14 Janeiro 2022
"Quer ir para Minas, / Minas não há mais. / José, e agora?" escrevem José R. da Silva e Luiz Paixão em paráfrase do poema "E agora, José?", de Carlos Drummond de Andrade.
Eis o poema.
E agora, José?
Mais uma vez,
a lama jorrou...
Caos e terror
a mineradora causou.
A montanha chorou,
e a noite esfriou.
A rodovia parou...
Marianas, Brumadinhos...
e agora, José?
e agora, você?
Quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Depois dos portugueses,
vieram os ingleses,
após os ingleses,
outros tantos ianques...
Saqueiam e roubam,
Destroem e assassinam... impunes,
bichos, rios e gente!!!
No ocre dos Verdes Gerais...
As serras sangram.
Se você gritasse,
se você gemesse,
SE VOCÊ CONJURASSE
se você cumprisse
dos "Inconfidentes" o lema
Eis aqui a infame e secular fatura
das riquezas roubadas;
As cicatrizes encravadas
no triste horizonte,
maximizam os superlucros
que soterram a nação...
A dor da terra
chora lama, destruição,
e clama, clama, clama,
LIBERDADE!!!
Os Barbacenas de hoje,
perduram servis,
acobertam e fomentam,
os mais hediondos crimes
nessa triste e ainda colônia
terra chamada Brasil.
E você marcha, José!
José, para onde?
"LIBERDADE AINDA QUE TARDIA"!!!
Belo Horizonte, 9 de janeiro/2022
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Relembrando Drummond: “E agora, José?” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU