17 Abril 2023
Os impactos da mudança climática na saúde não serão resolvidos sem sistemas de saúde pública fortes.
O artigo é de Maddie West e Joy Shumake-Guillemot, do comitê conjunto da Organização Meteorológica Mundial (OMM) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicado por EcoDebate, 07-04-2023. A tradução é de Henrique Cortez.
No dia 7 de abril, alusivo ao Dia Mundial da Saúde, nós buscamos examinar o papel dos sistemas universais de saúde na proteção das pessoas contra a miríade de crescentes riscos à saúde vinculados ao nosso ambiente em mudança.
Um centro de saúde comunitário fica inundado e perde energia durante uma forte tempestade e é incapaz de fornecer cuidados obstétricos essenciais e tratar os feridos que procuram ajuda. Um trabalhador agrícola sofre insolação, mas não pode receber tratamento médico que salva vidas sem acesso a seguro de saúde e atendimento ambulatorial. Um sistema nacional de saúde sobrecarregado por um surto de cólera após uma inundação encontra pouca capacidade de se concentrar em outras crises de saúde.
Esses cenários são apenas alguns exemplos da ampla gama de impactos que o setor de saúde enfrenta à medida que luta contra condições climáticas extremas, epidemias de doenças, deslocamentos, desacelerações econômicas e falhas de infraestrutura causadas pelas mudanças climáticas. Quando esses choques ocorrem, os serviços críticos podem ser prejudicados no momento em que as pessoas mais precisam deles – aumentando o risco e resultando em mais doenças e vidas perdidas.
A importância do acesso a serviços e informações de saúde como direito humano básico é universal, mas ainda estamos longe de alcançar a cobertura universal de saúde. 30% da população global ainda não consegue acessar serviços essenciais de saúde, e quase dois bilhões de pessoas enfrentam gastos catastróficos ou empobrecedores com a saúde – com impactos desproporcionais atingindo aqueles nos ambientes mais vulneráveis.
Enquanto aqueles sem cobertura universal de saúde enfrentam maiores barreiras para acessar os cuidados gerais, a prestação de serviços pode ser severamente afetada pelos riscos climáticos, mesmo em áreas onde os cuidados de saúde são avançados e acessíveis. Os sistemas universais de saúde resilientes ao clima são um requisito fundamental para alcançar proteções equitativas e significativas da saúde.
Os sistemas de saúde resilientes ao clima são capazes de antecipar, responder, enfrentar, recuperar e adaptar-se a choques e estresse relacionados ao clima, para trazer melhorias sustentadas na saúde da população, apesar de um clima instável.
O projeto e a manutenção da infraestrutura de saúde pública podem ser a estratégia mais importante, econômica e urgentemente necessária para que os sistemas de saúde se adaptem às mudanças climáticas. A infraestrutura projetada para reduzir a vulnerabilidade permite que os sistemas de saúde operem como pretendido quando confrontados com choques e estressores climáticos agudos e crônicos. Isso inclui infraestrutura de saúde (como sistemas de controle de enchentes, ar condicionado, geradores, etc.) – bem como a infraestrutura pública que dá suporte a sistemas de saúde e comunidades saudáveis (como sistemas de água e saneamento, laboratórios, vias de acesso etc.).
A cobertura universal de saúde é uma escolha política e social, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) está pedindo uma forte liderança política e apoio público para #HealthForAll.
O Escritório Conjunto para Clima e Saúde da OMM e OMS apoia os apelos da OMS para a Cobertura Universal de Saúde como um passo fundamental para proteger todas as populações dos piores impactos das mudanças climáticas.
Do lado dos serviços climáticos, a OMM está liderando o esforço para garantir que todos na Terra sejam protegidos por alertas precoces nos próximos 5 anos – o que significa que todos os sistemas de saúde terão tempo suficiente para se preparar para perigos iminentes – por meio de sua iniciativa Early Warnings for All.
O fortalecimento dos sistemas de saúde, incluindo as unidades de saúde, é uma parte fundamental do planejamento da adaptação à saúde e deve ser incluído no Plano Nacional de Adaptação à Saúde de cada país. Ao mesmo tempo, ações para mitigar e se adaptar às mudanças climáticas são urgentemente necessárias para diminuir a carga relacionada ao clima nos sistemas de saúde.
Além de construir sistemas de saúde resilientes ao clima, devemos aproveitar todas as oportunidades para reduzir as emissões climáticas do setor de saúde, tanto para colocar os sistemas de saúde em um caminho de desenvolvimento inteligente quanto para alinhar o setor com as metas climáticas globais.
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Mudança climática desafia os sistemas de saúde pública - Instituto Humanitas Unisinos - IHU