A missa no frio pela Ucrânia

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14 Setembro 2022

 

Uma proposta simbólica e concreta de solidariedade com a Ucrânia: desligar o aquecimento das igrejas neste inverno. Um sacrifício também em nome da paz.

 

O comentário é de Roberto Beretta, publicado por Vino Nuovo, 13-09-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.

 

Cilícios, flagelos, jejum, abstinência... Quantas propostas o catálogo de sacrifícios do catolicismo dos séculos passados soube apresentar aos fiéis, com garantias de benefícios espirituais e expiação dos pecados! Então, por que não propor hoje uma mais atual, ao mesmo tempo em sintonia com a tragédia da guerra na Ucrânia (e a consequente crise do gás) e com a emergência ambiental também pelo consumo excessivo de energias não renováveis?

 

Eis a proposta: neste inverno ir à igreja com o casaco.

 

Simples, simbólico e benéfico: para as nossas contas (paroquiais e nacionais) e para a ecologia. Desligar o aquecimento de santuários e basílicas, tão vastos e tantas vezes subutilizados devido ao declínio dos fiéis, e celebrar a missa festiva no frio. Como, aliás, por séculos e séculos foi feito por gerações de fiéis antes de nós, quando certamente os invernos eram mais frios e não havia edredons tipo Antártida; vocês podem imaginar frades e monges rezando ao amanhecer em coros românicos enregelados e talvez até descalços? Para nós seria suficiente nos agasalharmos um pouco melhor.

 

Por favor, não escantear a proposta como "provocativa": a forma usual e muito católica de passar por cima de qualquer ideia. Não, o nosso é um pedido muito prático e de fácil execução, que teria inclusive uma série de implicações mais do que positivas: além de contribuir para os sacrifícios exigidos da nação para responder às chantagens de Putin, e talvez enviar um pouco menos de CO2 para o céu, efetivamente, obter-se-ia uma poupança considerável para os cofres paroquiais (onde o aquecimento pesa bastante, e vai fazê-lo ainda mais este inverno), dar-se-ia um bom exemplo de participação cívica e social, até seria feito – por que não? – um sacrifício físico com benefícios espirituais de acordo com o ensinamento tradicional da Igreja. Por outro lado, as desvantagens seriam bem poucas: uma hora de frio por semana para os fiéis saudáveis e talvez a impossibilidade de estar presentes para os mais idosos ou doentes – para os quais, no entanto, mesmo em tempos normais, é aconselhável seguir os ritos na televisão.

 

Também são possíveis alternativas parciais, menos radicais, mas também menos eficazes e menos simbólicas. Por exemplo, o relançamento das transmissões da missa em streaming, como abundantemente feito durante a covid (uma proposta, no entanto, criticada por impedir uma verdadeira participação física). Ou limitar-se a acender os aquecedores apenas nas horas indispensáveis à liturgia (mas um paliativo que não produz conforto nem poupa muito) ou, ainda, reduzir o número de celebrações, ou seja, juntá-las entre paróquias vizinhas: o que teria a benefício colateral de criar mais assembleia. Por fim, poder-se-ia decidir celebrar em locais bem menores, como as capelas que muitas igrejas agora têm ao lado do salão principal.

 

Muitas variantes, mas no final a proposta permanece: ir à missa no frio. Um sinal de solidariedade com a Ucrânia, uma resposta à chantagem das ditaduras, um sacrifício pela paz, uma contribuição para a salvaguarda do planeta.

 

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