12 Novembro 2021
Com a COP26 em andamento em Glasgow, a crise do clima é destaque no mundo. Confira alguns fatos que explicam as alterações que o planeta vem sofrendo há décadas.
A reportagem é de Gianna-Carina Grün, Rodrigo Menegat Schuinski e Michel Penke, publicada por Deutsche Welle Brasil, 06-11-2021.
Líderes mundiais se encontram até o dia 12 de novembro em Glasgow, na Escócia, para discutir causas e efeitos das mudanças climáticas. Cinco perguntas e 11 gráficos mostram como o planeta se transformou nos últimos tempos.
Governos de todo o mundo têm se comprometido a tornar suas economias neutras em carbono em um período de dez a 30 anos. Se, por um lado, as emissões estão mais estáveis na Europa e nas Américas, elas vêm aumentando na Ásia e na África. O gráfico a seguir indica o quanto seria necessário mudar na economia para alcançar a neutralidade em carbono.
(Gráficos: DW)
As emissões absolutas, no entanto, contam apenas uma parte da história. Com um crescimento exponencial da população em muitos países asiáticos, o número de consumidores também tem aumentado.
Se analisadas as emissões per capita de CO2, portanto, o quadro é muito diferente. Esse conceito, que faz uma média entre emissões e número de habitantes, coloca em evidência países ocidentais como os Estados Unidos e a Austrália, além de Rússia, Arábia Saudita, Omã, Catar e Mongólia.
Em um debate a respeito de quem deve contribuir mais para a redução de emissões, especialistas argumentam que nem todos os países podem ser considerados igualmente responsáveis, já que o poder econômico e a riqueza deveriam ser levados em conta.
Se as nações forem agrupadas por renda (veja abaixo), há uma conexão entre níveis salariais mais altos e emissões per capita mais elevadas. Isso também revela como os países dentro de cada grupo são variados e que, quanto maior a renda, maior é o destaque entre todo o espectro de emissões.
Países com altos salários e grandes taxas de emissões de gases, como o Catar, emitem muito mais CO2 per capita do que países como Alemanha e França, mesmo que estejam no mesmo nível de renda salarial.
E embora países como Índia e China não figurem entre os líderes de emissões per capita, suas políticas têm um grande impacto, dado suas altas densidades populacionais.
Se analisada a correlação entre o potencial econômico e as emissões de CO2, não surpreende que o setor industrial seja responsável pela maior fatia (35%) dos gases de efeito estufa – incluindo metano e óxido nitroso – liberados na atmosfera.
Com 20%, a agricultura, o desmatamento e as mudanças no solo respondem conjuntamente pelo segundo lugar na emissão de gases de efeito estufa.
Nas últimas duas décadas, o montante anual de áreas verdes devastadas cresceu gradualmente. Rússia, Brasil e Estados Unidos lideraram esse quesito em 2020.
Em comparação à década entre 1990 e 2000, no entanto, a taxa de desmatamento diminuiu.
O desmatamento é problemático não apenas porque o CO2 que antes era armazenado no solo e nas árvores agora é liberado na atmosfera, mas também porque florestas e solos absorvem o CO2. E, por isso, são importantes na luta contra a mudança climática.
As emissões de CO2 provenientes da queima de combustíveis fósseis têm aumentado desde o início da industrialização. Entretanto, como níveis mais altos de dióxido de carbono foram produzidos, a Terra absorveu esses gases em "reservatórios naturais de carbono", a exemplo de florestas e oceanos.
Uma vez que a humanidade começou a produzir mais CO2 e outros gases de efeito estufa do que o ecossistema da Terra poderia absorver, mais dessas emissões ficaram retidas na atmosfera (área vermelha no gráfico abaixo).
O crescente volume de partículas de CO2 retém o calor da luz solar na atmosfera, agindo como uma estufa, na qual se aquece cada vez mais. Em comparação com o século 20 – e os últimos cinco anos em particular – a temperatura média global aumentou em quase 1 °C.
A mudança na temperatura é medida por meio dos números observados e registrados em um tempo e local específicos e a média histórica desse mesmo local. O aumento de 1 °C na temperatura é a média global dessas variações. Em nível local, a diferença pode ser muito maior.
Um exemplo mais concreto: de 1991 a 2020, a temperatura média de agosto na cidade de Portland, no noroeste dos Estados Unidos, foi de cerca de 20 °C. Com o aquecimento global, Portland tem dias mais quentes. Em 13 de agosto, por exemplo, a média diária atingiu 30 °C, considerada muito alta para a região.
Na mesma semana, temperaturas incomuns também foram registradas em países como Espanha, Tunísia, Rússia, Índia, Camboja, Austrália e Argentina.
Os aumentos de temperatura levam a efeitos potencialmente abrangentes: desde áreas de calor insuportável a perdas de colheitas, até eventos como tempestades e enchentes. Entre os impactos mais perceptíveis está a elevação do nível do mar, resultante do derretimento de geleiras que aumentam a quantidade total de água nos oceanos.
Conforme dados compilados pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), agência de pesquisa climática do governo dos Estados Unidos, o nível dos oceanos subiu em torno de 25 centímetros nos últimos 140 anos. Cerca de um terço desse aumento ocorreu apenas nos últimos 15 anos.
O aumento no nível dos oceanos tem ocorrido em todo o mundo, mas é mais acentuado no Ártico, que está aquecendo mais rapidamente do que outras regiões.
A propriedade térmica da água, que permite sua expansão quando mais quente, também está contribuindo para a elevação do nível do mar.
Como de costume, há uma ressalva para os números absolutos. Enquanto a maioria dos oceanos e mares estão em seus mais altos níveis históricos, algumas áreas são mais afetadas do que outras.
No oeste do Canadá e no norte do Chile, observa-se uma maior estabilidade ou mesmo um retrocesso (queda no nível da maré). Já países insulares no sul dos oceanos Pacífico e Índico testemunham aumentos alarmantes, o que pode levá-los a desaparecer sob as ondas.
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As mudanças climáticas em 11 gráficos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU