canhestro, tão mesquinho, tão horroroso que o país demonstra”, pontua Wisnik. “Ele [Caetano] dizia que o mais dolorido era saber que a ditadura no Brasil não tinha se abatido sobre nós como se fosse um extraterrestre. Ao contrário, diferentemente do que seus companheiros de esquerda pensavam, a ditadura era, sim, a expressão do ser profundo do Brasil, um país extremamente violento e conservador”, complementa.

 

Guilherme Wisnik (Foto: Reprodução Youtube | FAU/USP)

Guilherme Wisnik é professor na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo - USP. Graduado e doutor em Arquitetura e Urbanismo, fez mestrado em História Social, com todas formações na USP. É autor de livros como Lucio Costa (São Paulo: Cosac Naify, 2001), Caetano Veloso (São Paulo: Publifolha, 2005), Estado crítico: à deriva nas cidades (São Paulo: Publifolha, 2009), Oscar Niemeyer (São Paulo: Folha de S. Paulo, 2013), Espaço em obra: cidade, arte, arquitetura (São Paulo: Edições Sesc SP, 2018, com Julio Mariutti) e Dentro do nevoeiro: arte, arquitetura e tecnologia contemporâneas (São Paulo: Ubu, 2018).

 

Confira a entrevista.

 

IHU On-Line – Em que sentido Caetano Veloso é, como você cita em seu livro Caetano Veloso, uma das “mais inexplicáveis personalidades brasileiras”?

Guilherme Wisnik – Essa coisa de “personalidade inexplicável” é uma brincadeira, porque o livro que publiquei estava na Coleção Folha Explica. Supõe-se que é uma coisa didática em que é possível explicar uma pessoa do princípio ao fim. Mas Caetano é uma pessoa múltipla, muito escapadiça, polimorfa, um mico-leão, um “sexo equívoco” como ele mesmo gosta de dizer. Eu não quis dar conta de, em um pequeno livro, explicá-lo e já eliminar a ilusão de que ele pudesse ser inteiramente explicado. Além disso, tem o fato de que ele se explica muito, é um dos artistas que está sempre falando, o que é visto muitas vezes como narcisismo, de modo que está sempre se referindo às suas origens, suas opiniões e àqueles que estão a sua volta. Isso conturba a ideia de uma explicação fria, distanciada, externa de um olhar crítico. E, por complemento, ele também sempre “explicou” muito à Folha, então quis fazer uma brincadeira porque ele e a Folha de São Paulo entraram em rota de colisão durante muito tempo. Ao contrário de uma explicação fechada, eu queria dizer ali que ele é uma personalidade artística que abarca muitas visões de forma aberta.

 

 

IHU On-Line – Até que ponto a obra de Caetano transcende a dimensão artística e alcança implicações políticas?

Guilherme Wisnik – Caetano sempre diz que tudo é biográfico, de certa maneira, e que não existe essa coisa da lírica como um mundo paralelo, um pouco assim como talvez faz Chico Buarque [1], que se coloca na voz feminina, como se tudo fosse uma criação. Não é o caso de Caetano, que diz “tudo sou eu”. Essa arte é sempre política em uma dimensão alargada e não exatamente partidária. Uma política do corpo. Uma política do estar no mundo quebrando tabus, quebrando consensos. Ele afirma sempre o que quer fazer e o que não quer fazer, não precisa se encaixar nos estereótipos. A implicação política sempre foi a de estar na contracorrente, de não se identificar com uma esquerda tradicional, desde 1968 com o proibido proibir, com o embate com o público estudantil e buscando uma outra forma de esquerda, que tem a ver com o Maio de 1968 [2], mais a ver com Freud [3] que com Marx [4], com as questões existenciais, comportamentais, a desidentificação com o marxismo estrito. Trata-se da invenção de um novo paradigma, porque ele e o Gil [5] acabam, em grande medida, sendo os artistas presos e exilados, mas ao mesmo tempo os alvos da esquerda que os acusava de alienados.

 

 

IHU On-Line – Como compreender a mistura entre música popular e erudita na obra de Caetano Veloso? De que maneira isso o torna um cantor e compositor difícil de ser classificado?

Guilherme Wisnik – Caetano é muito difícil de ser classificado, mas não é, exatamente, por conta de que é um erudito. Ele é um artista do popular, claramente. Ele sequer tem formação erudita, diferentemente do Tom Zé [6], por exemplo, que foi aluno do [Hans-Joachim] Koellreutter, fazendo dodecafônica, música experimental etc. Contudo, Caetano incorpora o dodecafonismo na música Doideca. Ele sempre trouxe coisas do eletrônico, desde muito cedo, na música Jasper, do LP Estrangeiro, por exemplo. Caetano sempre foi muito atento a essas questões e incorporou referências cruzadas como Gregório de Matos [7], Sousândrade [8], poetas do mundo erudito que ele acaba musicando. Com isso ele explode gêneros, pois não faz a música popular dentro dos cânones tradicionais do pop, embora ele seja um artista pop, por excelência, porque a linguagem pop é a mescla e a mistura desses gêneros todos.

 

 

 

IHU On-Line – O senhor é arquiteto de formação e professor de arquitetura. Como interpreta a canção Tropicália e como em seus aspectos descritivos e urbanísticos esta música exprime uma certa consciência política do cantor?

Guilherme Wisnik – A canção Tropicália se ambienta em Brasília, no planalto central do país. Isso, lançado em 1968, ainda antes do AI-5, mas em um momento de grande efervescência política e cultural, é muito significativo. Como também é muito significativo que a canção que nomeia o movimento tenha sido uma canção com um olhar tão forte para a arquitetura e urbanismo. Essa Brasília não é a Brasília modernista do Niemeyer [9] e do Lucio Costa [10], mas uma Brasília de papel crepom e prata, uma Brasília terrível onde os urubus passeiam a tarde inteira entre os girassóis, uma Brasília onde o golpe militar aconteceu e todo o sonho de emancipação modernista foi revertido. É um olhar, como diz o próprio Caetano, um olhar barroquizante, que ostenta as nossas próprias falências e com isso inverte toda a perspectiva do desenvolvimentismo, da Era JK, da própria Bossa Nova, que era progressista. Os movimentos da contracultura do final dos anos 1960 são heterodoxos e muito mais ligados ao pop que ao Modernismo. Como dizia Hélio Oiticica [11], uma diarreia Brasil, uma ideia de pegar o Brasil e mostrá-lo por suas vergonhas, seus aspectos terríveis, o que a geleia geral brasileira tropicalista faz de uma maneira potente e por isso se torna extremamente política.

 

 

IHU On-Line – Em que sentido a prosa poética de Caetano é, como o senhor diz em seu livro, “essencialmente antinarrativa”? O que isso significa?

Guilherme Wisnik – Talvez fosse melhor dizer uma prosa “antilinear”, de uma narrativa não linear, que é o caso do Caetano. Eu escolhi fazer aquele livro – Caetano Veloso (2005) – porque o pensamento do Caetano não é aquele teleológico, progressivo, que avança de uma forma homogênea e vai se construindo passo a passo. Não é o caso deste artista que tem idas e vindas, voltas, espirais, é muito mais barroco neste sentido.

Há canções que tratam disso, com dois cortes sincrônicos ao mesmo tempo, como Joia, por exemplo, onde na beira da praia de Copacabana “um selvagem levanta o braço, abre a mão e tira um caju, em um momento de puro amor”. Quinhentos anos depois a “menina muito contente toca a Coca-Cola na boca, um momento de puro amor”. Quer dizer, essa é a antilinearidade, como se aquilo se manifestasse independente do tempo, como em Manhattan, a estátua com a tocha na mão e a menina que morde a polpa da maçã depois. São ideias semelhantes.

 

 

IHU On-Line – De que maneira a trajetória de Caetano atualiza o sentido do Modernismo brasileiro?

Guilherme Wisnik – Bem, fica muito evidente o sentido da Antropofagia. Caetano e os tropicalistas em geral são antropofágicos, retomam Oswald de Andrade [12] na veia. Isso significa o quê? Que só interessa o que não é meu, como diz o Manifesto [Antropófago] de Oswald. Pegar as referências que vêm de fora e deglutir desde um ponto de vista próprio e devolver assimilado. Não ser nacionalista é antropofágico, mas não é como Mário de Andrade [13], pois quem recusa o nacionalismo se volta para uma miríade de referências, incorpora a guitarra elétrica do rock e quer fazer alguma coisa que seja muito brasileira, que tenha a ver com certas características nossas que estão ligadas ao samba – e no caso dos baianos ao samba de roda – e uma interpretação do país. Deste ponto de vista, Tropicália é uma canção extremamente antropofágica, Joia também. Uma outra que pode ser lembrada, nesse sentido, é Um índio que “virá numa velocidade estonteante”, “Um índio preservado em pleno corpo físico (...) Num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico/ Do objeto-sim resplandecente descerá o índio”, esse retorno no futuro de alguém exemplar do povo destruído que retorna como miragem e redenção. É uma atualização do modelo brasileiro do Modernismo, mas décadas depois.

 

 

IHU On-Line – Que Brasil é expresso no livro Verdade tropical, lançado em 1997? Qual a originalidade da interpretação de Caetano nesta obra?

Guilherme Wisnik – A grande aposta de Caetano e que está sintetizada em Verdade tropical (São Paulo: Companhia das Letras, 1997), embora não seja um livro sintético, é a ideia de que o Brasil tem uma originalidade a dar o seu recado no mundo. Mesmo em um tempo de globalização onde as diferenças culturais se nivelam, é uma aposta na grandeza brasileira – um povo mestiço. Caetano sempre teve (e ainda tem) um discurso que deve muito à importância da mestiçagem. Um povo mestiço misturado com a língua portuguesa, que não é uma língua hegemônica no mundo, com uma cultura indígena e afrodescendente importantíssima, sem renegar as matrizes europeias e que, portanto, em um país de dimensões continentais, formado desse jeito, que tem todas suas divisões internas e os problemas da desigualdade e da colonização, ele está, ao mesmo tempo, predestinado à grandeza. Essa grandeza tem a ver com generosidade, com não violência, com abertura para arte. Tem aí um componente, claramente, sebastianista que Caetano declara o tempo inteiro no livro. Há uma vocação de grandeza portuguesa mirada no Brasil, como se o sebastianismo todo apontasse para esse destino grandioso da colônia portuguesa na América. Exatamente essa aposta que ele cultivou ao longo de toda a Tropicália e culminou no livro Verdade tropical é a aposta que está mais em xeque no Brasil de hoje, com esse destino tão canhestro, tão mesquinho, tão horroroso que o país demonstra.

Por outro lado, eu gostaria de ressaltar – e é como eu abro o meu livro sobre o Caetano – no show Circuladô, em 1992, quando ele fazia 50 anos, logo antes de cantar Debaixo dos caracóis, de Roberto Carlos [14], feita para ele, que pela primeira vez falava da prisão e do exílio, ele dizia que o mais dolorido era saber que a ditadura no Brasil não tinha se abatido sobre nós como se fosse um extraterrestre, um Alien que veio do nada. Ao contrário, diferentemente do que seus companheiros de esquerda pensavam, a ditadura era, sim, a expressão do ser profundo do Brasil, um país extremamente violento e conservador. Essa percepção que ele tinha, hoje é muito reveladora e acaba colocando em dialética essa posição mais positiva da Tropicália.

 

 

Notas: 

[1] Chico Buarque [Francisco Buarque de Hollanda] (1944): músico, compositor, teatrólogo e escritor carioca. Um dos mais famosos nomes da música popular brasileira (MPB), cuja discografia tem aproximadamente 80 títulos. Ganhou fama por sua música, que comenta o estado social, econômico e cultural do Brasil. Começa a ter destaque a partir de 1966, quando lançou seu primeiro álbum, Chico Buarque de Hollanda, e venceu o Festival de Música Popular Brasileira com a música A banda. Autoexilou-se na Itália em 1969, devido ao aumento da repressão da ditadura instalada em 1964. Venceu três Prêmios Jabuti de literatura: o de melhor romance em 1992, com Estorvo, e o de Livro do Ano com Budapeste, lançado em 2004, e Leite Derramado, em 2010. (Nota da IHU On-Line)

[2] Maio de 1968: sobre o tema confira a edição 250 da Revista IHU On-Line, intitulada Maio de 1968: 40 anos depois, e a edição 521, intulada 1968, um ano múltiplo – Meio século de um tempo que desafiou diversas formas de poder. (Nota da IHU On-Line)

[3] Sigmund Freud (1856-1939): neurologista nascido em Freiberg, Tchecoslováquia. É o fundador da psicanálise. Interessou-se, inicialmente, pela histeria e, tendo como método a hipnose, estudou pessoas que apresentavam esse quadro. Mais tarde, interessado pelo inconsciente e pelas pulsões, foi influenciado por Charcot e Leibniz, abandonando a hipnose em favor da associação livre. Estes elementos tornaram-se bases da psicanálise. Desenvolveu a ideia de que as pessoas são movidas pelo inconsciente. Freud, suas teorias e o tratamento com seus pacientes foram controversos na Viena do século 19 e continuam ainda muito debatidos. A edição 179 da IHU On-Line, de 8-5-2006, dedicou-lhe o tema de capa sob o título Sigmund Freud. Mestre da suspeita. A edição 207, de 4-12-2006, tem como tema de capa Freud e a religião. A edição 16 dos Cadernos IHU em formação tem como título Quer entender a modernidade? Freud explica. (Nota da IHU On-Line)

[4] Karl Marx (1818-1883): filósofo, cientista social, economista, historiador e revolucionário alemão, um dos pensadores que exerceram maior influência sobre o pensamento social e sobre os destinos da humanidade no século 20. A edição 41 dos Cadernos IHU ideias, de autoria de Leda Maria Paulani, tem como título A (anti)filosofia de Karl Marx. Também sobre o autor, a edição número 278 da revista IHU On-Line, de 20-10-2008, é intitulada A financeirização do mundo e sua crise. Uma leitura a partir de Marx. A entrevista Marx: os homens não são o que pensam e desejam, mas o que fazem, concedida por Pedro de Alcântara Figueira, foi publicada na edição 327 da IHU On-Line, de 3-5-2010. A IHU On-Line preparou uma edição especial sobre desigualdade inspirada no livro de Thomas Piketty O Capital no Século XXI, que retoma o argumento central de O Capital, obra de Marx. A revista IHU On-Line, edição 525, intitulada Karl Marx, 200 anos - Entre o ambiente fabril e o mundo neural de redes e conexões, em celebração aos 200 anos do nascimento do pensador. (Nota da IHU On-Line)

[5] Gilberto Gil (1942): cantor, compositor, multi-instrumentista, escritor, ambientalista e empresário nascido em Salvador (BA), um dos criadores do Movimento Tropicalista nos anos 1960. Conhecido por sua inovação musical e por ser ganhador de prêmios Grammys. Recebeu do governo francês a Ordem Nacional do Mérito (1997) e da Unesco o título de "artista pela paz" (1999). Gil foi embaixador da ONU para agricultura e alimentação e ex-ministro da Cultura (2003-2008). Em mais de 50 álbuns lançados, ele incorpora a gama eclética de suas influências, incluindo rock, gêneros tipicamente brasileiros, música africana e reggae. Sua carreira musical começou em 1964, quando cursava Administração na Universidade Federal da Bahia, e participou do show Nós, Por Exemplo, ao lado de Caetano Veloso, Tom Zé, Gal Costa e Maria Bethânia, na inauguração do teatro Vila Velha, em Salvador. Em 1965, mudou-se para São Paulo. No ano seguinte, sua música Ensaio geral, interpretada por Elis Regina, ficou em 5º lugar no 2° Festival de Música Popular Brasileira (FMPB), realizado pela antiga TV Record. Em 1967, a música Domingo no parque, que cantou junto com os Mutantes, ficou em 2º lugar no 3º FMPB. Nesse mesmo ano lançou seu primeiro disco, Louvação. O 3º FMPB foi o ponto de partida para o Tropicalismo, que Gil participou junto com Caetano Veloso, Torquato Neto, Tom Zé e Rogério Duprat, entre outros. Em 1968, lançou Gilberto Gil, com 14 músicas, entre elas, Procissão e Domingo no parque. Lançou também um disco manifesto, intitulado Tropicália, do qual participaram também Caetano, Gal Costa, Os Mutantes, Tom Zé e Torquato Neto. O Movimento Tropicalista foi considerado subversivo pela ditadura militar, e Gil foi preso, junto com Caetano Veloso. Em 1969, ambos se exilaram na Inglaterra. Nesse mesmo ano, foi lançado Gilberto Gil (1969), onde se destacou a música Aquele abraço. No início de 1972, Gilberto Gil voltou ao Brasil, em seguida lançou Expresso 2222. Em 1976, junto com Caetano, Gal e Betânia, formaram o conjunto Doces Bárbaros, que rendeu um álbum e várias turnês pelo país. Em 1978, se apresentou no Festival de Montreux, na Suíça. Nesse mesmo ano ganhou o Grammy de Melhor Álbum de Word Music com Quanta Gente Veio Ver. Em 1980, lançou uma versão em português do reggae No Woman, No Cray (Não Chores Mais), sucesso de Bob Marley. Entre 1989 e 1992, foi vereador na Câmara Municipal de Salvador, pelo Partido Verde. Em 2003, foi nomeado ministro da Cultura, se desligando em janeiro de 2008, para se dedicar à carreira musical. Depois de três casamentos, o músico está casado com Flora Gil, que conheceu em 1979. (Nota da IHU On-Line)

[6] Antônio José Santana Martins - Tom Zé (1936): é um compositor, cantor, arranjador e jardineiro brasileiro. É considerado uma das figuras mais originais da música popular brasileira, tendo participado ativamente do movimento musical conhecido como Tropicália nos anos 1960 e se tornado uma voz alternativa influente no cenário musical do Brasil. (Nota da IHU On-Line)

[7] Gregório de Matos e Guerra (1636-1696): nascido em Salvador, advogado e poeta da época colonial. É considerado um dos maiores poetas barroco do Brasil e o mais importante poeta satírico da literatura em língua portuguesa no período colonial. A alcunha Boca do Inferno foi dada a Gregório por sua ousadia em criticar a Igreja Católica, muitas vezes atacando padres e freiras. Criticava também a "cidade da Bahia", ou seja, Salvador. Por tal motivo e outros, como sua poesia pornográfica, Gregório foi considerado um poeta "rebelde" que, apesar de ser um clássico, hoje ainda muitos consideram também um poeta maldito. Em 1831, o historiador Francisco Adolfo de Varnhagen publicou 39 dos seus poemas na coletânea Florilégio da Poesia Brasileira (1850, em Lisboa). Afrânio Peixoto edita a restante obra, de 1923 a 1933, em seis volumes a cargo da Academia Brasileira de Letras, reunidos nos códices existentes na Biblioteca Nacional e na Biblioteca Varnhagem, do Ministério das Relações Exteriores, exceto a parte pornográfica, publicada em 1968 por James Amado. A sua obra tinha um cunho bastante satírico e moderno para a época, além de chocar pelo teor erótico, de alguns de seus versos. (Nota da IHU On-Line)

[8] Joaquim de Sousa Andrade (1833 —1902): mais conhecido por Sousândrade, foi um escritor e poeta brasileiro. Formou-se em Letras pela Sorbonne, em Paris, onde fez também o curso de engenharia de minas. Republicano convicto e militante, transferiu-se, em 1870, para os Estados Unidos. Publicou seu primeiro livro de poesia, Harpas Selvagens, em 1857. De volta ao Maranhão, aderiu com entusiasmo à proclamação da República do Brasil em 1889. Em 1890 foi presidente da Intendência Municipal de São Luís. Realizou a reforma do ensino, fundou escolas mistas e idealizou a bandeira do Estado, garantindo que suas cores representassem todas as raças ou etnias que construíram sua história. Morreu em São Luís, abandonado, na miséria e considerado louco. Sua obra foi esquecida durante décadas. (Nota da IHU On-Line)

[9] Oscar Niemeyer (1907 – 2012): Arquiteto brasileiro. É considerado um dos nomes mais influentes na arquitetura moderna internacional. Foi pioneiro na exploração das possibilidades construtivas e plásticas do concreto armado. Em 1956, iniciou, a convite do presidente da República, JK, colaboração na construção da nova capital, cujo plano urbanístico foi confiado a Lucio Costa, arquiteto e urbanista. Em 1958, foi nomeado arquiteto-chefe da nova capital e transferiu-se para Brasília, onde permaneceu até 1960. Em 1972, abriu um escritório em Paris. Realizou também grande número de projetos no exterior, como a sede do Partido Comunista Francês, em Paris, 1967; a Universidade de Constantine, na Argélia, 1968; a sede da Editora Mondadori, em Milão, 1968. O site da Fundação Oscar Niemeyer (www.niemeyer.org.br) apresenta suas ideias, obras em arquitetura, urbanismo, mobiliário, esculturas, serigrafia, cenografia e sua bibliografia. (Nota da IHU On-Line)

[10] Lucio Costa [Lucio Marçal Ferreira Ribeiro de Lima e Costa] (1902-1998): Arquiteto brasileiro nascido em Toulon, França, mais conhecido como Lucio Costa, é considerado líder e maior doutrinador do movimento de implantação da arquitetura moderna no Brasil, consagrado como o criador do plano-piloto de Brasília. Filho de brasileiros a serviço no exterior, sendo seu pai o almirante e engenheiro naval Joaquim Ribeiro da Costa, estudou na Royal Grammar School de Newcastle, Inglaterra, e no Collége National, em Montreux, na Suíça. De volta ao Brasil, em 1917, estudou pintura e matriculou-se no curso de arquitetura da Escola Nacional de Belas-Artes e diplomou-se em 1925. (Nota da IHU On-Line)

[11] Hélio Oiticica (1937-1980): pintor, escultor, artista plástico e performático de aspirações anarquistas. É considerado por muitos um dos artistas mais revolucionários de seu tempo e sua obra experimental e inovadora é reconhecida internacionalmente. Em 1959, fundou o Grupo Neoconcreto, ao lado de artistas como Amilcar de Castro, Lygia Clark, Lygia Pape e Franz Weissmann. Na década de 1960, Hélio Oiticica criou o Parangolé, que ele chamava de "antiarte por excelência" e uma pintura viva e ambulante. O Parangolé é uma espécie de capa (ou bandeira, estandarte ou tenda) que só mostra plenamente seus tons, cores, formas, texturas, grafismos e textos (mensagens como “Incorporo a Revolta” e “Estou Possuido”), e os materiais com que é executado (tecido, borracha, tinta, papel, vidro, cola, plástico, corda, palha) a partir dos movimentos de alguém que o vista. Por isso, é considerado uma escultura móvel. Em 1965, foi expulso de uma mostra no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro por levar ao evento integrantes da Mangueira vestidos com parangolés. A experiência dos morros cariocas fazia parte da dimensão da sua obra. (Nota da IHU On-Line)

[12] Oswald de Andrade (1890-1954): poeta, romancista e dramaturgo. Nasceu em São Paulo e estudou na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Oswald, Mário de Andrade, Tarsila do Amaral e Raul Bopp foram os idealizadores do Modernismo no Brasil, na década de 1920, uma visão da país radicalmente vanguardista que rompia, pela primeira vez em termos culturais, com o colonialismo cultural vigente à época. É autor de uma vasta obra, passando por críticas literárias, autoria de peças teatrais, romances e textos teóricos. Dentre sua obra, vale destacar o Manifesto da Poesia Pau-Brasil, Manifesto Antropófago e Crise da Filosofia Messiânica, textos importantes no que concerne à originalidade do pensamento nativo brasileiro e que se colocam na crítica profunda à razão ocidental hegemonizada. Após a virada antropológica, em 1979, o autor passou ocupar um papel de destaque na Antropologia brasileira. (Nota da IHU On-Line)

[13] Mário de Andrade (1893-1945): nascido em São Paulo, poeta, romancista, musicólogo, historiador, crítico de arte e fotógrafo brasileiro. Um dos fundadores do modernismo brasileiro, praticamente criou a poesia moderna brasileira com a publicação de seu livro Paulicéia desvairada, em 1922. Foi a força motriz por trás da Semana de Arte Moderna, evento ocorrido em 1922 que reformulou a literatura e as artes visuais no Brasil. Exerceu uma influência enorme na literatura moderna brasileira e, como ensaísta e estudioso (foi um pioneiro do campo da etnomusicologia), sua notoriedade transcendeu as fronteiras do Brasil. Andrade foi a figura central do movimento de vanguarda de São Paulo por vinte anos. Seu romance Macunaíma foi publicado em 1928. (Nota da IHU On-Line)

[14] Roberto Carlos Braga (1941): cantor e compositor brasileiro, um dos primeiros ídolos jovens da cultura brasileira, liderando o primeiro grande movimento de rock feito no Brasil. Além dos discos, estrelou um programa na TV Record, chamado Jovem Guarda (que batizou esse movimento de rock), e filmes inspirados na fórmula lançada pelos Beatles - como "Roberto Carlos em Ritmo de Aventura", "Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-rosa" e "Roberto Carlos a 300km por Hora". Atualmente continua se apresentando com frequência e produz anualmente um especial que vai ao ar na semana do Natal pela Rede Globo, mesma época em que costumavam ser lançados seus discos anuais. Segundo a ABPD, o Roberto Carlos é o artista solo com mais álbuns vendidos na história do Brasil. (Nota da IHU On-Line)

 

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