09 Março 2023
O premier em saída Li Keqiang: é necessário "guiar ativamente as religiões para se adaptarem à sociedade socialista". Em Henan, os crentes precisam preencher um formulário online para missas, orações em mesquitas ou ritos em templos budistas. São 11 representantes católicos na nova (e inútil) Conferência política consultiva do povo chinês.
A reportagem é de Li Qiang, publicada por AsiaNews, 08-03-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
"A política básica do Partido [comunista] sobre a atividades religiosas foi implementada e a 'sinicização' das religiões foi levada adiante gradualmente". Esta é a passagem chave sobre a política religiosa do PCC, contida no relatório sobre as atividades do governo apresentado por Li Keqiang na abertura da sessão anual da Assembleia Nacional do Povo (ANP).
No seu discurso de 5 de março, o primeiro-ministro em saída destacou que é necessário “orientar ativamente as religiões para se adaptarem à sociedade socialista”. As autoridades de Henan estão seguindo a ordem com grande zelo. Como relata o China Christian Daily, os crentes de todos os credos são obrigados a se registrar para poder participar de serviços religiosos: isso se aplica a igrejas, mesquitas e templos budistas.
Os crentes em Henan devem preencher um formulário disponível no aplicativo "Religião Inteligente", desenvolvido pela Comissão Provincial de Assuntos Étnicos e Religiosos. A compilação requer a indicação de dados como nome, número de telefone, carteira de identidade, residência permanente, profissão e data de nascimento. À entrada dos locais sagrados, os fiéis também são obrigados a medir a temperatura, sinal de que algumas restrições de prevenção à pandemia ainda estão em vigor após as reaberturas em dezembro.
A sinicização coincide, portanto, com o registro e o controle da população: em Henan a perseguição aos cristãos é muito dura, visto que eles representam cerca de 4% da população, uma porcentagem maior do que no resto do país. Deve ser lembrado que há quase dois anos a polícia local detém ilegalmente (sem qualquer condenação ou acusação) D. Giuseppe Zhang Weizhu, bispo de Xinxiang.
Diante do clima de opressão contra as religiões, fica cada vez mais evidente a inutilidade dos órgãos estatais que deveriam representar os interesses da sociedade civil chinesa. Principalmente, a Conferência Política Consultiva do Povo Chinês (CPCPC), entidade que, juntamente com a bem mais importante ANP, é chamada a formalizar as decisões já tomadas pelo presidente Xi Jinping e pela direção do Partido.
Formada por 2.172 delegados, a CPCPC reúne-se hoje em conjunto com a ANP para as "duas sessões" (Lianghui), em que serão oficializadas as nomeações para a direção do país para o terceiro mandato de Xi.
São 11 representantes católicos na CPCPC; apenas três fazem parte do grupo dos vice-presidentes: D. Shen Bin, bispo de Haimen (Jiangsu) e chefe do Conselho dos Bispos Chineses, entidade não reconhecida pela Santa Sé e vinculada ao PCC; o arcebispo de Pequim, D. José Li Shan, presidente da Associação Patriótica dos Católicos Chineses, outra entidade representativa do regime; D. Fang Xinyao, bispo de Linyi (Shandong).
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
‘Duas sessões’: Pequim ‘siniciza’ as religiões (obrigando os fiéis a se registrarem para os ofícios) - Instituto Humanitas Unisinos - IHU