Guarani Kaiowá clamam por justiça durante enterro de indígena assassinado no MS

Acordo com o fazendeiro que ocupa a área permitiu que Vitor fosse enterrado próximo de onde foi morto, conforme tradição Guarani Kaiowá. (Foto: Povos Guarani Kaiowa | Sul 21)

29 Junho 2022

 

Crime ocorreu durante ação da PM no território Guapoy, reivindicado pelos indígenas da região.

 

A reportagem é publicada por Sul 21, 27-06-2022.

 

Cerca de duas mil pessoas acompanharam, nesta segunda-feira (27), o enterro de Vitor Guarani Kaiowá, de 42 anos, indígena assassinado pela Polícia Militar do Mato Grosso do Sul, no território Guapoy, em Amambai, no último sábado (24).

 

Graças a um acordo entre a Defensoria Pública da União (DPU) e o Ministério Público Federal (MPF) com o fazendeiro que ocupa atualmente a área da retomada dos Guarani Kaiowá, a vítima pode ser enterrada próxima da cerca que delimita o território, conforme a tradição dos Guarani Kaiowá.

 

“Desde que o corpo foi liberado, fizeram um velório e mantiveram o corpo, demandando o direito de enterrar sobre o território. E isso é uma questão importante para os povos Guarani Kaiowá. Eles fazem essa ligação: de onde tomba o guerreiro com a questão espiritual de estar plantado sobre a terra tradicional”, afirmou um dos representantes do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) que, por segurança, tem sua identidade preservada.

 

 

O acordo entre a Defensoria Pública da União (DPU) e o Ministério Público Federal (MPF) com o fazendeiro também visou evitar um novo episódio de violência policial, além de permitir que amigos e parentes de Vitor possam visitar o túmulo.

 

Caso Guapoy


Vitor Guarani Kaiowá foi morto durante ação de fazendeiros da região e policiais militares ao tentar expulsar os indígenas do território de Guapoy, em Amambai (MS), mesmo sem ordem judicial para reintegração de posse. Segundo relatos dos indígenas, policiais militares dispararam tiros de borracha e de arma de fogo, causando ferimentos em ao menos nove pessoas e a morte de Vitor.

 

A comunidade denuncia ainda ser alvo de uma série de preconceitos e acusações que não encontra respaldo na realidade dos fatos.

 

A reserva de Amambai é a segunda maior do estado do Mato Grosso do Sul em termos populacionais, com quase 10 mil indígenas. Para os Guarani Kaiowá, Guapoy é parte de um território tradicional que lhes foi roubado devido a subtração de parte da reserva de Amambai.

 

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