27 Abril 2022
O dia 28 de abril é a Jornada Mundial pela Saúde e a Segurança no Trabalho, pela reivindicação de segurança e saúde dos trabalhadores e trabalhadoras como um direito humano fundamental. Lamentavelmente é uma jornada que passa quase desapercebida, assim como a terrível realidade que denúncia.
A reportagem é publicada por Hermandad Obrera de Acción Católica – HOAC, 26-04-2022. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Um dos maiores atentados contra as vidas das pessoas do nosso mundo foram normalizados e vividos com uma enorme indiferença social: as más condições de trabalho matam milhões de trabalhadores e trabalhadoras em acidentes e doenças laborais. A HOAC, movimento dos trabalhadores e trabalhadoras cristãs, agradecem pela nota “Em defesa da vida e do trabalho digno”, emitida pela Pastoral do Trabalho da Conferência Episcopal Espanhola, e queremos chamar a atenção sobre esta dramática e terrível realidade.
Os dados são mais que eloquentes: a cada ano, no mundo todo, 2 milhões de pessoas morrem por acidentes e doenças laborais, uma a cada dez segundos. Muitas outras sofrem lesões graves ou doenças que atingem profundamente suas vidas e de suas famílias. Na Espanha, em 2021, produziram-se um milhão de acidentes de trabalho, 4.572 destes foram graves, e morreram 705 trabalhadores e trabalhadoras apenas por acidentes de trabalho, uma média de duas mortes a cada dia. Não são apenas números, são pessoas e famílias que as más condições de trabalho destroçaram e roubaram suas vidas. Muitas outras se veem afetadas por doenças do trabalho que também as condicionam por toda vida.
Sem hesitar, é preciso dizer que se trata de um escândalo intolerável, que não é uma fatalidade, algo inevitável. A maioria desses acidentes, doenças e mortes são perfeitamente evitáveis. Eles não ocorreriam se a vida das pessoas no trabalho fosse cuidada, se as condições de trabalho fossem dignas, se todas as medidas de prevenção fossem tomadas, se a responsabilidade de proteger o que é mais importante, a saúde e a vida das pessoas
As condições de trabalho precárias, os ritmos de trabalho insuportáveis, as longas jornadas, a falta de aplicação de medidas de prevenção adequadas, a falta de formação de segurança suficiente..., em suma, a falta de condições de trabalho dignas, são causas de acidentes e doenças. Mas, basicamente, há a sujeição do trabalho à lógica da lucratividade, à obtenção dos maiores benefícios possíveis à custa dos trabalhadores, até mesmo à custa de sua saúde, de suas vidas.
Temos que acabar com essa situação. Para isso, é fundamental avançar em condições de trabalho dignas para todas as pessoas. Todos os avanços na melhoria das condições de trabalho e na aplicação de todas as medidas de prevenção são essenciais e precisamos continuar caminhando nessa direção. As empresas (principalmente responsáveis pela saúde e segurança ocupacional) e os governos (responsáveis por regular as condições de trabalho decentes e cumprir rigorosamente a legislação de saúde e segurança ocupacional) têm uma séria responsabilidade a esse respeito. Houve algum progresso nesse sentido, mas ainda temos um longo caminho a percorrer.
Mas também temos uma grande responsabilidade com a sociedade como um todo. Principalmente em não normalizar essa situação, em não ficar indiferente diante de tantas mortes, lesões, doenças evitáveis. Responsável por ser muito mais exigente na proteção da saúde e segurança no trabalho. O trabalho desenvolvido neste sentido pelos sindicatos e diversas organizações de familiares de vítimas de acidentes e doenças profissionais é muito importante e merece todo o reconhecimento e apoio social. O papel do diálogo social entre empregadores, sindicatos e governos também é essencial e requer um novo impulso para enfrentar de forma decisiva este grave problema social.
Como sociedade precisamos crescer muito em assumir como nossa a defesa da vida no trabalho. O trabalho é para toda a vida e, por isso, as condições de trabalho dignas e as medidas de prevenção no local de trabalho são uma exigência ética incontornável e uma prioridade absoluta, acima de qualquer rentabilidade.
Como aponta o Papa Francisco, o cuidado é essencial para que o trabalho seja digno, começando em primeiro lugar pelo cuidado dos trabalhadores. Chega de mortes no trabalho! Este é um compromisso social incontornável.
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A cada dez segundos, uma pessoa morre no mundo por acidentes e doenças laborais - Instituto Humanitas Unisinos - IHU