24 Dezembro 2023
"O Natal deixa-nos um presente nas mãos: confia-nos um verbo para cada dia do ano. E esse verbo é 'nascer'".
O comentário é de José Tolentino Mendonça, publicado por Avvenire, 23-12-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Há uma desproporção na forma como a revelação natalícia nos é apresentada. As Escrituras contam, por exemplo, que o mal será erradicado, que o arsenal de guerra será arquivado, que cada a violência se extinguirá como cinzas e nós veremos isso. “Mas, como?”, com razão nós perguntamos.
A resposta não poderia ser mais desconcertante: “Porque uma criança nasceu por nós. Nos foi dado um filho".
Deus realmente age de forma surpreendente e paradoxal. Conta com a fragilidade como uma força, explica-nos que não se vence a violência com a violência, nem a opressão com outra opressão. É disso que devemos começar: de um recém-nascido indefeso jogado numa manjedoura. É por isso que devemos acreditar mais no potencial que tem a vida frágil, a vida nua.
Deus ilumina e relança a vida em sua condição menor, a vida mínima, a vida que apenas nasce, a vida pura, sem retoques, sem ornamentos, a vida e nada mais. O desafio está em acreditar nas possibilidades que essa vida desencadeia em nós.
O Natal deixa-nos um presente nas mãos: confia-nos um verbo para cada dia do ano. E esse verbo é “nascer”. Um evento que normalmente colocamos no início da vida e que pensamos que pode acontecer uma única vez.
Pois bem, o Natal nos entrega o verbo nascer como um programa de vida, um mapa sempre a ser completado, sempre a ser refeito. Aquela criança que o Natal celebra diz a cada um: “E agora, nasça você”.
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