19 Dezembro 2022
Campanha #ProtejaAsÁrvoresGigantes alerta para que o governo do Pará fiscalize e monitore a Floresta Estadual do Paru, no Norte do Estado.
A reportagem é de Day Nascimento, publicada por O Mundo Que Queremos e republicada por EcoDebate, 16-12-2022.
Nesta quinta-feira (15/12), entidades do terceiro setor e setor privado uniram-se para pedir que o governo do Pará proteja a Floresta Estadual (Flota) do Paru, um santuário de árvores gigantes, que fica no Norte do Estado. É nessa Flota que está a maior árvore da América Latina e a quarta maior do mundo: um angelim-vermelho com o tamanho equivalente a um prédio de 30 andares e idade entre 400 e 600 anos.
Estão engajados na campanha #ProtejaAsÁrvoresGigantes o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Instituto O Mundo Que Queremos, Instituto Centro de Vida (ICV), Engajamundo, Fundação Amazônia Sustentável (FAS), FSC Brasil (Forest Stewardship Council, em português: Conselho de Manejo Florestal), a Rede Nacional Pró-Unidades de Conservação (Rede Pró-UC), os projetos Amazônia 2030, Saúde e Alegria e a iniciativa Seja Legal com a Amazônia. Por meio de mobilização online, cada instituição está trazendo o assunto à tona nas redes sociais para que o maior número possível de pessoas conheça a Flota do Paru, um patrimônio natural dos brasileiros que está ameaçado.
(Foto: divulgação)
O grandioso angelim-vermelho tem 88,5 metros de altura e 9,9 metros de circunferência. Para chegar até ele são necessários 15 dias percorrendo cerca de 400 quilômetros de rios cheios de corredeiras e mais 40 quilômetros a pé pela mata densa. Mas, nem assim o angelim-vermelho está a salvo da escalada do desmatamento. A Flota foi a quinta unidade de conservação mais desmatada de toda a Amazônia em outubro, dado mais recente levantado pelo Imazon.
Comparação de tamanho entre o Argelim-vermelho e o Cristo Redentor, ponto turístico do Rio de Janeiro. (Foto: divulgação)
Criado em 2006, o território tem 3,6 milhões de hectares e faz parte do maior bloco de áreas protegidas do mundo. Além disso, a Flota do Paru é a terceira maior unidade de conservação de uso sustentável em uma floresta tropical no planeta. Próximo ao angelim-vermelho, com quase 90 metros de altura, outras árvores de 70 a 80 metros foram localizadas. E, somado a essas gigantes, há muitos rios, cachoeiras, montanhas, savanas e uma grande diversidade de paisagens no local.
A Flota do Paru também é uma área importante para conter as mudanças climáticas e para a preservação da biodiversidade amazônica. Está repleta de espécies da flora e da fauna que só existem nessa região, chamadas de “espécies endêmicas”. Ou seja: com o aumento da derrubada da floresta, elas podem entrar em extinção. “É uma região de formações geológicas recentes e com diversidade de solo, por isso concentra várias espécies diferentes ”, afirma Jakeline Pereira, pesquisadora do Imazon e conselheira dessa unidade de conservação.
Além disso, o desmatamento que avança no território coloca em risco atividades econômicas como o ecoturismo, o manejo florestal e o extrativismo, esse último importantíssimo para a geração de renda dos povos e comunidades tradicionais da região. Atualmente, cerca de 300 pessoas vivem do uso sustentável da castanha-do-Pará coletada na floresta.
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Nos últimos anos, atividades criminosas como a grilagem e o garimpo aumentaram na Amazônia e estão alcançando a floresta das árvores gigantes. Um levantamento conduzido pelo Imazon identificou 99 Cadastros Ambientais Rurais (CARs) dentro da Flota do Paru, o que indica que essas áreas provavelmente estão sendo alvo de grileiros. “São quase 100 terrenos que foram empossados ilegalmente dentro de terras públicas protegidas”, afirma Pereira.
A preservação do grande angelim-vermelho e de toda a Flota do Paru depende do governo do Pará, que detém a gestão da área. “As árvores gigantes e a Flota do Paru são um patrimônio dos brasileiros. O governo estadual precisa cancelar de imediato os Cadastros Ambientais Rurais que estão dentro da unidade, fiscalizar e autuar a prática de atividades ilícitas que ocorrem na área de conservação”, afirma Jakeline.
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Organizações pedem proteção a santuário de árvores gigantes na Amazônia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU