Impor a sinodalidade

Foto: Synod 2021-2023

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24 Janeiro 2022

 

Os bispos italianos entendem do assunto. Quando em 2017 o Papa lhes pediu para eleger seu presidente pela primeira vez na história, a Conferência Episcopal italiana hesitou, protelou, desacelerou. O primaz da Itália teve que forçar para que os sucessores dos apóstolos se apropriassem colegialmente do poder que ele estava cedendo. A Igreja Católica, como se sabe, não é uma democracia.

 

O comentário é de Iacopo Scaramuzzi, publicado por Gazzetta Santa MartaJesus, revista italiana, janeiro de 2022. A tradução é de Luisa Rabolini.

 

E Jorge Mario Bergoglio, que nunca perde a oportunidade de tecer elogios à democracia e alertar para os riscos que ela corre, governa mais como um soberano. Mas não como um qualquer: o rei da França que em 1814 se despojou de algumas de suas prerrogativas ao conceder uma constituição, a "constituição octroyée". É possível ficar surpresos com algumas das iniciativas do Papa argentino se não se entende essa tensão. Ao revogar a liberalização do missal antigo decidida por Bento XVI, age tipo império, sim, para evitar, porém, que se difunda “uma recusa crescente não só à reforma litúrgica, mas ao Concílio Vaticano II” que, como se sabe, valorizou o "povo de Deus" engastando nele também o papado.

Quando modifica no curso dos trabalhos as normas penais do tribunal vaticano, exerce arbitrariamente o poder legislativo e executivo sobre o judiciário, verdade... Com o resultado, porém, de uma jurisdição mais equilibrada, onde um cardeal pode ser processado por juízes ordinários, os magistrados têm maior autonomia e, paradoxalmente, o Papa menos poder. Quando ele inicia um percurso sinodal, ele o impõe, sim: com uma "synodalité octroyée", porém, que obriga os episcopados relutantes a não esconder debates e conflitos já difundidos entre o "povo de Deus".

 

 

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