24 Janeiro 2023
"Como ironicamente sugeria o citado Oscar Wilde, 'todo mundo é capaz de dar respostas; mas é preciso ser um gênio para fazer as verdadeiras perguntas'", escreve Gianfranco Ravasi, em artigo publicado por Il Sole 24 Ore, 22-01-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
A estupidez das pessoas vem de terem uma resposta para tudo. A sabedoria dos novos vem de ter uma pergunta para tudo.
Era 1984 e uma obra era campeã de vendas nas livrarias, A Insustentável Leveza do Ser, do escritor Milan Kundera. Muitos anos depois, retomo-o e encontro a afirmação que propus e que é essencialmente um elogio à pergunta. Claro, perguntas estúpidas ou inúteis muitas vezes ecoam no ar; mas em nossos dias, especialmente nas vias informáticas, imperam as respostas tanto mais assertivas e desdenhosas quanto mais falsas e enganosas. A Picasso é atribuída esta frase radical pronunciado na era em que tal instrumento começava a se afirmar: “Os computadores são inúteis. Só sabem te dar respostas”.
É claro que, como ironicamente sugeria o citado Oscar Wilde, “todo mundo é capaz de dar respostas; mas é preciso ser um gênio para fazer as verdadeiras perguntas”. E esse é o problema: o questionamento autêntico que faz a ciência progredir, a pesquisa aberta à aquisição, o olhar que atravessa a realidade e a existência sem se contentar com a superfície óbvia, são exercícios que já exigem um conhecimento de base. Por isso a ars interrogandi não se adapta ao borbulhar das ideias vãs, mas brota do solo fértil e arado do estudo e de um conhecimento prévio. E, como avisava São Paulo, “Examinai tudo. Retende o kal? (belo/bom)” (1 Tessalonicenses 5,21), enquanto a poetisa polonesa Wislawa Szymborska concluía: “Peço desculpa às grandes perguntas pelas pequenas respostas”, que normalmente nós todos damos.
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#perguntas e respostas. Artigo de Gianfranco Ravasi - Instituto Humanitas Unisinos - IHU