Mestiçagem, identidade e liberdade. Livro de Antonio Riserio e prefácio de Roberto Mangabeira Unger

Foto: Alena Shekhoutsova de Coreles | Canva

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19 Julho 2023

"Mestiçagem, identidade e liberdade é (...) uma análise do papel da mestiçagem na formação do povo brasileiro e uma defesa do Brasil contra tentativas de falsificar nossa realidade social e racial e desorientar a nação", escreve Roberto Mangabeira Unger, ao apresentar o novo livro de Antonio RiserioMestiçagem, identidade e liberdade, a ser lançado esta semana pela Topbooks. O prefácio é publicado no Facebook de Antonio Riserio, 17-03-2023.

Antonio Risério é poeta, ensaísta e escritor. Cursou mestrado em Sociologia com especialização em Antropologia na Universidade Federal da Bahia - UFBA. É autor de, entre outras obras, A casa no Brasil (Topbooks, 2019), A cidade no Brasil (Editora 34, 2012), A utopia brasileira e os movimentos negros (Editora 34, 2007), Adorável comunista (Versal, 2002) e O poético e o político e outros escritos (Paz e Terra, 1988).

Roberto Mangabeira Unger é filósofo e teórico social brasileiro, professor da Harvard University. Foi, por duas vezes, ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República do Brasil, durante os governos Lula e Dilma.

Eis o texto.

Mestiçagem, identidade e liberdade é, ao mesmo tempo, uma análise do papel da mestiçagem na formação do povo brasileiro e uma defesa do Brasil contra tentativas de falsificar nossa realidade social e racial e desorientar a nação.

Nada de importante no Brasil e na sua história se explica sem levar em conta a mistura das raças e suas consequências para entender e enfrentar nossas injustiças. A mestiçagem tem como contrapartida cultural o sincretismo: somos o país em que tudo se mistura com tudo. Entre nós, o sincretismo é ao mesmo tempo o problema e a solução.

Separar injustiça racial de opressão de classe no Brasil jamais fará sentido e só pode resultar em políticas que acrescentam à realidade da subjugação o veneno das fantasias raciais. Nos Estados Unidos, com sua recusa da mestiçagem, essa separação entre raça e classe gerou políticas que beneficiam menos os negros que mais precisam de ajuda: os milhões de jovens negros pobres que estão no emprego precário e que enchem as cadeias americanas. A adoção dessas políticas no Brasil, numa situação completamente diversa, acrescenta o disparate e o absurdo à injustiça.

Tal qual carneiros acretinados, muitos de nossos ''progressistas" entraram na onda da política identitária que generalizou essa maneira de pensar a toda nossa vida nacional e procura impô-la aos inconformados por meio da cultura do cancelamento. A política identitária dessa pseudoesquerda abriu espaço para as guerras culturais da direita: duas maneiras simétricas de evadir os problemas reais do país e de lhe sonegar o debate a respeito de suas alternativas de instituições e de consciência.

Contra tudo isso, levanta-se a voz erudita, clara, contundente e corajosa de Antonio Risério. O autor sabe que não nos libertaremos das injustiças se não nos libertarmos também do colonialismo mental. Risério, fale pelo Brasil.

Mestiçagem, identidade e liberdade, de Antonio Risério (Topbooks, 2023)

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