08 Março 2023
O minúsculo território britânico a sudeste das Bahamas, as Ilhas Turcas e Caicos, no Caribe, registrou a mais alta taxa de homicídio em 2022, proporcional ao seu número de habitantes. Embora o número de homicídios tenha sido de apenas 35 casos, proporcional à população de pouco mais de 45 mil habitantes representa uma taxa de 77,6 casos por 100 mil habitantes. O dado foi divulgado pelo balanço realizado pelo portal InSight Crime.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
As elevadas taxas de homicídio verificadas no ano passado nas regiões do Caribe e da América do Sul estão relacionadas, na maioria dos casos, ao tráfico de drogas, contrabando de armamento, e uso de armas. É o caso da Jamaica, com 2,8 milhões de habitantes, segundo país mais violento na região no ano passado, com o registro de 1.498 assassinatos, uma taxa de 52,9 por 100 mil habitantes.
O tráfico de armas de pequeno porte, procedentes dos Estados Unidos, é intenso na Jamaica. O problema é tão grave que o governo pediu apoio das Nações Unidas para combatê-lo.
No balanço divulgado por Insight Crime, outro país minúsculo aparece em terceiro entre os mais violentos: Santa Lúcia, no Caribe, próximo à Martinica e Barbados. Seu nome foi dado por Cristóvão Colombo, que por lá esteve em 1502. Foram 76 assassinatos no ano passado, para uma população de 180 mil pessoas, o que representa 42,3 casos por 100 mil. O país insular é rota do tráfico para os Estados Unidos.
Segundo o Observatório Venezuelano de Violência (OVV), a Venezuela teve 9.376 mortes violentas, uma média de 26 por dia e, proporcionalmente, 40,4 casos por cem mil. Os Estados de Aragua e Miranda contam com as bangues mais violentas do país, que se dedicam a sequestros e extorsões. Do total de óbitos, 13% cabem na cota da polícia. Também foram registradas 1.370 denúncias de desaparecimentos em 2022.
O comércio de cocaína é apontado como fator de grande violência na ilha de São Vicente e Granadinas, país que tem 104 mil moradores, e uma taxa de homicídios de 40,3 casos para cada cem mil habitantes.
Depois desses cinco países que lideram o ranking de homicídios em relação ao número de habitantes, seguem, na relação da Insight Crime, Trinidad e Tobago, com 1,5 milhão de habitantes e uma proporção de 39,4 casos por cem mil; Honduras, 10,2 milhões de habitantes e 35,8 homicídios por cem mil; Bahamas, 32 casos por cem mil para uma população de 407 mil habitantes; Colômbia, com 51,5 milhões de moradores, apresenta uma taxa de 26,1 homicídios por cem mil.
O Equador apresentou pelo segundo ano consecutivo o mais rápido crescimento - 86% - nas taxas de homicídio dentre os países sul-americanos e caribenhos. Los Choneros e Los Lobos, duas quadrilhas, disputam o tráfico das drogas procedentes da Colômbia. O país, com uma população de 17,7 milhões de habitantes, tem uma taxa de 25,9 homicídios por cem mil. Depois vem o México, com 85 homicídios diários, uma proporção de 25,2 por cem mil para uma população de 126,7 milhões de pessoas. Belice, com uma população de 400 mil pessoas, apresenta uma taxa de 25 homicídios por cem mil.
Na ordem das maiores para as menores taxas de homicídios por cada grupo de 100 mil pessoas, o Brasil aparece em 13º lugar. Tem uma população de 214,3 milhões de pessoas e registrou 30,1 mil assassinatos, o que significa uma proporção de 18,8 casos por 100 mil habitantes. A Bahia aparece como o Estado que mais teve homicídios, e Rondônia registrou um aumento de 29% nos casos de assassinatos, o que se deve à guerra entre o PCC, do Rio, e o Comando Vermelho pelo controle do narcotráfico.
A circulação de armas de fogo é o maior problema enfrentado pelas autoridades policiais de Porto Rico, com uma população de 3,2 milhões de habitantes e uma taxa de 17,4 homicídios por cem mil. Na Guatemala, essa taxa é de 17,3 casos por 100 mil para uma população de 17,1 milhões de habitantes.
Para uma população de 281 mil habitantes, Barbados teve uma taxa de 15,3 casos por cem mil. Dos 43 homicídios registrados no ano passado, mais de 75% foram cometidos por armas de fogo, instrumento mortal de fácil aquisição no país. A Guiana contabilizou 122 homicídios no período, o que resultou numa taxa de 15,1 casos por 100 mil, para uma população de 804 mil pessoas. Armas de fogo ingressam de maneira irregular no país procedentes do Brasil e dos Estados Unidos.
A seguir aparece a Costa Rica, com uma população de 5,1 milhões de pessoas e uma taxa de 12,2 por 100 mil habitantes. Foram 53 homicídios, mas não estão computados os casos de eutanásia e negligência profissional, que deveriam estar incluídas na estatística oficial do país.
A República Dominicana, com 11,1 milhões de habitantes, teve uma taxa de 11,9 casos por cem mil; segue-se o Panamá, com 4,3 milhões de habitantes e uma taxa de 11,5 casos por cem mil. As 501 mortes violentas registradas em 2022 representaram uma diminuição de 8,9% em relação ao ano anterior.
Para uma população de 3,4 milhões de pessoas, o Uruguai registrou 383 homicídios em 2022, o que representa uma taxa de 11,2 casos por cem mil; o Paraguai, com 6,7 milhões de habitantes, teve 489 homicídios de janeiro a novembro de 2022, o que resulta numa proporção de 8 casos por cem mil. Segundo Insight Crime, à frente dos assassinatos seletivos está a guerra entre o Primeiro Comando da Capital, do Brasil, e a Clan Rotela, que disputam o território do corredor do narcotráfico na fronteira do Brasil com o Paraguai. Também contribui para o índice de violência o fato de armas do exército acabarem nas mãos de organizações criminais.
Os homicídios caíram em Salvador ,de 1.147 casos em 2021 para 495 no ano passado. O país, com 6,3 milhões de habitantes, registrou uma taxa de 7,8 casos para cada 100 mil habitantes. O Suriname, com 612,9 mil habitantes, teve uma taxa de 7,7 casos por 100 mil habitantes.
O Chile teve uma taxa de 4,6 casos por cem mil, para uma população de 19,4 milhões de habitantes. A taxa é baixa, mas os homicídios cresceram em 2022 comparados ao ano anterior: passaram de 726 para 960! O narcofráfico se expande no país e máfias controlam o roubo de cobre e de madeira, o que tem aumentado as taxas de homicídio.
A Nicarágua, do ditador Ortega, não divulgou dados confiáveis, segundo o Insight Crime, que mesmo assim apresentou o país, de 6,8 milhões de habitantes, com uma taxa de 6,7 casos por cem mil. Os dados referentes ao Haiti são do escritório das Nações Unidas no país, que registrou 2.183 casos em 2022, com um aumento de 35,2% em relação ao ano anterior.
Peru, Argentina e Bolívia ainda não tinham divulgado dados sobre a criminalidade no país quando Insight Crime elaborou o seu quadro estatístico.
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Criminalidade aumenta na América do Sul e no Caribe - Instituto Humanitas Unisinos - IHU